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terça-feira, 21 de abril de 2020

Redação Internacional: O Brasil nas machetes do mundo na semana de 12/04 a 19/04 de 2020


                                     


Por Fernando Yazbek

A primeira morte por covid-19 no território nacional se deu no final de janeiro, mas só foi registrada oficialmente no dia 17 de março. Passado um mês do primeiro  dado de óbito, o Brasil já registra mais de duas mil e trezentas mortes, sendo o décimo primeiro país com maior número de mortos pelo novo coronavírus. A semana, que foi marcada pelo marco inédito de 200 mortes em média por dia, também foi marcada por incertezas e instabilidades políticas. Na quinta-feira (16), se concretizaram os rumores da demissão do ministro da saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM), que vinham sussurrando nos bastidores há dias. A sucessão ministerial balançou entre Claudio Lottenberg, do Hospital Israelita Albert Einsten, e o oncologista Nelson Teich, próximo ao secretário de comunicação Fábio Wajngarten e do empresário Meyer Nigri, ambos judeus que aproximaram o presidente Jair Bolsonaro da comunidade judaica, como apontou a revista Veja.
            Nelson Teich assumiu a pasta, diferentemente de Mandetta, com afinamento total com as ideias do presidente de se acabar com o isolamento social o mais rápido possível. O novo ministro, embora possa ter facilidades no trato político-ideológico com o governo, vai enfrentar um desafio difícil de ser enfrentado com o negacionismo. 
                                   
Maior agência de notícias do mundo, a Reuters manchetou estudo de que Brasil pode estar com número de casos da pandemia doze vezes maior do que os divulgados pelas autoridades. A reportagem indica que apenas 8% dos casos podem estar sendo contabilizados e que há uma dificuldade em se fazer testes em massa pelo tamanho territorial do país. Os britânicos ressaltam que a pandemia reinstalou tensão política no Brasil, principalmente entre a “extrema direita” que subjuga o vírus e as autoridades sanitárias que “urgem por medidas mais drásticas”.
                                   
                                 
            El País subiu o tom nas críticas ao governo brasileiro. Não é a primeira vez que a mídia espanhola alerta sobre as atitudes de Bolsonaro, mas nunca antes fora chamado de “patético”. A matéria ainda destaca que um eventual fracasso de um líder como este pode “incendiar o mundo”. O jornal espanhol demonstra certa incredulidade quando noticia a demissão do ministro Mandetta no meio da pandemia e faz uma profunda análise dos atores políticos - militares, evangélicos e familiares - no Palácio do Planalto. O ex-ministro da saúde, para o El País, desfruta de grande popularidade por simplesmente apelar à ciência e ao isolamento social, ao contrário de seu chefe. 
                               
                                        
   Mesmo com os acalorados adjetivos do jornal El País, nenhum outro foi tão contundentemente contrário ao governo brasileiro quando o norte-americano The Washigton Post. Quando coloca vidas em risco por desprezar dos potenciais destrutivos do covid-19, o chefe de estado se torna o pior mandatário do mundo. O presidente da república ainda foi chamado de “populista de direita” e voltou a ser comparado com “déspotas” da Nicarágua, Turcomenistão e Bielorússia. O editorial pediu para que Donald Trump telefonasse para seu aliado político e o pedisse cautela.

      O inglês The Guardian foi na mesma linha do El País, mas destacou que Bolsonaro deu apenas um "discurso rápido” após demitir o ministro da saúde durante a crise sanitária. O jornal também destacou os “panelaços” por todo o país pela permanência de Mandetta.

    Le Figaro, na França, e Clarín, na Argentina, reproduziram que a demissão do ministro já era esperada. De Buenos Aires se alerta, porém, que a dança das cadeiras “envolve riscos”, já que o Brasil sobe na curva de casos e de mortes. Nelson Teich, substituto de Mandetta, é mais abordado pela mídia parisiense, que o coloca como cotado ao ministério antes mesmo da eleição de 2018.
                                  
                                 
                                  
Mas nem tudo o que se leu sobre o Brasil na mídia internacional neste últimos dias foi sobre a tragédia política e sanitária. A The Economisttratou de outro drama conhecido - e amado - pelos brasileiros: as novelas. A revista lembra que nem mesmo a ditadura militar brasileira interrompeu a rotina de 6 episódios semanais nas telinhas brasileiras. Durante a Copa do Mundo e as Olimpíadas do Rio, as atrações esportivas também tiveram que dividir a atenção dos telespectadores que não perdiam a trama de “Amor à Vida” em 2014 e de “Verdades Secretas” em 2016. Para se ter uma ideia da dimensão da pandemia que enfrentamos, somente o coronavírus fez com que a Rede Globo, principal canal brasileiro de televisão, mandasse para casa seus nove mil funcionários envolvidos nas produções e reprisasse novelas antigas. 
                                 




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