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segunda-feira, 13 de abril de 2020

Redação Internacional: O Brasil nas machetes do mundo na semana de 05/04 a 12/04 de 2020









Na semana em que o Brasil ultrapassou o número de mil mortes pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez desrespeitou o isolamento social e contrariou o ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta a ponto de quase demiti-lo. Abraham Weintraub foi mais uma dor de cabeça nos sintomas que acometem o país. O ministro da educação culpabilizou a China pela pandemia e a acusou de se beneficiar economicamente da conjuntura. Weintraub ainda ridicularizou o sotaque dos chineses que falam português, trocando os “R” pelos “L”, como o personagem Cebolinha da Turma da Mônica.  A imprensa internacional, quando não noticiando novos casos e complicações da pandemia, pauta a outra crise instaurada no Brasil: a política.



          A revista inglesa The Economist estampou Bolsonaro de joelhos diante da bandeira brasileira mergulhando a cabeça numa representação do vírus. A edição traz uma lista de atitudes presidenciais contra as recomendações das autoridades de saúde e chega a cogitar “insanidade”. O tom do Economist é bastante forte quando compara Bolsonaro à “déspotas” da Bielorrúsia, Turcomenistão e Nicarágua, também negacionistas da pandemia. Quando ignora o isolamento social, Bolsonaro se isola politicamente e isto pode ser o “começo de seu fim”, finaliza a revista inglesa.




          Ainda no Reino Unido, o The Guardian repercutiu a primeira confirmação de morte pelo covid-19 de um índio ianomâmi, de 15 anos, no Brasil. A reportagem lembra que os indígenas vêm sendo contaminados por doenças trazidas pelo homem branco desde o século XVI e que o coronavírus tem o potencial de dizimá-los. O contágio se deve ao avanço da mineração ilegal realizada em áreas de reserva indígena, atividade estimulada pelo governo Bolsonaro.



          Atravessando o Canal da Mancha, a imprensa francesa agrupou Jair Bolsonaro ao premiê húngaro Viktor Orbán e ao presidente estadunidense Donald Trump como “líderes populistas”, que em seus “esteriótipos” conseguem inventar “teorias da consipiração” para “negar a realidade”. Le Parisien cita que tanto Bolsonaro quanto Trump vão tentar a reeleição e que pensam mais em atribuir o colapso das economias aos adversários do que em salvar vidas de seus próprios eleitores. 





          Público, jornal português, traz entrevista com o governador do estado do Rio de Janeiro Wilson Witzel (PSC) em que o ex-juiz trata Bolsonaro como alguém passível de responder ao Tribunal Penal Internacional (TPI) por desrespeitar as normas da Organização Mundial da Saúde. Witzel defende que o presidente "tem-se oposto à posição assumida pela esmagadora maioria dos países no combate à pandemia” e que as responsabilidades políticas da crise serão de Bolsonaro. O governador também levantou suspeita, para o periódico, sobre sanidade mental do presidente da república, mas diz não ser psiquiatra ou psicólogo. Público lembra que Witzel e Bolsonaro eram aliados na campanha de 2018, embora agora já sejam considerados rivais dentro da direita brasileira para 2022.




          O vizinho La Nación foi outro veículo internacional a destacar a falta de responsabilidade do presidente brasileiro que saiu pelo comércio brasiliense "gerando aglomerações”. O jornal argentino foi o que mais deu destaque aos rumores desta semana de que o ministro da saúde Luiz Henrique Mandetta poderia ser demitido por Bolsonaro. La Nación destaca que o bom trabalho do sanitarista o rendeu grande popularidade, o que fez com que o governo desse “marcha ré” na demissão do chefe da pasta de saúde.






          O desrespeito do ministro da educação Abraham Weintraub para com o povo chinês foi pouco noticiado nas manchetes internacionais fora do Brasil e da própria China. O Xinhua trata o incidente como “um episódio desagradável” de declarações “absurdas e desprezíveis” e de “conotação racista” que causaram influências negativas no desenvolvimento saudável das relações bilaterais entre China e Brasil. Repudiando fortemente Weintraub, é interessante perceber que a manchete da notícia é bastante otimista e que a falta de educação ministerial é tratada somente no meio da reportagem.





          A mídia norte-americana continua empregando suas notícias sobre a América Latina muito mais nas questões venezuelanas, equatorianas e nicaraguenses que brasileiras. Ainda assim, o Financial Times teve tempo de pincelar a crise brasileira. Aqui, a pandemia é agravada pelas brigas políticas entre órgãos da saúde e a família Bolsonaro, cujo patriarca é chamado de “líder populista” por ignorar as recomendações de enfrentamento ao vírus, por procurar intrigas com o parlamento e com seu ministro da saúde.

          Longe do pico da doença e ainda com menos casos do covid-19 que Itália, Espanha, Estados Unidos e China, as manchetes internacionais mostram que a epidemia de ignorância ainda é a mais preocupante no Brasil.



Referências:

https://www.economist.com/the-americas/2020/04/11/jair-bolsonaro-isolates-himself-in-the-wrong-way












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