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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Entrevista Andrew Traumann

 



Entrevista e Transcrição por: Eduarda Ysabelle dos Santos Pinheiro


Nome completo: Andrew Patrick Traumann


Qual é a sua formação acadêmica? 


Sou formado em História pela UEL (1998-2002), Mestre em História e Política pela UNESP, e doutor em História, Cultura e Poder pela UFPR. 


Ocupação atual: Professor Universitário na Unicuritiba e coordenador do curso de Pós-Graduação em História do Oriente na PUC-PR. 


Obras publicadas: "Os colombianos"; "Os militares e os Aiatolás. Relações Brasil - Irã (1979-1985)". 



Há quantos anos atua como professor na Unicuritiba? 

14 anos. 


Como se tornou professor na Unicuritiba?


Ah, é uma história interessante. Depois de concluir meu mestrado, fiquei desempregado e eu tinha acabado de me mudar para Curitiba. Sou de Rolândia, na verdade, uma cidade pequena no interior do Paraná. Meu pai havia falecido, assim como a minha mãe. Sem ter o que fazer, um dos meus irmãos, o mais próximo de mim, me disse: "por que você não faz um blog?”. Aí acabei aceitando. E naquela época tinha uma ferramenta chamada Blogger, então comecei a fazer por ali, mas de forma totalmente despretensiosa, comentando assuntos de Oriente Médio. Até que um dia, a TV Assembleia, me chamou para um debate, e lá estavam dois ex-professores da Unicuritiba, o professor Wilson e a professora Ângela Moreira, e aí foi um debate sobre a vinda do presidente do Irã para o Brasil. Eu acho que eu me saí bem nesse debate, pois na sequência, a Ângela me chamou dizendo que o professor Wilson, que era o professor de História das RI 's, acabou saindo e ficou disponível uma vaga que estava selecionando candidatos.  Realizei a prova e como se diz, o resto é história. Eu estou aqui desde agosto de 2010. 


Pensava em se tornar professor no início da faculdade? 


É que assim, quem se forma em história não tem muita opção. Não é um campo como o de R.I que tem o Direito, comércio nacional, economia, história. Se há tantas coisas, né? É que em história ou você é professor, ou você é professor. Eu me refiro ao Brasil, tá? Porque a gente sabe que em outros países existem outros campos, como museologia, tem aqueles que conseguem até ganhar muito dinheiro sendo consultores de séries, etc; mas aqui no Brasil não, você dá aula ou você dá aula, e eu confesso que na época eu fui meio deixa a vida me levar, assim, sabe? Eu fui fazendo, eu não sabia se eu queria dar aula, mas também sabia que eu não tinha outra opção. Até que cheguei no quarto ano, onde eu tive história contemporânea, a qual é a minha área até hoje, e aí foi que eu me apaixonei. Nesse momento, foi que eu conheci um professor que eu faço questão de citar o nome dele, que é o Francisco César Alves Ferraz, que até hoje é, meio que assim, o cara que me deu todos os passos.

No começo, eu tinha muito medo de falar em público, minhas primeiras aulas aqui foram horríveis.Eu não tive o que fazer, você tem que tá ali dando aula todo dia, até que chega uma hora que vira normal. Comecei a gostar, entendeu? Porque no começo eu tinha muito medo. Sabe quando vocês vão apresentar um seminário nervosos? É, então, a minha sensação era essa, o coração saindo pela boca, medo de falar alguma besteira e tal, medo de dar um branco, eu sentia isso também.


Existe algum momento na sala de aula que te faça pensar que é gratificante ensinar?


Todos os dias. Eu adoro dar aula. É o que eu mais gosto de fazer na vida. Onde eu me sinto mais à vontade é quando estou com os alunos. 


Quando despertou o interesse de ser um profissional de história/ relações Internacionais?


A História veio do meu pai, ele não tinha formação acadêmica, mas lia muitos livros, ele era autodidata. Nós éramos em 5 irmãos, então leitura era algo de todo dia. Já Relações Internacionais, veio com o meu interesse em história contemporânea. Tiveram vários acontecimentos que acabei presenciando, como a queda do Muro de Berlim, a Guerra do Golfo. Então por ter presenciado muitas situações, isso acabou me levando a cada vez mais querer estudar sobre atualidades e relacionando com a uma visão histórica.


Existe algum momento ou experiência durante a sua formação que o tenha marcado de forma especial?


Acredito que o meu encontro no último ano de curso com o professor Francisco,onde me apaixonei pela história contemporânea.


Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso que mais o ajudam na sua profissão atual? 


Eu tive um professor na UEL, onde ele me ensinou a pesquisar, as ferramentas de pesquisa.Como que você seleciona uma bibliografia. Uma dúvida que os alunos têm: como eu sei o que é importante e o que não é? Então eu sempre utilizo essas ferramentas para ajudá-los. Sempre digo aos alunos: “ Vocês têm que manter em mente qual é o seu questionamento do qual você quer responder no TCC”. 



Que conselhos ou orientações você daria aos alunos que estão atualmente cursando Relações Internacionais? 


Primeiramente, escolham (para o TCC) um tema que gostem. Os alunos que escolhem temas que eles tem uma paixão a respeito, acabam se saindo muito melhor do que aqueles que não gostam, pois esse não gostar acaba refletindo no seu texto. 


Quais livros ou autores o senhor teria para recomendar?

Não somente para alunos de Relações Internacionais mas também para quem tem interesse na área. 


Um livro que me marcou durante a graduação foi “A Era dos Extremos”, de Eric Hobsbawm. Para mim, ele é um grande autor da história contemporânea.Saindo um pouco da história, recomendo muito os livros de uma coleção da Editora Vozes, que é “História das Relações Internacionais”, e também “Política Externa do Brasil”. 

Tem uma autora que é a Priscila Pecequilo, da UNB, que já palestrou aqui na Unicuritiba alguns anos atrás, e ela é internacionalista. Suas obras foram uma das primeiras que eu li que foram escritas por uma internacionalista, pois antes eu lia principalmente obras de historiadores. 

Outro livro que eu gosto é “ Ascensão e Queda do comunismo", do Archie Brown.  Tem um outro que é sobre Israel, “Muralha de Ferro”, do Avi Shlaim. É um excelente livro, pois ele é israelense e pegou documentações para escrever seu livro.Recomendo também a “ Maldita Guerra", de Francisco Doratioto. 

E outro que eu utilizo muito em sala de aula é o Civilização Ocidental, de Marvin Perry, que parece um manual, onde vai desde a Antiguidade até a queda do Muro de Berlim. Não é de forma aprofundada, mas acaba sendo bem interessante. 

Para finalizar, “História dos Estados Unidos", de Leandro Karnal, e o “ Revolução Francesa", de Jules Michelet. Pois todos os meus alunos sabem que eu gosto muito da Revolução Francesa e adoro essa disciplina, e também adoro falar sobre a história dos Estados Unidos. 









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