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segunda-feira, 20 de abril de 2020

Médicos Sem Fronteiras e a luta transfronteiriça contra o COVID-19


Médicos Sem Fronteiras reconhece casos de abusos sexuais em 2017



Por Maria Letícia Cornassini


A recente pandemia do COVID-19 vem se alastrando pelo mundo nestes últimos meses e, por conta dela, obviamente, aumentaram-se as barreiras de segurança impostas por cada país. Em especial, muitos países optaram pelo fechamento e fronteiras, sejam elas aéreas, terrestres ou marítimas. Mas, se por um lado o fechamento destas fronteiras serve como medida para retardar a disseminação do vírus, por outro, jogou um holofote para os problemas que vinham acontecendo às margens dos Estados. O que faz um migrante que ficou preso entre fronteiras, como acontece no México? Ou o que acontece com os refugiados da guerra na Síria? Como essa parcela da população mundial consegue adotar medidas e cuidados para o combate do vírus, quando há barreiras fronteiriças impostas a eles? 

     Nestas situações, a organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF), em uma atuação quase que solitária, figura como ente de combate ao COVID-19 e tenta lidar com os efeitos da pandemia em comunidades carentes, acampamentos de refugiados e zonas de guerra. A organização Médicos Sem Fronteiras teve sua origem em 1971, com o intuito de prestar assistência médica e humanitária àqueles afetados por conflitos armados, desastres naturais, epidemias e desnutrição. Ainda, a organização francesa recebe 96% de seu orçamento de forma independente, através de doações, e já conta com mais de 45 mil profissionais, espalhados pelo mundo inteiro. Tem como missão, além do auxílio médico humanitário, trazer visibilidade às situações de vulnerabilidade e dificuldade com que se deparam, e que muitas vezes são negligenciadas pela comunidade internacional. 

        Durante a crise imposta pelo COVID-19, o MSF vem atuado através de prioridades que são estabelecidas frente aos diferentes contextos. Em alguns países, a atuação da organização é no sentido de reforçar e proteger os profissionais de saúde da região, além dar continuidade ao combate de doenças que já alastravam os territórios, como por exemplo a malária e o sarampo. Já, em países que já estão lidando com a pandemia de forma mais intensa, a organização aponta que seus esforços são voltados a evitar que se sobrecarreguem os sistemas de saúde. Vale lembrar que, por conta do fechamento das fronteiras, muitos dos profissionais que compõem a organização não conseguem viajar aos países mais afetados para prestar auxílio.

       Através de suas redes sociais, o MSF reporta as atividades sendo feitas mundialmente para controlar a pandemia e prestar auxílio aos mais necessitados. Na Tanzânia, em especial em Nduta, onde a organização é o único serviço de prestação de assistência médica, estão sendo construídas áreas para triagem e isolamento de casos suspeitos. Na Itália, o foco da atuação é frente as parcelas de risco da população, principalmente os idosos –aqui, vale lembrar que o governo italiano chegou a optar por não prestar atendimento critico a pacientes com mais de 80 anos- através do atendimento em casas de repouso e lares de idosos. Na fronteira do México com os Estados Unidos, solicitantes de asilo que vivem em abrigos também dependem dos serviços médicos da organização. Na Espanha, o MSF montou hospitais de campanha para aliviar o sistema de saúde espanhol e na França, atua oferecendo assistência a migrantes e moradores de rua. 

     O MSF traz um enfoque especial ao contexto da pandemia na Guerra da Síria. Isto porque, muitas das medidas de proteção recomendadas não são cabíveis na situação vivida nos acampamentos de refugiados. Sobre a Síria, a organização faz um adendo referente ao sistema de saúde. Por muitos hospitais terem sido afetados nos conflitos armados, o atendimento médico torna-se ainda mais difícil. 

    Em realidade, a pandemia do Coronavírus alastrou o mundo de forma que não se poderia imaginar. Sistemas de saúde de Estados na lista de mais desenvolvidos do mundo não foram capazes de aguentar a demanda imposta pelo vírus. Nestes momentos, esquecemo-nos de parcelas da população mundial que, em situação normal, já passam por crises humanitárias que exigem esforços globais. E é principalmente nestes momentos que o Médicos Sem Fronteira continua fazendo jus à sua máxima, de ação médica acima de tudo, e leva assistência médica às comunidades e parcelas e necessidade, até mesmo quando seus Estados não conseguem. 
    De fato, a organização põe em prática o nome sob qual foi fundado, e transcende fronteiras no combate à pandemia, sempre no intuito de abraçar o mundo. 



Referências:
https://www.msf.org.br/nossa-historia
https://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2020/03/17/interna_internacional,1129623/coronavirus-na-italia-vitimas-acima-de-80-anos-serao-deixadas-morrer.shtml

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