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terça-feira, 9 de novembro de 2021

CÁTEDRA: Fogo no campo de refugiados de Mória completa um ano

Por Amanda Souza*

    Vindos da Europa e do Oriente Médio, é muito comum que os refugiados sonhem e busquem uma vida digna e salubre, porém a maioria passa grande parte do período de pós migração morando nos campos de refugiados, que são lugares construídos por ONGs, Estados ou Organizações Internacionais para acolher essas pessoas até que sejam aceitas por algum país, ou seja, um lugar de passagem. Entretanto, os campos de refugiados acentuam cada vez mais as vulnerabilidades da comunidade refugiada. 
    Os campos de refugiados funcionam como uma verdadeira cidade. Possuem espaço para comércio, escola, enfermaria e um conjunto enorme de cabanas que abrigam seus moradores. Olhando desse modo parece ser um ótimo lugar para se viver, mas a insalubridade presente no local é muito grande. As cabanas não são preparadas para receber famílias tão grandes e se tornam apertadas; há poucos banheiros e não possuem água encanada. Além das condições físicas, muitos dos direitos não são garantidos, como a educação, a liberdade e a proteção. Crianças de vários níveis escolares têm aulas conjuntas - quando possível - pois na maior parte dos campos há falta de professor e material. 
    Os campos de refugiados funcionam como uma verdadeira cidade. Possuem espaço para comércio, escola, enfermaria e um conjunto enorme de cabanas que abrigam seus moradores. Olhando desse modo parece ser um ótimo lugar para se viver, mas a insalubridade presente no local é muito grande. As cabanas não são preparadas para receber famílias tão grandes e se tornam apertadas; há poucos banheiros e não possuem água encanada. Além das condições físicas, muitos dos direitos não são garantidos, como a educação, a liberdade e a proteção. Crianças de vários níveis escolares têm aulas conjuntas - quando possível - pois na maior parte dos campos há falta de professor e material.
    Um dos maiores campos de refugiados do mundo foi o Campo de Mória, que se situava na Ilha de Lesbos, na Grécia. O fato de sua existência está no passado, pois em 2020 houve um incêndio decorrente de uma briga entre os moradores que colocou o campo abaixo e, por isso, o governo teve de construir outro campo para abrigar todos aqueles que perderam o lar temporário. Após o desastre, a Grécia recebeu dinheiro da União Europeia para construir um novo campo, mas o mesmo ainda não foi finalizado. Esse campo promete ser moderno e suprir todas as necessidades dos refugiados, mas já encontra dificuldades em sua construção em relação a luz, água encanada e demais exigências. O atual Mória 2.0 está sendo construído próximo ao mar, o que não é muito vantajoso, visto que é uma região com maré alta e fortes ventos, que em determinadas épocas do ano podem impactar diretamente na construção. Diante disso, muitos dos 17 mil refugiados que viviam em Lesbos antes do incêndio já foram realocados em outros campos, e hoje restam cerca de 3,5 mil refugiados na ilha, segundo a ACNUR. 
    O Campo de Mória foi criado em 2015 para abrigar pessoas que buscavam entrar na Europa continental através da Turquia. O campo foi, então, estabelecido em uma ilha grega, onde estavam sem a permissão de sair até que fossem aceitos na Grécia continental. Entretanto, essa permissão demorou e demora muito tempo para ser efetivada, fazendo com que o acampamento atingisse um limite de moradores além do limite, visto que cada vez mais pessoas eram abrigadas. O acampamento foi projetado para ser um lar temporário de cerca de 2.800 pessoas, mas a população de Mória atingia quase quatro vezes esse número, portanto a comida era racionada, os banheiros eram divididos para cerca de 150 pessoas e os chuveiros para 500. O campo foi considerado o mais insalubre de toda a Europa. Mas, além da insalubridade, é um lugar muito violento, ainda que abrigue muitas crianças, resultando em relatos de menores que não dormem por medo das brigas. A violência tem diversos motivos, um exemplo é a xenofobia entre xiitas, sunitas, árabes, afegãos e curdos. A presença de diversas culturas convivendo diariamente em um lugar sem a garantia de seus direitos não tem sido positiva. Outro exemplo da situação de agravamento dos campos são moradores que desenvolveram doenças relacionadas ao uso do gás lacrimogêneo, pois o artifício é utilizado para dispersar as brigas. 
    A crise de refugiados na Europa perdeu o controle e a ilha de Lesbos se transformou em uma verdadeira prisão para muitas pessoas que buscam se refugiar em algum país europeu visando a proximidade com seu país anterior, mas as exigências e o interesse no fechamento das fronteiras européias dificulta a saída do campo e a busca de uma vida próspera fora de seus países. E infelizmente, os campos de refugiados se tornaram um local de moradia a longo prazo, quando na verdade deveriam ser um local de passagem para uma nova vida. 

*Amanda é estudante do curso de Relações Internacionais do UniCuritiba e faz parte da Cátedra Sérgio Vieira de Mello - UniCuritiba.

Referências
GRÉCIA afirma que novo campo para migrante em Lesbos estará pronto em cinco dias. G1. 13 set. de 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/09/13/grecia-afirma-que-novo-campo-para-migrant es-em-lesbos-estara-pronto-em-cinco-dias.ghtml.
GALERIA de fotos: O antes e o depois do incêndio no campo de refugiados de Mória. El País. 17 set. de 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2020/09/15/album/1600155951_785104.html.
TRAGÉDIA no campo de refugiados em Mória completa um ano com os mesmos problemas. Dom Total. 09 set. de 2021. Disponível em: https://domtotal.com/noticia/1538254/2021/09/tragedia-no-campo-de-refugiados-em-moria-c ompleta-um-ano-com-os-mesmos-problemas/


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