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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Por Onde Anda: Henrique Santos de Albuquerque, Analista de Produtos e Serviços na Amcham Curitiba e Joinville


Nome Completo: Henrique Santos de Albuquerque 

Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2013

Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2018 (2 anos trancado)

Ocupação atual: Analista de Produtos e Serviços na Amcham Curitiba

Cidade em que reside: Curitiba


Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.

Henrique: Minha trajetória profissional começou em 2015, quando morava nos EUA, logo após trancar a faculdade entre 2015 e 2016. Lá tive a oportunidade de trabalhar em uma ONG, o Hispanic Center Lehigh Valley, que prestava serviços aos imigrantes latinos perto da região em que eu morava na Pensilvânia. Foi uma experiência profissional bem enriquecedora, já que tive contato com culturas e realidades totalmente diferentes da minha. As atividades do trabalho eram basicamente de operacional administrativo e também de relacionamento e apoio direto aos imigrantes da região.

Ao voltar pro Brasil, em 2016, consegui um estágio no departamento de Contas a Pagar de uma multinacional química, a Solvay, onde trabalhava na área de suporte aos fornecedores dos Estados Unidos. Esse emprego foi extremamente importante para a minha carreira profissional, já que tive a vivência da realidade operacional de uma multinacional, além de ter consolidado meu inglês e desenvolvido habilidades profissionais essenciais como agilidade, comunicação efetiva e resiliência.

Depois disso, acabei migrando mais para perto da área de RI, e entrei na Hussein KS, consultoria especializada em processos de imigração e realocação. Nessa oportunidade tive contato com expatriados de diversas nacionalidades - executivos de alto escalão de grandes empresas - e pude entender mais sobre a realidade do ambiente executivo. Ao trabalhar com o apoio no processo documental de imigração, também pude aprender muito sobre alguns órgãos federais do governo e suas especificidades.

Após isto, e logo no fim da faculdade, tive a grande oportunidade de trabalhar na agência de promoção de investimentos do estado do Paraná, a Paraná Invest. Lá foi onde tive minha maior experiência trabalhando com Relações Internacionais, já que apoiava diretamente a presidência da agência com projetos especiais, análises de mercado e articulação estratégica com as demais agências.

Por fim, após me formar, entrei na Câmara Americana de Comércio, a Amcham, pra trabalhar na área de Produtos e Serviços. A Amcham é o principal ‘clube de empresas’ do Brasil, reunindo mais de 5 mil organizações por 15 regionais do Brasil. Meu trabalho é voltado para a região Sul, mais especificamente Paraná e Santa Catarina, desenvolvendo projetos especiais, atividades estratégicas e conteúdos corporativos que auxiliem diretamente pela melhora do ambiente de negócios da região. Além disso, sou o responsável das regionais pelas Relações Governamentais, realizando projetos com entes governamentais e outras instituições relevantes. Ao longo dessa jornada que já dura 2 anos, pude liderar eventos com Cônsul Geral dos EUA, Governador do PR, CEOs de multinacionais como Intel, Microsoft e Bayer, além de compor a gestão do maior festival de inovação da Amcham Curitiba.

Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia no teu trabalho?

Henrique: O dia de trabalho na Amcham é extremamente dinâmico, algo que sempre prezei muito no meu plano profissional. A área de Produtos e Serviços é responsável por conectar estrategicamente os associados da Câmara através de iniciativas e projetos especiais que focam no networking de qualidade e capacitação empresarial. Assim, meu trabalho diário é dividido em várias atividades de planejamento e execução de projetos em conjunto com outras regionais, com demais áreas do escritório e com as empresas associadas. Em épocas de eventos presenciais, essas atividades se tornam ainda mais emocionantes, já que temos que fazer todo o processo de desenho e montagem de atividades grandes que envolvem até 1500 pessoas. Para conseguir gerir tantas atividades é muito importante ter uma organização efetiva, agilidade nas ações e muita energia pra fazer sempre melhor.  bastante agilidade, flexibilidade para saber organizar bem, priorizar bem as. Além disso, é uma realidade de trabalho muito colaborativa já que trabalho diretamente com meus colegas da equipe de P&S e das demais áreas que estão sempre envolvidos nos projetos que desenvolvemos. Por fim, um ponto de destaque do dia-a-dia do trabalho é o constante relacionamento écom executivos C-Level, Diretores, Gerentes e executivos estratégicos de grandes empresas da região. Como trabalhamos diretamente com os executivos associados, temos que construir boas redes de networking.

Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua carreira atualmente?

Henrique: Primeiro de tudo, as habilidades de relacionamento interpessoal eque desenvolvi com vivências do curso foram essenciais para minha trajetória. No curso de RI temos um cuidado muito grande em estudar não só as pautas mais conceituais, mas também a importância do relacionamento, da comunicação, do entendimento cultural nessa dinâmica para negociações efetivas e construção de relacionamentos e de redes fortes e estratégicas. Dou hoje muito valor para esse conhecimento adquirido na faculdade. Além disso, hoje meu trabalho depende muito de pesquisas técnicas, e estudos de contexto e de tendências, algo que aprendi muito no curso de Relações Internacionais. Ter a habilidade de entender e analisar  de forma abrangente o contexto, seja ele político, social, econômico ou internacional foi algo que me foi muito ensinado durante a formação acadêmica. Por fim, hoje dentro da minha atuação com Relações Governamentais e Institucionais tenho a oportunidade de desenvolver projetos com o governo, consulados, embaixadas e instituições relevantes. Grande parte do conhecimento técnico que tenho sobre essas instituições, suas especificidades e operações internas, vieram da época de faculdade e foram cruciais para a assertividade do relacionamento e projetos que construí.


Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente?

Henrique: ​Bom, já tive algumas experiências bem desafiadoras dentro dessa trajetória profissional, especialmente na Amcham. Acredito que o mais desafiador de todos foi o Amcham Talks. Esse foi o maior festival já criado pela Amcham Curitiba e reuniu mais de 1200 pessoas, dezenas de atrações espalhadas por vários pontos do Shopping Pátio batel para dialogarem sobre Inovação. Esse projeto foi idealizado pelo meu líder (e grande amigo), Bruno, e ‘tocado’ por ele e por mim. O projeto inteiro foi extremamente desafiador, mas destataco especialmente o planejamento organizacional e a montagem física do evento como os principais. Organizar e planejar uma iniciativa gigantesca, com mais de 20 convidados especiais, dezenas de fornecedores, gestão da equipe interna foi um daqueles desafios gigantescos. A montagem do evento foi ainda mais desafiadora, já que tivemos que executar tudo em uma madrugada (já que os shoppings permitem esse tipo de atividade apenas nesse horário). Lidamos com diversas adversidades, inúmeros fornecedores e com um tempo curtíssimo. Mas no fim tudo deu certo e fizemos a iniciativa mais histórica da regional.

Mas deixo aqui algumas menções honrosas de desafios profissionais: ser o responsável por áudio e vídeo em um evento para mais de 700 pessoas na Ópera de Arame; idealizar e liderar o Reset PR, projeto que auxiliou executivos no processo de retomada durante a pandemia do covid-19; e liderar o encontro estratégico entre o Cônsul Geral dos EUA no Brasil e C-levels das principais empresas de Curitiba. 

Blog Internacionalize-se: ​Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade?

Henrique: ​É bem complicado escolher apenas uma lembrança mais marcante da faculdade que foram anos e períodos importantes na minha vida que eu passei na UNICURITBA fazendo curso de RI. Uma das principais e mais marcantes foram os primeiros dias de faculdade. Sair do colégio e entrar em um outro ambiente, com outras pessoas, uma dinâmica de vida diferente foi muito especial. Mas acredito que o principal momento foi da minha aprovação com 10 na banca de monografia. Me entreguei por completo para a construção da pesquisa, foi um período extremamente desafiador mas que foi muito recompensador no final. Ser aprovado e com muitos elogios por uma banca de peso (Violeta e Marlus) e finalizar com chave-de-ouro junto do meu orientador Gustavo foi um dos momentos mais marcantes da minha vida.

Blog Internacionalize-se: ​Qual conselho deixaria para os nossos alunos, em especial para aqueles que ainda estão em dúvida quanto ao futuro profissional?

Henrique:Acho que eu tenho dois principais conselhos para os estudantes de R.I. O primeiro é: não deixem de aproveitar as oportunidades que vocês tem, seja Universidade como fora dela. Aproveite os grupos especiais, semanas acadêmicas, iniciações científicas e aulas eletivas. Isso vai fazer muita diferença no profissional que você será no futuro. Mas não deixe de aproveitar também a oportunidade de fazer bons amigos, se divertir nas festas e no bar e viver uma fase muito importante e especial da vida. 

Segundo, e não menos importante, é: não deixem de olhar para dentro, de se conhecer mais, de se curar mais. Acredito que aproveitamos ao máximo as oportunidades das nossas vidas e os momentos que vivemos quando nos conhecemos e entendemos de verdade nosso propósito e objetivos de vida. Então, além do importante estudo de RI que vivenciam na faculdade, não deixem de conhecer vocês mesmos. Eu costumo dizer que o mundo e as suas histórias seriam muito diferentes (e melhores!) se muitos dos líderes que já viveram e ainda vivem (as pessoas que estão à frente das tomadas de decisão e que influenciam diretamente a sociedade) cuidassem mais de si, conhecessem mais a si.


segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Por Onde Anda: Bruno Hendler, professor adjunto e coordenador do curso de Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Maria

 


Nome Completo: Bruno Hendler
Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2007
Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2010
Ocupação atual: Professor adjunto e coordenador do curso de Relações Internacionais na Universidade Federal de Santa Maria
Cidade em que reside: Santa Maria/RS

Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco sobre sua trajetória profissional.
Bruno: “Sou graduado em Relações Internacionais pelo Unicuritiba, mestre em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília e Doutor em Economia Política pela UFRJ. Durante o mestrado eu passei um mês como pesquisador visitante na Johns Hopkins University, no departamento de sociologia e no doutorado fiquei quatro meses na Renmin University, que é uma das principais universidades em Pequim, na China. Atualmente eu sou professor da graduação e da pós-graduação da Universidade Federal de Santa Maria, e eu também coordeno o curso de Relações Internacionais nesta instituição. É também relevante lembrar que passei dois anos no Unicuritiba como professor da casa.”

Blog Internacionalize-se: Quando tomou a decisão de seguir a carreira acadêmica? Como se preparou durante a graduação em Relações Internacionais para essa escolha?
Bruno: “Antes de decidir pela carreira acadêmica eu fui experimentando outras coisas, acho que esse é o segredo para os alunos de graduação: você ampliar o máximo possível o leque de oportunidades e de experiências que você tem, e com o passar do tempo você vai descobrindo suas principais afinidades e aquilo que você é bom e o que você não é tão bom.

Durante a graduação eu fiz estágio numa Trading de exportação de madeira, trabalhei na Câmara Americana de Comércio, e aí eu fui gradualmente sentindo que tinha vocação para a carreira acadêmica. Ao longo da graduação eu passei dois anos dando aula num cursinho beneficente, chamado Creação e vinculado ao CREA, onde eu dei aula de história moderna e contemporânea, ali eu tive certeza que trabalhar com ensino e sala de aula era o que eu queria - no cursinho eu descobri e senti um pouco da importância social que o professor tem, para preparar os alunos, não só para o mercado de trabalho, mas como seres humanos, como seres pensantes. Eu também trabalhei em eventos internacionais que aconteceram em Curitiba na época que eu estava na graduação, eventos do Mercosul, da ONU, a COP.

Eu também cursei um ano de história da UFPR junto com a graduação de RI, e isso foi bem importante para minha pesquisa que viria depois. Assim fui me preparando, me envolvi em grupos de iniciação científica, o tema de TCC que construí já fiz pensando em como amarrar para uma possível pesquisa de mestrado, e participei de eventos acadêmicos - quando você vai amadurecendo você vai vendo, eu hoje que sou doutor vejo que publicações escritas valem muito mais que eventos acadêmicos, em termos profissionais, porém quando você está construindo seu caminho de pesquisa, participar de encontros acadêmicos é fundamental, inclusive de ser cara de pau e entrar em contato com os grandes pesquisadores da tua linha de pesquisa, pedir dicas, indicações, falar sobre sua própria pesquisa, ouvir críticas. Então eu diria que me preparei ao buscar coisas diferentes do que eu imaginava, fazendo testes e buscando nos diversos campos de atuação em RI, e quando eu decidi pela carreira acadêmica, fui construindo o caminho com iniciação científica, eventos.”

Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia no teu trabalho?
Bruno: “Bom, existe o antes e o depois da pandemia, né? As atividades como coordenador tem um lado burocrático e um lado de pensar em longo prazo. O lado burocrático é despacho, processo, revalidação de diplomas do exterior, assinaturas de certificados de alunos - não é nada muito emocionante. Mas o segundo aspecto é interessante, que é pensar na reestruturação das disciplinas com base nas diretrizes do MEC, fazer o rastreamento dos egressos, para entender como os nossos alunos estão se inserindo no mercado de trabalho, pensar também em mecanismo de auto-avaliação das disciplinas.
Além da gestão, tem também os trabalhos mais convencionais da docência (que são o ensino, a pesquisa e a extensão): eu leciono duas disciplinas por semestre na graduação e alterno com uma disciplina no mestrado em RI, também faço a orientação (que gosto muito) de TCC e dissertações de mestrado, e relativo com o TCC tenho também um grupo de pesquisa em Ásia Pacífico, que estuda a ascensão da China, ou do Ásia Oriental, a partir de uma perspectiva da economia internacional - e os grupos de pesquisas são muito interessantes e muito valiosos para quem tá começando, e a ideia é essa escadinha, de colocar para trabalhar graduandos, mestrandos, doutorandos, e professores para orientar os trabalhos de pesquisa.

E também temos a parte de extensão, com a comunidade, de cursos beneficentes (que os alunos aqui tocam), projeto de carreiras internacionais - que é exatamente para trazer profissionais de RI para conversas com nossos alunos - tem também o pessoal que faz o trabalho com a região de fronteira, e trabalha com comunidades locais e humildes nessa região de fronteira. Enfim, o dia a dia, ainda que as atividades de gestão sejam mais burocráticas, as atividades de pesquisa e de ensino principalmente, me agradam muito e eu me sinto muito realizado pela carreira em que segui.” 

Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua carreira atualmente?
Bruno: “Em primeiro lugar eu acho que é pensar os problemas de forma sistêmica e multidisciplinar, que é a vocação do curso de Relações Internacionais. Junto com isso são bem importantes as atividades de simulação de organismos internacionais, que trazem as habilidades de negociação, de busca de consenso, de empatia, de entender os interesses e as posições da sua contraparte de negociação - essas foram as habilidades que eu desenvolvi ao longo do curso, né? 
E além disso, o pensamento crítico e científico. Os professores que eu tive aí no Unicuritiba e depois nas pós-graduações foram muito importantes para pensar a realidade de uma forma mais objetiva possível e de forma crítica a origem das RIs como disciplina é essencialmente norte-americana, então é muito interessante como a gente do Sul global tem que subverter um pouco os princípios que a gente aprende a partir do viés norte-americano e trazer para a nossa realidade.” 

Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente?
Bruno: “Acho que o primeiro grande desafio para mim foi na graduação mesmo, identificar que a minha vocação era a carreira acadêmica. Há muitos preconceitos em relação a isso, a desvalorização, tanto salarial como social da carreira do professor, e todos os desafios que envolvem a pesquisa no Brasil, né? A falta de condições de trabalho, o pesquisador e pós-graduando não ser visto como trabalhador, mas como um estudante - como se ser cientista não fosse uma carreira, não fosse uma profissão. Então no final da graduação para o mestrado, em termos pessoais, foi muito desafiante isso de reconhecer e estar seguro dessa opção acadêmica, mas com o passar do tempo fui vendo como é maravilhoso, e que os perrengues são muito poucos, ainda que a gente precise avançar em muitos setores, é uma carreira maravilhosa.
Em termos profissionais, de pesquisa, o principal desafio que eu tive foi fazer a minha pesquisa e cumprir com o que eu me propus, que foi estudar a ascensão da China e compreender a sociedade chinesa. É muito desafiante você conseguir penetrar na academia chinesa, nos principais centros de pesquisas, com os pesquisadores, é tudo muito diferente. Até hoje é um desafio que eu não superei totalmente, mas viver na China por quatro meses, como estudante, entendendo a cultura e os meandros da política e da economia da China, com professores chineses, e estando imerso na cultura chinesa foi, e continua sendo, um dos grandes desafios da minha carreira - principalmente para tentar trazer um pouco dessa experiência, dos contatos e da minha pesquisa para gestar aqui no Brasil o pensamento crítico sobre como lidar com a ascensão da China.” 

Blog Internacionalize-se: Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade?
Bruno: “A primeira lembrança, que não é bem uma lembrança em si, mas é o convívio com os colegas e os professores, e o ótimo nível das aulas e de conteúdo que a gente teve - você sabe bem que no começo tinha algumas lacunas na grade, mas ao longo do tempo as coisas foram melhorando bastante e eu acho que me marcou muito essa fase das aulas mesmo. Como eu já sabia que queria ser professor, eu sempre buscava entender os pontos fortes dos professores, quais métodos deles estavam sendo bem utilizados e bem aproveitados pela turma, quais não eram tão legais, e eu pensava: ‘quando eu for professor, acho que eu mudaria isso, ou me inspiraria nisso, naquilo’. Enfim, a lembrança mais marcante é essa, eu podendo entender o jeito de cada professor e utilizando aquilo pro momento em que eu me tornasse professor.
Mas um segundo momento, de forma mais objetiva, foi a participação nas simulações. Eu adora as simulações de organismos internacionais - eu já representei a Rússia, a Venezuela, os Estados Unidos, enfim... Eram momentos de confraternização e de aprendizado na prática, de como as coisas funcionam.” 

Blog Internacionalize-se: Qual conselho deixaria para os nossos alunos, em especial para aqueles que ainda estão em dúvida quanto ao futuro profissional?
Bruno: “Eu diria que não é uma forma tão objetiva e clara, mas aproveite os dois primeiros anos da faculdade para experimentar de tudo em termos acadêmicos. Não diga não a nada, tudo que aparecer tope, abrace, vá e faça, experimente, que então aos poucos você começa a se descobrir e a entender quais são as suas aptidões, suas vocações, suas habilidades, inclusive seus defeitos, suas lacunas. 
Então eu diria que aproveitem o começo da faculdade para isso, para experimentar todas as possibilidades que aparecerem dentro da carreira de RI, e quando você for chegando mais para o final da faculdade, aí é a hora de começar a afunilar, a se dedicar, não só no TCC, mas àquilo que você foi acumulando ao longos dos anos na faculdade. Se dedicar ao estágio numa área que você descobriu que você tem mais afinidade, fazer um intercâmbio pela Universidade mesmo, ou não - e no caso da carreira acadêmica, que é o meu caso, se você tem interesse, se você participou de grupo de pesquisa, de iniciação científica ou mesmo de simulações e acha que tem vocação para pesquisa, comece já a utilizar o que você estudou nas disciplinas para pensar num tema de TCC que seja também útil, válido e apto para continuar como um projeto de mestrado. Vá atrás dos professores, tente descobrir quais são as correntes de debate de pesquisa dentro do tema que você tá estudando, entre em contato com os professores medalhões - porque às vezes a cara de pau compensa, foi assim que eu consegui estágio na Johns Hopkins, consegui ir pra China, é você dando a cara a tapa, você entrando em contato com as pessoas que estão mais a sua frente.” 

Blog Internacionalize-se: Gostaria de acrescentar mais alguma informação?
Bruno: “Sobre ser acadêmico, eu diria que é muito gratificante. Eu no começo tinha esse dilema, essa coisa de ‘um engenheiro constrói uma ponte, um médico salva uma vida, e professor, faz o quê?’ Mas o legado do professor não é material, ele é imaterial. Então eu acho que talvez seja a carreira mais importante, porque você molda a forma como outras carreiras são, e o internacionalista molda a forma como as pessoas vão ver o mundo, e é um legado imaterial essa coisa de pensar a partir de uma forma científica, de pensar a partir de um viés crítico, e isso é o que molda a cabeça das pessoas. Por isso eu acho que essa carreira é tão importante e precisa tanto de pessoas preocupadas e até um pouco idealistas, para tornar o mundo um lugar melhor.”