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sábado, 28 de novembro de 2020

O diplomata Diego Armando Maradona



    Em 30 de outubro de 1998, no 38o aniversário de Diego Armando Maradona Franco, era fundada a Igreja Maradoniana, em Rosário, que comemora o Natal naquela data. O calendário móvel da Sexta-Feira Santa, da Igreja Católica, se cravou na quinta-feira 25 de novembro de 2020 para os fiéis de Don Diego de la gente.Em respeito aos seguidores del Dios, esperei o terceiro dia da morte para escrever este obituário.

    O único consenso sobre Maradona é de que ele está no panteão dos deuses do futebol. Há quem diga que foi melhor que Pelé e Garrincha e quem não o considere nem o melhor dos argentinos – atrás de Alfredo Di Stéfano e Lionel Messi. As dicotomias deram o tom da vida do menino que nasceu pobre em Villa Fiorito, conquistou o mundo e morreu decadente num milionário condomínio na grande Buenos Aires. A discussão de quem foi mais craque é – para lá de apaixonada – anacrônica e fora de propósito. Mas Maradona fez, só com a perna esquerda, o que quase ninguém fez com os dois pés. E foi pela esquerda que Diego foi o mais político dos jogadores de futebol.

    Como nada acerca de Maradona é preto no branco, não assusta lembrar que o camisa 10 fez campanha para Carlos Menem, o presidente neoliberal argentino que concedeu indulto ao ditador Jorge Rafael Videla, que organizara a tumultuada Copa de 1978 em meio ao regime militar do país. O jovem Maradona não jogou aquele primeiro Mundial conquistado pela seleção albiceleste,mas já seria convocado para a Copa seguinte na Espanha em 1982, ano em que se transferia do Boca Jrs ao Barcelona e no qual estourava a Guerra das Malvinas.

    Como recorrentemente acontece com seleções campeãs do mundo, a entressafra argentina de 82 ofuscou o brilho de Maradona, que foi expulso de campo ao chutar os testículos de Batista, quando o Brasil de Zico e Sócrates eliminava a Argentina. Quatro anos mais tarde, já vestindo as cores do Napoli, Maradona gozava de tanta moral no selecionado argentino que – além de usar a braçadeira de capitão – vetou a convocação de Daniel Passarella, quem havia erguido a taça de 1978. E foi justamente no México em 1896 o auge de Maradona, como jogador, e de Diego, como símbolo militante.

    É ingênuo tratar a vitória da Argentina sobre a Inglaterra nas quartas-de-final daquela copa como uma vingança pelas Malvinas. No entanto, Maradona lavou a alma dos argentinos humilhados e dos enviados à morte por Galtieri e mortos por Tatcher no arquipélago. De mão – de Deus ou de Diego, o primeiro gol é quase acessório perto do segundo. Maradona jogou para inglês ver, já que nenhum dos onze adversários parou o gol mais bonito da história das Copas. Ali se consagrava um herói de guerra. Na final, contra a Alemanha, virava um Deus.

    Do apoio a Menem nos anos 90, cujo governo pretendia ter “relações carnais” com os Estados Unidos, o já aposentado Maradona protestou contra a presença do presidente norte-americano na Cúpula das Américas de 2005. Em Mar del Plata, ao lado de Evo Morales, Diego trocou a camisa argentina por uma mensagem a George W. Bush, a quem se referia como “lixo humano”. 


    No mesmo ano, Maradona foi recebido por Hugo Chávez no Palácio Miraflores com honrarias de um chefe de estado. O craque se dizia chavista e, após a morte do venezuelano, o argentino fez campanha em 2013 para que Nicolás Maduro seguisse o legado do antecessor. Em 2018, Maradona participou de comícios para reeleição de Maduro e, no ano seguinte, dedicou a vitória do Dorados de Sinaloa, time mexicano que treinava, a Caracas. 


    Às vésperas do impeachment de Dilma em 2016, Maradona se dizia um soldado da presidenta e de Lula. Comemorou como um gol aos 45 do segundo tempo a soltura do ex-presidente brasileiro da prisão em 2019: “Lula querido, Diego está com você”. 


    Na Argentina, foi um ferrenho defensor do kirchnerismo. Apoiou Néstor, Cristina e, recentemente, o presidente Alberto Fernández. Era tão próximo da Casa Rosada que esteve presente no velório íntimo de Néstor em 2010. Quando ainda era senadora, cogitou-se que Cristina concorreria a presidência em 2019 com Maradona de vice na chapa. 



    Mas foi em Cuba que este argentino, assim como Che, mais se envolveu politicamente. Foi parar na ilha na virada do século para se tratar da dependência química que o assolava desde a época na Espanha. O que facilitou a internação de Maradona em Havana foi sua admiração pelo socialismo cubano, disse o médico Alfredo Cahe, que cuidava do craque. Na época, Diego estava afundado na cocaína e teve uma overdose no Uruguai. O cardiologista Carlos Alvarez chegou a antecipar a morte de Maradona, cujo coração funcionava com apenas 38% da capacidade em 2000.

    Fidel Castro estendeu a mão ao jogador quando ele mais precisava. Maradona, sempre exagerado, agradeceu a altura. A autobiografia que escreveu,“Yo soy el Diego de la genteé dedicada a Castro e ao povo cubano. Nele, Maradona conta que ensinou Fidel – que, como bom caribenho, preferia o beisebol ao futebol – a trocar alguns passes no Palácio da Revolução. E a gratidão não parou aí. Além da tatuagem de Che Guevara que carrega no braço direito, Maradona marcou o rosto de Castro na perna esquerda mais famosa do mundo. 

    A inspiração guevarista sempre acompanhou o craque. Leu o livro “A Guerra de Guerrilhas” – escrito por Che em 1960 – e desde então passou a usar um relógio em casa pulso. Embrenhado na selva da Sierra Maestra cubana, Ernesto Guevara de la Sierna se preocupava demais com a passagem do tempo e com o fuso horário. É quase impossível achar uma foto de Maradona em que ele não esteja empunhando quatro ponteiros. Foi, inclusive, garoto de propaganda de uma famosa joalheria. 

Outro argentino modelo para Maradona foi o Papa Francisco. Na autobiografia, Diego criticou o Vaticano e o pontífice João Paulo II pelas luxuosas instalações banhadas a ouro na Praça São Pedro. Bergoglio operou o milagre de reaproximarel Diez de Deus. Em uma das visitas ao Papa, Maradona disse ser fã número um e capitão do time de Francisco. 

Assim como o compatriota Padre Santo, Diego foi um grande militante da causa palestina. Na Copa da Rússia, em 2018, Maradona se encontrou com o presidente Mahmoud Abbas e disse ser palestino de coração. Dieguito condenou bombardeios israelenses em territórios árabes e foi contra amistosos entre as seleções da Argentina e de Israel em assentamentos sionistas ilegais. Em 2014, chegou-se a especular o nome do argentino como treinador do selecionado palestino que pela primeira vez se classificou para a Copa da Ásia. Apesar de ter ganhado um kufiyya e de bradar “viva Palestina”, acabou por não assinar com a seleção.  


    Diego Armando Maradona também foi um político dos bastidores do futebol. Nunca poupou críticas a corrupção da FIFA e a omissão de Pelé e Beckenbauer. Foi desafeto público dos dirigentes da federação João Havelange e Joseph Blatter e do ex-presidente da UEFA Michel Platini. Talvez nenhum jogador tenha tantas vezes batido de frente com os grandes interesses econômicos do esporte. 

    Pode-se dizer, com certa precisão, que o pugilista Muhammad Ali foi, na luta contra o racismo, tão ativista quanto Maradona. Ayrton Senna, no automobilismo, também levantou bandeiras importantes para além do esporte. Pelé, quando marcou o milésimo gol, clamou pelas crianças. Wladimir, Zenon, Sócrates e Casagrande pediam democracia em plena ditadura militar brasileira. 

    Nenhum deles, porém, impactou tantos seguidores quanto El Pibe de Oro de Fiorito. Maradona perdeu a luta para Diego. Mas Diego Maradona lutou por tantos. Político algum militou por tantos povos e países como ele. Foi embaixador das causas justas e sempre advogou por quem acreditava ser o mais fraco. De Buenos Aires a Jerusalém e de Sinaloa a Nápoles, atraiu multidões de rebeldes apaixonados como dificilmente outra celebridade aglomeraria. A idolatria é tanta – até fora da Igreja Maradoniana – que, no país mais católico do mundo, o Estádio São Paulo passará a se chamar Diego Armando Maradona: El D10S desbancou até o Apóstolo. 

    Maradona inspirou como Guevara e envaideceu-se como Fidel. Emocionou como Piazzolla e discursou como Perón. Desvirtuou-se como Escobar e amou como Neruda. Militou como García Márquez e morreu, de certo modo, como Getúlio. Com paixões, contradições, virtudes e vícios: Diego Armando Maradona é um grito latino-americano. 

quinta-feira, 19 de novembro de 2020

Acontece no UniCuritiba: Aulas de português para imigrantes e refugiados


Por Manuela Paola 


A pandemia trouxe muitas privações e uma delas foi o acesso às aulas de português para os não-falantes da língua que residem aqui no Brasil. Levando isso em consideração, o Núcleo de Migrações do Laboratório de Relações Internacionais - coordenado pela professora Michele Hastreiter - desenvolveu um curso para lecionar português para imigrantes e refugiados que querem aprender nossa língua. Quem trouxe a ideia para o LABRI foi a aluna de Relações Internacionais do Unicuritiba, Yara Hamandosh, que veio da Síria. As aulas foram todas baseadas na apostila Pode Entrar, desenvolvida pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados. O livro é dividido em 12 capítulos, assim como cada classe do curso. Os professores são os alunos de Relações Internacionais que participam do Núcleo de Migrações. 

            O início das inscrições foi no dia 12 de setembro e até o encerramento, em meados de outubro, recebeu mais de 180 respostas(!) no formulário disponibilizado. Através do formulário, o Núcleo de Migrações ficou sabendo que os alunos do curso de português pertencem a variados países e regiões do mundo: Egito, Venezuela, Iêmen, Haiti, Paraguai, Palestina, Líbia, Síria, Peru, Cuba, México e até mesmo Grécia. Na inscrição, foi perguntado o nível de português e a maioria dos alunos disse que não fala a língua ou possui um nível básico de conhecimento. Pensando nisso, os alunos passaram a ser divididos entre aqueles que falam espanhol e aqueles que falam inglês, mesmo como segunda língua. Dessa forma, a aula é mais proveitosa para os alunos e os professores.

            Além das aulas, os integrantes do LABRI criaram uma conta no Instagram com o objetivo de auxiliar ainda mais os alunos de português a aprender a língua. O perfil conta com curiosidades sobre o Brasil, dicas de filmes e explicações sobre detalhes da língua portuguesa. Para encontrar o perfil, é só procurar por @labri_unicuritiba.

O curso se encontra, atualmente, em sua oitava aula. O feedback dos alunos, que é feito através de um formulário disponibilizado ao final de cada classe, conta com muita satisfação e elogios aos professores e professoras que ministram as aulas. Aos sábados de manhã, como forma de reforço, acontecem as mentorias. Nessas aulas, onde não é passado conteúdo, os alunos podem conversar mais com os professores. Nesse momento, a troca de experiência e culturalidade se faz muito presente, além de ser uma excelente forma de praticar o português.

Internacionalize-se conversou com uma das professoras do projeto e estudante de Relações Internacionais, Maria Eduarda Bortoni. Ela nos contou como é a experiência de ser professora. "Participar do LABRI tem sido uma experiência única. Logo no primeiro semestre, quando montamos a cartilha de informações, vimos que trabalhamos muito bem com a equipe e que podíamos e queríamos ir além. Ainda sem poder realizar os atendimentos presenciais, surgiu a ideia de aulas online de português. A experiência tem sido maravilhosa, todos estamos aprendendo muito com o grupo de alunos. Na primeira aula estávamos todos bem travados, sem saber muito bem como lecionar e como o projeto iria se desenrolar na prática. Ao longo das semanas fomos ficando mais confiantes, entendemos as necessidades em relação ao idioma e nos aproximamos dos alunos. A maior beleza do projeto não é o curso de português em si, e sim o que aprendemos como seres humanos ao longo dele. Acho que falo por todos quando digo que comecei esse projeto como uma aluna perdida mas atrás de um propósito, e vou terminá-lo com o coração quentinho por saber que fizemos a diferença na vida de várias pessoas e que elas também fizeram a diferença na minha."

A idealizadora do curso, Yara, também deu seu depoimento. "Sempre quis ter a oportunidade de apoiar os imigrantes e refugiados de forma a tornarem a sua experiência mais fácil e sem muitos desafios, pois eles já têm uma vida difícil e tiveram muitos obstáculos na sua vida. Para tornar a sua difícil jornada mais fácil, pensei nas aulas de português depois que minha amiga me contou sobre suas dificuldades, e como sou refugiada e tive muitas dificuldades quando cheguei ao Brasil principalmente no idioma (era minha terceira língua a aprender), era tão diferente do árabe e do inglês e isso foi uma barreira para se comunicar com o brasileiro. Pude entender que quando você conhece a língua do país, começa a sentir que está em casa. Para que os imigrantes e refugiados se sintam em casa, nós criamos essas aulas. Essas aulas nunca aconteceriam sem o LABRI, a Professora Michele e cada aluno ajudando na criação de aulas incríveis a cada semana. As aulas são extraordinárias! Eu queria que minha primeira aula de português fosse a mesma quando cheguei ao Brasil. Com a colaboração de cada um, fizemos um jeito simples de ensinar português e temos facilitado tudo com a tradução das aulas para cinco idiomas. Este projeto é a melhor oportunidade e experiência da minha vida onde pude ver que temos potencial para ajudar, temos um novo propósito nesta vida, histórias importantes para ouvir e que as vozes importam, contando com outros sonhos a realizar e que nós estamos fazendo este projeto para impactar e fazer a diferença na vida de outras pessoas."

            As aulas deste ano já estão chegando ao fim, mas em 2021 as Aulas de Português do LABRI voltarão! Fique atento às nossas redes sociais!

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Volta ao mundo em 7 dias - Notícias de 08/11 a 14/11


  • BRASIL
    Desde o dia 3 de novembro, o estado do Amapá está sofrendo com uma crise energética motivada por uma forte chuva que ocasionou um incêndio na subestação de energia, na capital Macapá. O apagão afetou 13 dos 16 municípios do estado. Além da privação da eletricidade, os amapaenses sofreram com falta de água e de comunicação, além de dificuldades em encontrar produtos essenciais no comércio. A população foi às ruas protestar contra a situação. A energia no Amapá é providenciada por uma empresa privada Gemini Energy e pela Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). A distribuição, por outro lado, é feita pela Companhia de Eletricidade do Amapá. O restabelecimento na região está, aos poucos, voltando através do sistema do rodízio. No entanto, um dos motivos que levou os manifestantes às ruas foram as falhas no rodízio prometido pelo governo do estado. O religamento da energia no Amapá foi prometido para esse último fim de semana.

  • ARMÊNIA X AZERBAIJÃO

    A região fronteiriça de Nagorno-Karabakh é alvo de disputa entre armênios e azeris há mais de 90 anos. A Artsakh (República de Nagorno-Karabakh) declarou-se independente em 1991 - mas nenhum país da ONU a reconheceu. O território possui uma população de 150 milhões de pessoas, sendo 95% de origem armênia, de acordo com dados do governo da Armênia. Por ser maioria étnica, esse povo acredita ter o direito à região. Os azeris, por outro lado, consideram Nagorno-Karabakh parte de seu território histórico. Em 1994, foi assinado um cessar-fogo entre as partes, mediado pela Rússia. A paz mediada 30 anos atrás durou até 2016, quando novos conflitos surgiram. Em julho de 2020, os confrontos foram retomados e as tensões entre os dois países aumentaram. No último sábado (14), o governo da Armênia anunciou que mais de 2 mil soldados morreram no conflito. O anúncio chegou alguns dias depois da assinatura de um acordo de paz, novamente mediado pela Rússia. Os moradores armênio da região incendiaram suas casas em forma de protesto. 


  • PERU

    No sábado (14), dois manifestantes morreram em razão dos intensos protestos que vêm ocorrendo por conta da destituição do ex-presidente Martín Vizcarra, no dia 9 de novembro. Após o ocorrido, 13 ministros renunciaram aos seus cargos. De acordo com a Secretaria dos Direitos Humanos, mais de 90 pessoas foram feridas, além do desaparecimento de 20 outras. O presidente interino, Manuel Merino, também renunciou no domingo após pressão dos congressistas. Merino deixou seu cargo apenas 5 dias depois de assumir. 


  • EGITO

    No sítio arqueológico de Saqqara, no Egito, foram encontrados mais de 100 sarcófagos selados, além de 40 estátuas. Os itens foram enterrados há mais de 2.500 anos e, de acordo com o Ministro do Turismo e Antiguidades, Khaled el-Anany, pertencem à dinastia ptolomaica, que governou o país por volta de 320 a.C até 30 a.C. O Ministro ainda afirmou que as escavações não estão finalizadas e que ainda há mais cemitérios de sarcófagos a serem encontrados. O Saqqara abriga a primeira pirâmide da era faraônica, Djoser, além de ser uma vasta necrópole (como um cemitério antigo). Os itens encontrados serão levados para diferentes museus do Cairo. 


  • TAILÂNDIA

    Bangcoc recebeu, neste sábado, uma série de manifestações pedindo a renúncia do primeiro-ministro Prayut Chan O Cha. Os opositores afirmam que Prayut assumiu, em 2014, após um golpe; no ano passado, ele foi legitimado através de eleições polêmicas. Além das reivindicações em relação ao primeiro-ministro, os protestantes também pedem uma reforma no que tange o poder da monarquia no país, como a abolição da lei de lesa majestade, o controle da fortuna real e a não-interferência real nos assuntos políticos. Apesar da afirmação de que os protestos não seriam recebidos com violência, a polícia usou canhões de água contra os manifestantes. 




Referências

AMAPÁ completa 8 dias de caos: falha no rodízio de energia, protestos e insegurança. Brasil de Fato. 11 nov. 2020. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2020/11/11/amapa-completa-8-dias-de-caos-falha-no-rodizi o-de-energia-protestos-e-inseguranca.

APAGÃO no Amapá chega ao 11o dia com prazo judicial para restabelecimento esgotado. G1. 13 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2020/11/13/apagao-prazo-judicial-encerra-e-empresa -nao-cumpre-100percent-de-fornecimento-de-energia-no-ap.ghtml.

APAGÃO no AP chega ao 8o dia com luz 'parcelada' e improviso na rotina. G1. 10 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2020/11/10/apagao-no-amapa-chega-ao-8o-dia-com-l uz-parcelada-e-improviso-na-rotina.ghtml.

APAGÃO: operadora de subestação incendiada do AP fala em danos 'complexos' e volta da energia 'o quanto antes'. G1. 09 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/ap/amapa/noticia/2020/11/09/apagao-operadora-de-subestacao-incend iada-do-ap-fala-em-danos-complexos-e-volta-da-energia-o-quanto-antes.ghtml.

EM crise financeira, espanhola vendeu concessão de energia no Amapá em 2019. UOL. 11 nov. 2020. Disponível em: https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2020/11/11/apagao-amapa-isolux-gemini.htm? cmpid=copiaecola.

ARMÊNIA diz que mais de 2,3 mil soldados foram mortos nos confrontos de Nagorno-Karabakh. G1. 14 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/14/armenia-diz-que-mais-de-23-mil-soldados-fo ram-mortos-nos-confrontos-de-nagorno-karabakh.ghtml.

CONFRONTOS entre Armênia e Azerbaijão envolvem disputa territorial antiga no Cáucaso. G1. 28 set. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/09/28/confrontos-entre-armenia-e-azerbaijao-envol vem-disputa-territorial-antiga-no-caucaso-saiba-mais.ghtml.

APÓS 2 mortos em protesto contra impeachment, 13 ministros renunciam no Peru. F. de São Paulo. 15 nov. 2020. Disponível em:

https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/11/tres-pessoas-morrem-no-peru-em-protestos-c ontra-impeachment-de-vizcarra.shtml.
PRESIDENTE interino do Peru renuncia com menos de uma semana no cargo.
G1. 15 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/15/presidente-interino-do-peru-renuncia-com-m enos-de-uma-semana-no-cargo.ghtml.

EGITO anuncia descoberta de mais de 100 sarcófagos com cerca de 2,5 mil anos. G1. 14 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/14/egito-anuncia-descoberta-de-mais-de-100-s arcofagos-com-cerca-de-25-mil-anos-fotos.ghtml.

MILHARES de manifestantes pedem a saída de primeiro-ministro da Tailândia. G1. 14 nov. 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/14/milhares-de-manifestantes-pedem-a-saida-d e-primeiro-ministro-da-tailandia.ghtml









quarta-feira, 11 de novembro de 2020

#ENDSARS - os protestos na Nigéria contra a violência policial

 



No mês de outubro, a Nigéria presenciou uma série de protestos em seu território, pedindo o fim da SARS - Special Anti-Robbery Squad, uma unidade especial da polícia nigeriana para combater roubos e assaltos, como o próprio nome sugere, que existe desde 1992. Os protestos que demandam o fim dessa unidade têm como base múltiplas denúncias: detenções arbitrárias, extorsões e até mesmo assassinatos. A ONG Anistia Internacional, já em 2016, alertava para os métodos brutos que a SARS utilizava como meio de obter informações. Em junho, a organização lançou outro relatório, que continha 82 casos de tortura e execuções extra-judiciais e aconteceram entre janeiro de 2017 e maio de 2020. Em 11 de outubro deste ano, o presidente nigeriano Muhammadu Buhari anunciou a dissolução da SARS, prometendo reformar a unidade. Os membros serão realocados e uma nova legislação para investigar os crimes cometidos será promulgada, de acordo com uma diretiva presidencial.

No entanto, a situação política e econômica da Nigéria fez com que os protestantes continuassem nas ruas. Além disso, a SARS já passou por algumas reformas, com promessas de melhorias, mas para os nigerianos, a unidade policial não se alterou. Por isso, as manifestações pedem a reforma de toda a força policial. A Nigéria, sendo a maior economia da África, ainda depende enormemente da produção de petróleo. No entanto, o país está a beira de enfrentar a pior recessão em 30 anos, com a inflação em 13%. A pandemia, a economia precarizada e o setor petrolífero em crise são combustíveis para as manifestações nas ruas nigerianas. Os protestos que resultaram na paralisação da capital da Nigéria, Abuja, e em sua maior cidade, Lagos, certamente influenciaram na piora da economia, mesmo que em menor escala.

Em 2017, uma campanha no twitter com a #EndSARS fez efeito para que as autoridades policiais aceitassem reorganizar a unidade policial. Em 2020, o movimento voltou com força depois da divulgação de um vídeo em que os policiais da SARS atiraram em um nigeriano no estado de Delta. O movimento novamente tomou as redes sociais, atraindo a atenção de celebridades, como John Boyega, Beyoncé, Kanye West e o fundador do Twitter Jack Dorsey. As manifestações pacíficas foram recebidas com violência pela polícia, e de acordo com a Anistia Internacional, 10 pessoas morreram, além de milhares de feridos. Além dos protestos na própria Nigéria, manifestações por parte de nigerianos aconteceram no Canadá, Alemanha, EUA e Inglaterra, em solidariedade a seus conterrâneos. 

Internacionalize-se conversou com Samuel Glorious Akhabue, um nigeriano de 24 anos que mora em São Paulo. Samuel é jogador de futebol e faz parte do time J. Malucelli. 

Como era o sentimento de estar na rua e ver algo relacionado ao SARS?

Ver ou vivenciar uma situação relacionada à SARS é assustador, é uma situação que não se pode controlar por mais educado que seja a pessoa. Esses oficiais da SARS oprimem e extorquem dinheiro de cidadãos inocentes; imagine ser preso porque você tem um iPhone ou um bom carro. Eles intimidam as pessoas a abrirem seus celulares para que possam acessar aplicativos e conversas no WhatsApp sem mandado de busca e apreensão. Ouvimos e vimos casos em vídeos de oficiais da SARS extorquindo dinheiro de cidadãos inocentes com máquinas POS, às vezes eles os levam ao caixa eletrônico do banco para que a vítima retire dinheiro para eles. Em novembro do ano passado, meu irmão, que mora no estado do Delta de Ughelli, Nigéria, foi pego em uma noite de domingo por oficiais da SARS sem uniforme e com um ônibus sem placa. Eles o seguraram por horas porque ele não poderia dar-lhes dinheiro, até que eles concordaram em receber o depósito de minha mãe em outra cidade próxima na conta de outra pessoa que também o segurou naquela noite, então não pode ser rastreado até eles. Então imagine o nível de corrupção e opressão que o povo da Nigéria está sofrendo diariamente por tantos anos."

 

Quais resultados você acha que as manifestações podem trazer?

O governo é tão corrupto e eles se preocupam menos com o bem-estar dos cidadãos, então a manifestação foi uma demonstração da frustração de todos, especialmente dos jovens, que são caçados por esses oficiais da SARS, que querem viver e não serem mortos e detidos diariamente por este setor da polícia. Basicamente, o movimento #EndSARS começou online por jovens nigerianos antes de se tornar um protesto pacífico em quase todas as cidades em todos os estados da Nigéria. Foi enorme a paz no início, até que a polícia e os militares começaram a usar força como gás lacrimogêneo e canhões de água contra os pacíficos manifestantes e, em seguida, algumas pessoas no governo começaram a contratar bandidos para atrapalhar o protesto pacífico. O único resultado que posso dizer que conseguimos agora será a consciência que nós, os jovens nigerianos, criamos para que a comunidade internacional saiba o que estamos passando, pelo menos organizações como Anistia Internacional e outros organismos agora estão cientes do crime de violação dos direitos humanos do povo da Nigéria pela administração Buhari (atual presidente da Nigéria).

 

O que você acha do engajamento dos famosos na situação da Nigéria?

Esta foi uma das poucas vezes na história da Nigéria em que vimos o famoso e o nigeriano médio marcharem solidariamente lado a lado, sem ninguém ter sido tão elevado, foi uma visão gloriosa e um momento muito compatriota em nossa história, nós teve a famosa caminhada sem guarda-costas na rua de lagos lado a lado com os pobres e médios nigerianos na luta pelo direito e liberdade do povo. Muitas pessoas estavam doando alimentos, água, cuidados médicos, segurança e muito mais para os manifestantes dispostos sem que fossem solicitados a fazê-lo. O protesto #EndSARS foi uma demonstração também de unidade na diversidade.

 

O que você sugere que as pessoas aqui no Brasil façam para ajudar a conscientizar sobre o assunto?

Nós, nigerianos, aqui em São Paulo, já realizamos duas manifestações pacíficas no centro da cidade, conscientizando a comunidade brasileira sobre a luta do nosso povo na Nigéria. No dia 20 de outubro o governo nigeriano enviou o exército para atirar em manifestantes pacíficos na praça de pedágio de Lekki, muitas pessoas foram mortas e muitas outras ficaram feridas com tiros, foi um massacre de nigerianos agitando bandeiras da Nigéria e cantando o hino nacional enquanto era tocado pelos militares da Nigéria que supostamente os protegiam. Chorei sem parar ao vê-lo ao vivo no Instagram. Foi uma visão desumana. Acredito que o governo brasileiro tem laços culturais e econômicos com a Nigéria, eles poderiam ajudar, envolvendo por meio de perguntas o atual governo sobre essas mortes sem sentido e violações dos direitos humanos do governo nigeriano contra seu povo.

            Samuel concedeu ao Internacionalize-se fotos do protesto feito em São Paulo por parte da população nigeriana.




O depoimento de Samuel deixa muito claro que a situação na Nigéria não pode ser ignorada, especialmente pela comunidade internacional. Nas palavras do jovem nigeriano sobre a matéria no nosso blog, "isso ajudará a criar mais consciência para a comunidade internacional em relação à nossa luta". 

 

 

END SARS: Why Nigeria's anti-police brutality protests have gone global. Sky News. 21 out. 2020. Disponível em: https://news.sky.com/story/end-sars-why-nigerias-anti-police-brutality-protests-have-gone-global-12107555.

NIGÉRIA dissolve unidade de elite da polícia acusada de torturas. Mundo ao Minuto. 11 out. 2020. Disponível em: https://www.noticiasaominuto.com/mundo/1602243/nigeria-dissolve-unidade-de-elite-da-policia-acusada-de-torturas.

AS Nigeria’s SARS protests swell, its economic recovery hangs in the balance. CNBC. 2 nov. 2020. Dusponível em: https://www.cnbc.com/2020/11/02/as-nigerias-sars-protests-swell-its-economic-recovery-hangs-in-the-balance.html.

CENTENAS protestam contra violência policial na Nigéria; polícia dispersa  manifestantes a tiros, diz agência. G1. 20 out 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/10/20/centenas-protestam-contra-violencia-policial-na-nigeria-policia-dispersa-manifestantes-a-tiros-diz-agencia.ghtml.

KANYE West and other stars join global protests over police brutality in Nigeria. CNN. 13 out. 2020. Disponível em: https://edition.cnn.com/2020/10/13/africa/global-end-sars-protests-nigeria-intl/index.html.

TIROS contra manifestantes geram onda de indignação na Nigéria. Deutsche Welle. 21 out. 2020. Disponível em: https://www.dw.com/pt-002/tiros-contra-manifestantes-geram-onda-de-indigna%C3%A7%C3%A3o-na-nig%C3%A9ria/a-55346120.

 

terça-feira, 10 de novembro de 2020

Volta ao mundo em 7 dias - Notícias 01/11 a 07/11

 



  • ESTADOS UNIDOS

    A notícia mais comentada da semana com certeza foi a eleição americana a vitória de Joe Biden. Desde o dia 4 as tensões estavam aumentando com relação à eleição norte-americana, isso porque apesar das projeções de vitória da chapa Biden/Harris, a vitória ainda não era tão palpável. Logo no começo das apurações, Donald Trump tinha conquistados vantagem entre os principais estados americanos e ameaçava uma vitória tímida. Assim, os resultados pareciam incertos: se de um lado as projeções apontavam a vitória à Biden, o início das contagens tinham Trump como vencedor. Afinal, depois de três dias de tensões, a vitória foi dada à Joe Biden e Kamala Harris, que venceram mesmo sem a apuração total dos votos e representam uma mudança não só na política doméstica estadunidense, mas que deve impactar profundamente o sistema internacional.

    Além disso, os Estados Unidos assistiram a eleição da primeira senadora estadual transgênero da história do país, marco importante para os direitos LGBTQ+ no país e no mundo. A democrata Sarah McBride foi eleita para a Câmara Alta do Legislativo bicameral de Delaware, na Costa Leste.

  • AMÉRICA CENTRAL

    Nessa semana, os países da América Central foram protagonistas de uma série de desastres naturais, causados pela tempestade Eta. Na Guatemala, a tempestade afetou diretamente cerca de 75 mil pessoas, deixando 100 mortos e 150 casas soterradas em razão de deslizamentos. A mesma tempestade causou inúmeros alagamentos e forçou pessoas a saírem de suas casas na Nicarágua e em Honduras, onde pelo menos 559 pessoas tiveram que se mudar para abrigos ou ir para casas de parentes para escapar de inundações.

  • PERU

    Na segunda-feira dia 02 de novembro o congresso peruano aprovou contra o presidente Martín Vizcarra, um novo processo de impeachment. O processo seria o segundo em menos de dois meses é reflexo dos escândalos de corrupção no qual o atual presidente se envolveu. Segundo o G1, Vizcarra é agora acusado é de receber subornos de 2,3 milhões de soles (cerca de R$ 4 milhões) por obras em Moquegua, região na qual Vizcarra foi governador entre 2011 e 2014. 

  • NOVA ZELÂNDIA

    No início desta semana que passou, a Nova Zelândia novamente fez história ao indicar Nanaia Mahuta como ministra das Relações Exteriores do país. A indicação, anunciada pela presidente Jacinda Ardern na segunda-feira (2), fez de Mahuta a primeira mulher indígena a assumir o cargo. Além da importância para a população indígena, a indicação certamente contribuiu para a diversidade do corpo parlamentar neozelandês, que é hoje considerado um dos mais diversos do mundo, com grande representação feminina, além da presença de outros quatro ministros maoris que compõem o governo de Ardern. No dia 02 de novembro a cidade de Viena na Áustria foi vítima de um atentado terrorista que deixou quatro pessoas mortas e 23 feridos. O ataque foi realizado por um jovem de 20 anos associado ao grupo jihadista Estado Islâmico, que mais tarde que afirmou ter comandado o ataque. Após o ataque, as autoridades austríacas ordenaram o fechamento de dois lugares de adoração islâmicos frequentados pelo terrorista: uma mesquita e uma associação islâmica. 

  • BOLÍVIA

    Depois de ser declarado como vencedor em 18 de outubro, o presidente e sucessor de Evo Morales, Luis Arce sofreu uma tentativa de atentado. Segundo o Movimento ao Socialismo (MAS), a sede do partido de Arce em La Paz foi alvo de um atentado terrorista com dinamites no dia 05 deste mês de novembro. O atentado não deixou feridos, mas demonstra o descontentamento de alguns setores da sociedade boliviana - que pede por uma auditoria das eleições - apesar da vitória em grande vantagem de Arce e do reconhecimento de seu governo tanto dentro como fora do país. 

  • ETIÓPIA

    Na Etiópia, o governo se mobilizou para a guerra na região norte de Tigray na quinta-feira (5). A mobilização vai contra as expectativas internacionais, que esperavam que as tensões entre o governo de Abiy Ahmed e a Frente de Libertação Popular de Tigray (TPLF) (poderosa facção étnica que liderou a coalizão governista por décadas) não se transformasse em um conflito. Segundo fontes humanitárias, bombardeios e tiros foram ouvidos na área desde as primeiras horas da quinta-feira, e cerca de 20 soldados foram tratados em uma clínica perto da fronteira com a região de Amhara. Apesar de ter ganhado o Prêmio Nobel da Paz em 2019 pelo fim do conflito com a Eritréia, Abiy tem se mostrado incapaz de lidar com os conflitos internos da Etiópia, e ao contrário do esperado, o que vemos é uma aproximação de uma guerra civil pelo controle do país. 

Referências:

Austria closes Vienna mosque after deadly attack. DW. 06 nov. 2020. Disponível em: <https://www.dw.com/en/austria-closes-vienna-mosque-after-deadly-attack/a-55523158>.


BARRAGAN, Almudena. Sarah McBride é eleita a primeira senadora estadual transgênero nos EUA. El País. 04 nov. 2020. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/internacional/2020-11-04/sarah-mcbride-a-primeira-senadora-estadual-transgenero-nos-eua.html>.


BEAUREGARD, Luís Pablo. CAMHAJI, Elias. Trump larga em vantagem nos Estados-chave que decidirão disputa com Biden. El País. 04 nov. 2020. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/internacional/2020-11-04/trump-larga-em-vantagem-nos-estados-chave-que-decidirao-disputa-com-biden.html>.


BRAUN, Julia. Presidente eleito da Bolívia sofreu tentativa de atentado, diz partido . Veja. 06 nov. 2020. Disponível em: <https://veja.abril.com.br/mundo/presidente-eleito-da-bolivia-sofreu-tentativa-de-atentado-diz-partido/>.


Congresso do Peru abre novo processo de impeachment contra Martín Vizcarra. G1. 02 nov. 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/02/congresso-do-peru-abre-novo-processo-de-impeachment-contra-martin-vizcarra.ghtml>.


JONES, Dustin. New Zealand Appoints First Indigenous Female Foreign Minister. NPR. 02 nov. 2020. Disponível em: <https://www.npr.org/2020/11/02/930555629/new-zealand-appoints-first-indigenous-female-foreign-minister>.


MENCHU, Sofia. Tempestade Eta soterra 150 casas na Guatemala e deixa cerca de 100 mortos. G1. 06 nov. 2020. Disponível em: <https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/11/06/tempestade-eta-soterra-150-casas-na-guatemala-e-deixa-cerca-de-100-mortos.ghtml>.


Mudança de era. El País. 08 nov. 2020. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/internacional/2020-11-08/mudanca-de-era.html>.


PARAVICINI, Giulia. ENDESHAW,  Dawit. Ethiopia mobilises for war in northern region. Reuters. 05 nov. 2020. Disponível em: <https://www.reuters.com/article/us-ethiopia-conflict/ethiopia-mobilises-for-war-in-northern-region-idUSKBN27L1L8>.


Storm Eta lashes Nicaragua with rains, deadly mudslides. Al Jazeera. 04 nov. 2020. Disponível em: <https://www.aljazeera.com/news/2020/11/4/storm-eta-lashes-nicaragua-with-rains-deadly-mudslides>.


Vienna shooting: What we know about 'Islamist terror' attack. BBC. 04 nov. 2020. Disponível em: <https://www.bbc.com/news/world-europe-54798508>.

quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Sistema Eleitoral dos EUA: para entender de vez!

 


Por Pedro Henrique Oliveira*

  Durante as apurações dos votos para decidir qual será o próximo presidente norte-americano, notei movimentação nas redes sociais sobre o quão complexo o sistema eleitoral dos Estados Unidos da América pode parecer. Com isso, segue abaixo um guia básico do processo com o qual os norte-americanos escolhem seu presidente e a função do tão falado colégio eleitoral.

 

 

  Diferente da maioria dos países, onde o voto popular escolhe diretamente o presidente, as eleições americanas possuem, entre o voto popular e o novo eleito, o colégio eleitoral. A explicação começa no Congresso, que é formado por duas partes: a Câmara dos Representantes, onde cada estado pode eleger uma quantidade de representantes equivalente à sua população, e o Senado, onde cada estado elege dois senadores. 


  O colégio eleitoral é baseado em como as pessoas são representadas no Congresso. Por exemplo, o Estado da Califórnia, com 39 milhões de habitantes, possui 53 cadeiras na Câmara dos Representantes e combinando com os dois senadores, a Califórnia tem 55 votos eleitorais. O Alaska, por sua vez, possui apenas uma cadeira na Câmara dos Representantes, dando-lhe apenas 3 votos eleitorais. Dessa maneira, quando um americano vota, está, na verdade, escolhendo em quem seu estado votará. Para vencer, um candidato à presidência precisa conquistar a maioria dos votos eleitorais: 270 de 538.    É este sistema que explica a perca de Hillary Clinton nas eleições de 2016, a candidata venceu em votos populares, mas não venceu em estados chaves para garantir a maioria dos votos do Colégio Eleitoral. 

 

  O colégio eleitoral é formado por membros republicanos ou democratas. Em um estado, se o candidato à presidência ganhar em votos populares, ele recebe todos os votos do colégio independente da formação partidária. Por exemplo, este ano, Joe Biden venceu na Califórnia em votos populares, desta maneira, todos os delegados entregam seus votos ao candidato democrata, mesmo se houver republicanos na formação. Mas Biden, com certeza, não estava preocupado com os resultados na Califórnia, estado com histórico que mostra favoritismo por candidatos democratas. E nem Donald Trump pensou em intensificar sua campanha no Estado de Wyoming, considerado um “Red State”, que costuma eleger candidatos republicanos. Os estados determinantes e onde as campanhas realmente tomam força são os “Swing States”.


  Swing State, ou estado pendular, é o termo utilizado para o estado em que nenhum candidato, republicano e democrata, pode garantir sua vitória, ou seja, não possui a maioria das intenções de voto. Um estado pendular geralmente não tem um padrão de vitórias nas eleições passadas que beneficia regularmente mais o partido republicano ou o democrata, o histórico mostra uma instabilidade na escolha de partido. Em 2016, por exemplo, Hillary Clinton não fez um único evento de campanha na Califórnia, e Donald Trump visitou o Texas somente uma vez, mas ambos os candidatos fizeram mais de 30 eventos de campanha na Flórida, que foi um “Swing State”, ou seja, estado decisivo no resultado da eleição do presidente. Este ano, os estados de concentração de campanhas são Arizona, Iowa, Ohio, North Carolina, Georgia, Florida e Pennsylvania.


  Com o decorrer dos anos, muitos contestaram e fizeram esforços para mudar o sistema eleitoral e banir o Colégio Eleitoral dos Estados Unidos, mas defensores afirmam que esse sistema entrega resultados mais precisos e se encontra enraizado na constituição. 

  

*Pedro Henrique Oliveira é aluno do 4 período do curso de Relações Internacionais do UniCuritiba. 


REFERÊNCIAS:

United States Presidential Election of 2016. Britannica. 2016. https://www.britannica.com/topic/United-States-presidential-election-of-2016


US election 2020: What is the electoral college?. BBC. 2020.

https://www.bbc.com/news/amp/world-us-canada-53558176

Constitution of the United States. United States Senate. https://www.senate.gov/civics/constitution_item/constitution.htm

 

2020    Election. Vox. 2020. https://www.vox.com/2020-presidential-election


WHY does the United States use the electoral college. Kare 11. https://www.kare11.com/amp/article/news/nation-world/how-many-electoral-votes-does-each-state-have-for-2020-presidential-election/507-7b3d52f4-ea66-4bbd-bfcf-3eb29f17586c


13 battleground states to watch in the 2020 election. CBS News2020.https://www.cbsnews.com/amp/news/swing-states-2020-presidential-election/