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sexta-feira, 13 de dezembro de 2019
Estamos de férias, voltamos em breve! =)
A equipe do Blog Internacionalize-se desfrutará de merecidas férias neste final de ano. Retornaremos em fevereiro, com novos textos e novos projetos para te deixar por dentro dos mais importantes assuntos das Relações Internacionais e do UNICURITIBA.
Desejamos um Natal incrível e um Ano Novo muito especial para todos!
Até breve.
terça-feira, 10 de dezembro de 2019
Podcast Hora do Intervalo: América Latina em Ebulição
Tem novidade no ar!!!
Os Blogs Internacionalize-se e Unicuritiba Fala Direito se uniram para produzir conteúdo em um novo formato: juntos, criaram o Podcast "Hora do Intervalo". São 20 minutinhos de áudio - perfeito para você ouvir durante o intervalo das aulas - em que nossos alunos e professores comentam temas atuais das Relações Internacionais e do Direito.
O primeiro episódio comenta os recentes acontecimentos políticos na América Latina. Quem conduz o debate é o acadêmico de Direito Felipe Ribeiro. No estúdio, participaram também a acadêmica de Relações Internacionais Ligia Penia e a Professora de Direito e de Relações Internacionais, Michele Hastreiter.
Os professores de Relações Internacionais e Direito Andrew Traumman, Carlos Magno Vasconcelos e Eduardo Teixeira de Carvalho Jr. também participaram, respondendo a perguntas sobre as eleições na Argentina, os Protestos no Chile e a situação política da Bolívia.
Não perca! Para acessar o podcast no Soundcloud, clique aqui.
Você também poderá encontrar o podcast no Canal do UNICURITIBA no Spotify.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2019
Opinião: A DINÂMICA CHINESA NA ÁFRICA E OS DESAFIOS PARA O BRASIL
onte: PER-ANDERS PETTERSSON/GETTY IMAGES apud “EXPRESSO”1
Zhou
Enlai, o primeiro-ministro da República Popular da China de 1949 a 1976, definiu
na década de 50 os cinco princípios que deveriam ser seguidos para uma efetiva
relação interestatal: respeito mútuo a integridade territorial e soberania, não
agressão, não interferência em negócios internos, benefícios mútuos e igualdade,
além da coexistência pacífica (MENEZES, Gustavo Rocha de; 2013, p. 42). Deng Xiaoping, líder supremo da China de 1978 a 1992,
influenciado pelos princípios de Zhou
Enlai, fez com que o país crescesse de forma acelerada nos âmbitos tecnológico,
político e cultural, sendo que neste período, o mercado chinês se abria cada
vez mais ao mundo, dada a necessidade visível de novas possibilidades, seja
para alcançar mais recursos, aumentar a produção, como também para atingir um
mercado maior para exportar. A nova possibilidade é a África: um continente
inteiro recém-independente na maioria dos países, rico em matérias-primas e mão
de obra braçal, acrescido de um potencial mercado consumidor de aproximadamente
1,316 bilhão de pessoas (WORLDOMETERS; 2019. Disponível em: <https://www.worldometers.info/world-population/africa-population/>).
Os
investimentos da China na África ganhavam força no final dos anos 90, mas foi
em 2000 que a cooperação foi formalizada com a criação do Fórum de Cooperação
China-África (FOCAC), em resposta aos Estados Unidos que no mesmo período também
enxergou tais possibilidades no continente africano. A partir do
estabelecimento do FOCAC, estas investidas, sejam em empréstimos concessionais,
doações, alívio de dívida, em contratos com empresas chinesas, assim como outros,
seriam estabelecidos ou aumentados significativamente, impactando o Brasil, que
mantém um grande contato comercial com o continente africano, em especial com
os países lusófonos.
Identificando
a estrutura da dinâmica chinesa na África, é possível determinar os desafios do
Brasil na disputa de influência no continente, considerando também as relações
sino-brasileiras. Para atingir tais objetivos, analisou-se o histórico das
relações internacionais dos dois países, juntamente com suas características
sociopolíticas da segunda metade do século XX, do começo do século XXI e dos
períodos mais recentes.
HISTÓRICO SOCIOPOLÍTICO DA ÁFRICA
Conforme os países africanos se tornavam independentes,
em especial na década de 60, a desordem interna fez com que tardassem no
desenvolvimento industrial, mas também na administração pública em geral, já
que os governos falhavam ao investir pouco no ensino superior e não criando um
ambiente propício ao aumento do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Estes
fatores trazem até a atualidade a necessidade de investimentos externos, uma
vez que a África tem os recursos naturais suficientes para torná-la muito rica,
mas não tem as “ferramentas” para sua manipulação. A China, portadora do capital necessário, levou
aproximadamente 203 mil trabalhadores chineses até o final de 2017 ao continente
africano (SAIS CHINA AFRICA RESEARCH INITIATIVE (SAIS-CARI); 2017. Disponível
em: <http://www.sais-cari.org/data-chinese-workers-in-africa>). Angola,
África do Sul, Congo e República Democrática do Congo, representavam 67% de
todo o continente em 2017, dos países
que exportavam para a China, em especial o petróleo, algodão e fosfatos. No
mesmo ano, a África do Sul, Nigéria, Egito e Argélia, representavam 48% dos importadores africanos de produtos
chineses, principalmente maquinários, eletrônicos e automóveis (OBSERVATORY OF
ECONOMIC COMPLEXITY (OEC); 2017. Disponível em: <https://oec.world/en/profile/country/chn/>).
AS
RELAÇÕES BRASIL-ÁFRICA E BRASIL-CHINA
Desde
os anos 70, o Brasil desenvolve relações mais próximas com a África, pelo que
ficou conhecido por atlantismo, ou seja, pela facilidade logística que o oceano
Atlântico Sul proporciona para a exportação de alimentos e maquinários ao
continente, assim como para a exploração de petróleo, mineração em geral e
construção cívica nestes países. A
partir do governo Lula, foram estabelecidas amplas integrações em programas
sociais - como o programa Fome Zero-, culturais e educacionais para
qualificar/especializar a mão de obra local e, semelhante a China, o Brasil ofereceu
aos países africanos 80% de perdão das dívidas (Agência Senado; 2016.
Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/09/13/cae-aprova-perdao-de-dividas-de-paises-africanos>).
O Soft Power brasileiro, sendo mais atrativo pela amplitude cultural, foi
essencial para criar um cenário positivo de cooperação.
Aproximadamente
quatro anos após o estabelecimento do Fórum de Cooperação China-África (FOCAC),
foi criada a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação
(COSBAN), por onde, em 2012, as relações sino-brasileiras começaram a ser
tratadas como uma “Parceria Estratégica Global” (ITAMARATY; 2019. Disponível
em:
<http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ficha-pais/4926-republica-popular-da-china>),
uma vez que os dois países tinham assuntos para tratar em suas reuniões sobre
mercados de interesse comum, em especial a África, momento em que firmaram também
o Plano Decenal de Cooperação (2012-2021) pelo qual, entre outras tratativas,
discorrem sobre cooperações tecnológicas.
CONCLUSÕES
A
China encontra-se na situação de país semiperiférico e, portanto, pendendo entre
o centro e a periferia, sendo constatada a sua busca em sobressair na
influência internacional a partir de arranjos abrangentes e em longo prazo, com
iniciativas econômicas, geopolíticas e de Soft Power, focando no investimento
em setores estratégicos de países periféricos - como a maioria da África -,
tais como: área financeira, de
infraestrutura e de mineração. Entretanto, a partir existência de demais
países na mesma situação de semiperiferia e também longe da imagem de
ex-colonizador, é criada uma nova esfera de disputas por predominância que
coloca o Brasil - assim como, por exemplo, os demais países do BRICS, com potencialidades
político-econômicas - a intentarem a “ascensão pacífica” - termo chinês cunhado
em 2003, posteriormente mudado para “desenvolvimento pacífico” para adequar-se
a ideia de cooperação ao invés de dominação (MENEZES, Gustavo Rocha de; 2013,
p. 46).
As relações do Brasil com a África são mais voláteis, em
detrimento a China, pela semelhança cultural e por conta dos variados
investimentos sociais feitos pelo país em território africano. Tendo potencial estratosférico de influência no continente, o
país deve ater-se a este fato, aumentando a promoção destinada a empresas brasileiras,
por intermédio de orgãos como a Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de
Exportações e Investimentos), para que investimentos privados sejam
estabelecidos na África, acrescidos aos investimentos diretos e aportes de
capitais do Estado, e também promovendo o intercâmbio/transferência de
profissionais qualificados para desenvolver estes negócios nacionais na África,
medida esta que poderia significar um impacto positivo para amenizar o
desemprego especializado a profissionais com ensino superior, até mesmo mestres
e doutores, que sobram no Brasil e que faltam na África.
Além disso, verificou-se a necessidade do Brasil
estreitar a boa relação diplomática com a China para amenização de possíveis
disputas bilaterais e desenvolver iniciativas multifacetárias para além da
exportação de commodities, criando mais debates voltados a troca tecnológica,
uma vez que é a tecnologia a responsável por agregar valor ao produtos
nacionais para exportação. O êxito das relações sino-brasileiras, dependerá
também do país afastar-se da influência de possíveis sanções retaliadas da
disputa entre China e Estados Unidos, mantendo-se neutro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1.
Expresso. PARTIDO COMUNISTA DA CHINA:
ÁFRICA MINHA. 2017. Disponível em: https://expresso.pt/internacional/2017-11-26-Partido-Comunista-da-China-Africa-minha
Agência Espacial Brasileira. PLANO DECENAL DE COOPERAÇÃOO ENTRE O GOVERNO DA REPUBLICA FEDERATIVA DO
BRASIL E O GOVERNO DA REPUBLICA POPULAR DA CHINA. 2012. Disponível em: http://www.aeb.gov.br/wp-content/uploads/2018/01/AcordoChina2012.pdf
Agência
Senado. CAE aprova perdão de dívidas de
países africanos. 2016. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2016/09/13/cae-aprova-perdao-de-dividas-de-paises-africanos
ITAMARATY.
REPÚBLICA POPULAR DA CHINA. 2019.
Disponível em:
http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/ficha-pais/4926-republica-popular-da-china
MENEZES,
Gustavo Rocha de. As novas relações
sino-africanas: desenvolvimento e implicações para o Brasil. 1º edição.
Brasília: FUNAG. 2013
NAÇÕES
UNIDAS BRASIL. Brasil e ONU divulgam
iniciativas de cooperação que levaram o Fome Zero para a África. 2016.
Disponível em: https://nacoesunidas.org/brasil-e-onu-divulgam-iniciativas-de-cooperacao-que-levaram-o-fome-zero-para-a-africa/
OBSERVATORY OF ECONOMIC COMPLEXITY (OEC). China. 2017. Disponível em: https://oec.world/en/profile/country/chn/
SAIS CHINA AFRICA RESEARCH INITIATIVE (SAIS-CARI). DATA: CHINESE WORKERS IN AFRICA. 2017. Disponível em: http://www.sais-cari.org/data-chinese-workers-in-africa
SPEKTOR, Matias. NEDAL, Dani. O que a China quer?. 1º edição. Rio de Janeiro: Editora FGV. 2010.
WORLDOMETERS. Africa
Population (LIVE). 2019. Disponível em: https://www.worldometers.info/world-population/africa-population/
terça-feira, 26 de novembro de 2019
Me indica um filme: Sob a névoa da Guerra
Onze lições são comentadas
no documentário ‘Sob a névoa da guerra”, e quem as discute é a controversa
figura de Robert S. McNamara. Secretário de Defesa do governo dos Estados
Unidos entre os anos de 1961 e 1968, sob as administrações de John F. Kennedy e
Lyndon Johnson, McNamara foi profundamente envolvido na
Guerra no Vietnã, tendo sido descrito como seu “arquiteto”. O documentário
relembra a vida, as conquistas e derrotas de McNamara, retomando fatos sobre a
segunda guerra mundial, mas especialmente sobre a guerra no Vietnã. Enquanto
aos, então, 85 anos de idade, McNmara reflete, no documentário, sobre suas
ações - e as ações de seu país - durante os conflitos por ele vivenciados, e,
em meio a esta análise, é introduzido estas 11 “lições”, e algumas serão
analisadas neste trabalho.
A primeira lição declara “Tenha empatia com seu inimigo”; e
a segunda “Racionalidade não nos salvará”, sendo estas
mais exploradas aqui devido sua relação com as ideias de Thomas Schelling sobre
o Realismo Estratégico.
A primeira lição dita por McNamara foi pormenorizada pela
sentença: “Devemos nos colocar na pele deles, e olhar para nós com os olhos
deles, para entender a ideia por trás das decisões e dos atos”. McNamara propõe
estas conclusões após anos de observação frente as estratégias, as quais ele
foi partícipe, durante as guerras. Ao voltar esta dedução aos olhos do Realismo
estratégico de Thomas Schelling, é possível assimilar sua compatibilidade.
Schelling foi um economista norte americano, era também professor de política
externa e estrategista, discutindo sobre a problemática nuclear, sendo muito
influenciado pelo seu contexto de vivência, a Guerra Fria.
Entre os estudos de Schelling, este discorre sobre diplomacia/barganha.
O que seria uma diplomacia que pode vir a ter uma aspecto de “suja” – podendo
se fazer pela ameaça e coerção - na qual não se trate sobre o ideal para as
duas partes, mas sim o melhor para ambas. Para ter este poder de barganha, o
autor afirma que é preciso conhecer o seu adversário, o que ele aprecia e o que
o assusta. A conclusão de McNamara sobre, de fato, a importância do
conhecimento do interesse do outro, para que o Estado realize esta diplomacia,
é exemplificada com o sucesso do conhecimento que Thompson tinha sobre
Krushchev na crise do mísseis. Por outro lado, o antigo secretário de defesa
afirma que, durante a Guerra no Vietnã, os americanos não conheciam os
Vietnamitas o suficiente para se colocar na pele deles e compreender suas
verdadeiras intenções, gerando mal-entendidos que, possivelmente, estenderam a
guerra e trouxeram malefícios para ambas nações.
Sob outra perspectiva, frente a crise dos mísseis em Cuba,
analisa-se a segunda lição proposta por McNamara: “A racionalidade não nos
salvará”. Nesta perspectiva, o Americano discorre sobre como, em realidade, foi
sorte que preveniu uma guerra nuclear. Mesmo tendo líderes racionais, que
possuíam a consciência que um conflito com ogivas nucleares causaria destruição
total de suas sociedades, no contexto de extrema pressão e antagonismo
competitivo, a experiência de um conflito não foi prevenido exclusivamente pela
racionalidade daqueles que tinham poder de decisão. O realismo estratégico de
Schelling não coaduna com esta conclusão de McNamara.
Thomas Scehlling, ao destacar a importância da tomada de
decisões na política externa, ensina que as funções diplomáticas tem de ser
efetivadas por meio de atividades racionais e instrumentais – estratégia.
McNamara afirma a valia da diplomacia feita para evitar a crise dos mísseis,
mas conclui que, em realidade, foi a sorte que preveniu um destino que teria
sido desastroso para todos. Esta visão está em desacordo com o que conclui-se
de Schelling, mas também com a maioria da Teoria Realista das Relações
Internacionais, que dispõe sobre o âmago da intenção Estatal é o interesse
próprio, o qual deveria ser baseado em uma racionalidade, que pressuporia um
cálculo de vantagens e custos. O custo da aniquilação de sociedades não foi
considerado quando a racionalidade – quase – não preveniu uma guerra nuclear.
Ademais,
entre outras lições de McNamara que intentamos destacar nesta analise está o terceiro
ponto, “existe algo além você mesmo”. Nações possuem seus próprios interesses -
e neste momento do documentário McNamara cita as visões militares
Norte-americanas, que não consideravam perspectivas de outros Estados. Como
exemplo, entre estes interesses nacionais estariam, como um dos casos
apresentado no documentário, os EUA invadir o Vietnã e entrar em guerra, isso
iria se concretizar, mesmo que a atendando contra a soberania do outro, ou atingindo
a população, logo que, como citado por Edward Carr (autor de Relações
Internacionais que debate o Idealismo moderno), onde não há uma anarquia
internacional atuando acima da soberania dos Estados, o que os guia é a busca
pelo poder.
Por fim, vale brevemente citar as demais lições descritas
por Robert McNamara. O quarto ponto “maximize a eficiência”, e o quinto, “proporcionalidade
dever ser uma orientação da guerra”, McNamara nos remete aos bombardeios,
durante a segunda guerra mundial, dos EUA as ilhas japonesas. Pela desnecessária morte de pessoas, tanto civis quanto
militares atacando, é importante equilibrar o desejo de eficiência com as necessidades e objetivos. McNamara sugere que os
danos causados em uma guerra devem ser proporcionais aos objetivos de cada um,
a proporcionalidade é um conceito crítico.
No sexto ponto, “obtenha os dados”, fica explícito que para
tomar boas decisões, não podemos simplesmente depender da racionalidade ou de
nossos dons intelectuais. McNamara afirma que, para tomar boas decisões, é necessário obter dados. Afirmando isso, o
sétimo argumento, “acreditar e ver, os dois podem falhar”. O incidente do Golfo
de Tonkin, apresentado no documentário, em que, os EUA foram para a guerra
fundamentado em informações errôneas, deixa claro que é imprescindível um
estudo cauteloso sobre o caso.
O oitavo ponto, “esteja preparado para reanalisar seu
pensamento”, surge em complemento ao anterior, alegando que cometemos erros, e
consequentemente temos que estar preparados para reanalisar o nosso raciocínio.
Não podemos considerar os princípios morais de um Estado princípios universais,
pois essa atitude instigaria novos conflitos. Continuamente, “Para fazer o bem,
você pode ter que se envolver com o mal”, o nono ponto nos mostra que, McNamara
sabia a crueldade que circunda violência, e não nega a existência de crueldade
em um contexto de Guerra. Impõe a pergunta, “quanto mal tem de ser feito para
que possa ser feito o bem?”. Reconhece ser este um posicionamento extremamente
difícil ao ser humanos, e afirma que a violência deveria ser levada ao seu grau
mínimo.
O décimo argumento, “nunca diga nunca”,
relata que, a névoa da guerra,
combinada com a imprevisibilidade humana, pode criar resultados ou apresentar
oportunidades que ninguém poderia prever. Se esta lição é útil na guerra, é
ainda mais útil para preveni-la. Durante a crise dos mísseis de Cuba, a maior
parte do gabinete, incluindo o próprio Presidente Kennedy, não acreditava que a
União Soviética removeria seus mísseis sem o uso da força militar. Thompson
discordou e, Kennedy confiou em seu julgamento. Como resultado, as
superpotências evitaram a guerra nuclear. Seria sábio recordar que a melhor
maneira de ganhar uma guerra é evitá-la, buscando uma solução diplomática.
Por fim, a décima primeira lição, “você não pode mudar a
natureza humana”, exprime o pensamento de que, os Estados são guiados pelo
darwinismo político, onde o estado de natureza do sistema internacional seria
um estado de guerra contra todos e contra tudo, sendo a motivação a busca pelo
poder. Seguindo esta linha de pensamento, para garantir a estabilidade no
sistema internacional, seria de extrema importância o procedimento de
equilíbrio do poder, primordial para corrente realista das relações
internacionais.
Robert
McNamara ficou conhecido por muitos como o “Arquiteto” da Guerra do Vietnã. Foi
estrategista em duas guerras, tendo trabalhado ao lado do General Curtis LeMay,
um dos principais dirigentes dos atrozes bombardeios a Tóquio na segunda grande
guerra, e tendo sido secretário de defesa dos Estados Unidos durante parte de
outro conflito. Ou seja, é possível concluir que McNamara vivenciou
inteiramente a realidade estratégica e política do que é uma guerra. Ao
analisar suas lições comentadas no documentário, é possível concluir apenas a
incerteza da guerra. Sendo uma realidade muito complexa, mesmo com
planejamentos, dados e estratégias, as vezes nem mesmo a racionalidade humana
pode prevenir as barbáries de um conflito, e uma vez este instaurado, seu
direcionamento também pode ser incerto, sempre coberto pelo que McNamara chama
de “a névoa da guerra”.
*Acadêmicas do segundo período de Relações Internacionais, em trabalho orientado pela Professora Janiffer Zarpelon.