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quarta-feira, 14 de abril de 2021

Redação Internacional: o Brasil nas manchetes do mundo no mês de março

Por Fernando Yazbek e Manuela Paola

    A coluna Redação Internacional, que completa um ano no Blog Internacionalize-se se debruçando nas manchetes sobre o Brasil no exterior, encontrou neste mês de março a maior quantidade de notícias dos mais diversos jornais internacionais acerca das situações sanitária, política e econômica brasileiras. O país, que detém cerca de 3% da população mundial, fecha o mês sendo o responsável por 27% dos óbitos decorrentes de covid-19.

    Não bastassem as médias móveis de mais de 1500 mortes por dia, o brasileiro teve de se acostumar a ver a crise política dividindo o boletim de notícias com o extenso obituário. Nos 31 dias em que caíram o terceiro ministro da saúde e mais incontáveis chefes de pastas, difícil foi achar algum veículo de imprensa estrangeiro que não tenha emitido editoriais preocupados com o Brasil. Somado a isto, as eleições presidenciais de 2022 já tomam as notas de rodapé com a elegibilidade do ex-presidente Lula. Março, com notícias para encher a banca por um ano, quase não coube no calendário. Se contarmos somente o jornal The Guardian, o Brasil apareceu diretamente em pelo menos 35 reportagens nesse mês. A mídia inglesa iniciou março falando da volta ao jogo político de Lula.

    A sombra do petista fez com que o negacionista e atual presidente Jair Bolsonaro mudasse o tom sobre a gravidade da pandemia. A gestão sanitária do governo brasileira é classificada como “morosa” e o Palácio de Planalto já se preocupa com a escalada de Lula nas pesquisas eleitorais, crava o Guardian. Na reportagem, o jornal detalha a impugnação da candidatura em 2018 do ex-sindicalista em decorrência da condenação que recebeu do ex-juiz e ex-ministro bolsonarista Sergio Moro, considerado incompetente e suspeito pelo Supremo Tribunal Federal. Lula, agora elegível, discursou por 80 minutos e usou máscara, “coisas em que Bolsonaro falha repetidamente”, disse o jornal.

    Em outro extenso texto, o The Guardian ouve especialistas que afirmam que a passagem de Ernesto Araújo pela chancelaria brasileira é “a mais calamitosa página na história diplomática do país”. Nele, o ex-ministro das relações exteriores é tido como “submisso” ao ex-presidente estadunidense Donald Trump. Celso Amorim, ouvido pelos ingleses, disse que levará um longo tempo para o Brasil deixar o isolacionismo e retomar a credibilidade internacional.

    Até o famoso personagem autenticamente brasileiro Zé Gotinha foi notícia em Londres. No lento ritmo de vacinação contra a covid-19, a imprensa inglesa sente falta do cartum que “ajudou a limpar a poliomielite e o sarampo do Brasil”. O jornal cita o episódio em que os filhos do presidente divulgaram uma imagem do personagem portando um fuzil e repercute a decepção do criador de Zé Gotinha em ver seu desenho infantil armado. The Guardian lembra que, em dezembro, o boneco se recusou a apertar a mão de Jair Bolsonaro e do então ministro da saúde Eduardo Pazuello.

    A saída do General da pasta da saúde não surpreendeu. Trocado pelo médico cardiologista Marcelo Queiroga, Pazuello deixa o cargo com mais de 300 mil mortes por covid no país e um legado pior que o de Araújo. O que espantou Guardian, nas trocas ministeriais, no entanto, foi a completa reformulação nas Forças Armadas no fim de março. A renúncia concomitante dos três chefes de Exército, Marinha e Aeronáutica, provocada pela “insistência de Bolsonaro por posicionamentos políticos do oficialato”, veio após a demissão “de três minutos de conversa“ do General Fernando Azevedo e Silva do ministério da defesa. O imbróglio militar reacende discussão, finaliza o jornal, sobre as recentes declarações presidenciais sobre celebração do golpe de 1964 e suas intenções em decretar estádio de sítio em meio à pandemia.

    O vizinho La Nacion, apresenta um Bolsonaro “apertado” pela crescente pandemia e “assediado pelo congresso hostil”. O editorial dá a entender que o presidente pode estar armando uma intentona de golpe quando se refere ao exército como “minhas forças armadas”.

    Logo na manchete, é atribuído ao ex-capitão um plano semelhante ao que aconteceu em 6 de janeiro, quando o Capitólio norte-americano foi invadido por golpistas a favor de Donald Trump em Washington. Bolsonaro, porém, tem um “futuro incerto”, mas que há de ser parecido com o do derrotado por Biden nos Estados Unidos, sentencia Nacion.

    Com Bolsonaro solitário na política e o país deslocado na diplomacia, o Brasil corre o risco de isolamento mundial em sentido literal. Este é o alarme feito pelo The Wall Street Journal. A variante P1 do coronavírus, de maior taxa de transmissibilidade e de mortalidade, já é majoritária no território nacional e foi rastreada em contaminados em Nova Iorque. O jornal tem pesadelos com esta variante, que já bate 3 mil mortos diários no Brasil, num país “bem mais populoso” como os EUA: “um risco global”.


    Na BBC News, o Brasil figurou uma notícia terrível: pela primeira vez, o país atingiu 4,000 mortes diárias pelo coronavírus. Na matéria, além de mostrar o número total de vítimas pela doença (quase 337.000), é mostrado que o presidente Jair Bolsonaro continua se opondo a medidas de lockdown. O chefe de estado também argumentou que o estrago na economia seria maior em relação ao que o vírus poderia causar. O texto destaca que o presidente não comentou o número de mortes do dia anterior (4,195) a seu pronunciamento, na terça-feira.

    Ainda sobre as Forças Armadas, o El Mundo publicou uma matéria sobre a demissão de militares dos cargos mais importantes das Forças: o Exército, a Marinha e a Aeronáutica. Enquanto isso, Bolsonaro busca a simpatia de outros militares. O jornal explica que o presidente fez a maior reforma ministerial desde que chegou ao poder. Foram 6 trocas de ministros, incluindo o da Defesa. El Mundo ainda escreve que soldados e sargentos são mais simpáticos a Bolsonaro, mas as posições mais altas têm receio de manchar a imagem do corpo militar ao identificar-se com o presidente e "embarcar em suas aventuras inconstitucionais".

    O francês Le Monde escreve sobre a dramática situação do país, com a participação do Dr. Dráuzio Varella. Além de falar sobre os cansativos e extensos números de mortos, o jornal ainda discorre da lenta vacinação no Brasil. De acordo com o veículo, até o dia 7 de abril foram vacinados, com a primeira dose, aproximadamente 21 milhões de pessoas - o equivalente a 10% da população total. O jornal enfatiza que a produção das vacinas está caminhando lentamente; o governo anunciou que, para o mês de abril, seriam entregues 25,5 milhões de doses, ou seja, a metade do que foi prometido pelo plano de vacinação.

    O Brasil, por mais um mês, foi protagonista das notícias trágicas nos veículos de notícias internacionais. A situação, infelizmente, não parece promissora. Portanto, não é pessimismo nos preparar para mais notícias negativas dos jornais mundiais. Enquanto o cenário brasileiro permanecer desesperador, as notícias também o serão. 


Um comentário:

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