Resenha - O
Terminal
Bruna Kipper Barreto
Roca*
A incerteza de passar pela imigração, o medo
de algum pertence ter sido extraviado, o cansaço e o fuso horário, esses são
apenas alguns fatores que podem gerar certa tensão ao desembarcar em outro país.
No entanto, no filme americano de 2004 “O Terminal”, dirigido por Steven
Spielberg e protagonizado por Tom Hanks, o personagem principal Viktor Navorski
enfrenta obstáculos bem mais sinuosos que os habituais.
A trama se inicia no aeroporto JFK, em Nova
Iorque, quando agentes federais americanos tentam explicar a Viktor a situação
peculiar de seu passaporte: quando Navorski, nacional da “Krakozhia”, estava
em pleno voo seu país sofreu um golpe militar e cancelou os privilégios de
viagens de seus habitantes – inclusive o seu passaporte. Os Estados Unidos não reconheceram
o novo governo - é de se ressalvar que o filme neste ponto
parece confundir os conceitos de reconhecimento de governo e de Estado – o que
acabou por resultar em uma situação de apatrídia para Viktor Navorski. Sendo
assim ele não possuía mais a identidade de seu país e também não se enquadrava
em nenhuma das categorias previstas para a entrada nos Estados Unidos (asilado,
refugiado, imigrante com pedido de visto de trabalho, etc). Viktor Navorski,
porém, não fala inglês e pouco entende da situação, sendo instruído a aguardar
na área de trânsito internacional enquanto tentavam regulamentar sua situação.
Após diversas situações desconfortáveis - ainda
que cômicas - encontros e desencontros com uma interessante
aeromoça e inícios de amizade com os empregados do aeroporto, o Agente de
Imigração, Frank Dixon o oferece uma
saída: que Viktor preencha um pedido de refúgio. Para se encaixar na posição de
refugiado, o cidadão tem de ser alvo de perseguições ou correr risco de vida em
seu país de origem. Por isto, Navorski
deveria declarar que tinha medo de retornar para a “Krakozhia” a fim de seu
pedido ser levado adiante. Entretanto a grande ingenuidade do personagem
perante a situação o leva a dizer que nada tem a temer de seu país natal, e
sendo assim o Agente se encontrou novamente de mãos atadas.
Com sua rotina inusitada e carisma, Viktor,
cultiva amizades e reconhecimento no JFK. Com passar do tempo aprende inglês e se encontra estabilizado no aeroporto. O conflito
civil em seu país termina depois de nove meses e finalmente o homem pode
realizar seu propósito em solo americano: ir em busca do autógrafo de um
renomado músico de jazz, façanha que
prometeu a seu pai. Concluído seu objetivo e com sua documentação regulamentada,
Navorski retorna a sua amada nação.
O filme demonstra claramente os complicados trâmites
burocráticos que permeiam o controle migratório dos países, bem como a situação
de criminalização do imigrante e as inúmeras restrições a sua liberdade de
locomoção. Em tempos globalizados, onde
a abertura à circulação dos bens e capitais é progressiva, os seres humanos
ainda são vistos como “ilegais” pelo simples fato de existirem em territórios
diferentes ao da sua nacionalidade. Apesar de pitoresco, é digno de nota que o
filme “O Terminal” é inspirado em uma história real: depois de ser impedido de
entrar em território francês, o iraniano Alfred Mahran morou 18 anos no
aeroporto Charles de Gaulle, em Paris.
*Bruna Kipper Barreto
Roca é aluna do terceiro período do Curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA.
Muito boa explanacao sobre este pais. Obrigada.
ResponderExcluirPor que Viktor
ResponderExcluirNavorski não aceitou a proposta do administrador do aeroporto JFK, em Nova
Iorque em aceitar a condição de refugiado?