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terça-feira, 25 de agosto de 2020

Volta ao mundo em 7 dias- notícias de 17/08 a 24/08

 

Por Alecia Alves

·      CRISE NA BIELORÚSSIA

Um dos grandes destaques nos principais portais de notícias internacionais foi a crise na Bielorrúsia, onde o presidente Aleksandr Lukashenko - considerado o último ditador europeu e que está no poder há mais de 26 anos - foi eleito novamente com aproximadamente 80% dos votos. A eleição é considerada por muitos Estados e pela população como fraudulenta. De acordo com o alto representante europeu para Relações Exteriores, Josep Borrell, a União Europeia não o reconhece como presidente legítimo, assim como parte da comunidade internacional. 

A população se manifestou em protestos massivos que reuniu na capital Minsk e em outras cidades, dezenas de milhares de pessoas, mesmo com ameaças de retaliação por parte do governo. Além disso houveram greves nas principais empresas estatais, um dos grandes pilares da economia da Bielorrússia. De acordo com diversas organizações de direitos humanos, as manifestações foram duramente reprimidas, com até mesmo torturas e mortes.

Na campanha de oposição, Aleksandr Lukashenko enfrentava um trio de mulheres composto por Veronika Zepkalo, Svetlana Tikhanovskaya e Maria Kolesnikov. Apenas Maria Kolesnikov permanece no país, Zepkalo foi forçada a fugir para Moscow e Svetlana Tikhanovskaya, negou-se a aceitar os resultados e exilou-se na Lituânia- temendo pela sua segurança e de sua família. Tijanovskaya publicou um vídeo no YouTube no qual se disponibiliza a liderar a Bielorrussia em um processo de transição e de uma nova eleição democrática que seja reconhecida internacionalmente. 

                          


                                          Veronika Zepkalo, Svetlana Tikhanovskaya and Maria Kolesnikov


·      USA

      Nos Estados Unidos as notícias inflamaram o cenário em que as eleições presidenciais estão prestes a ocorrer. Steven Bannon, ex conselheiro da Casa Branca e guia da campanha eleitoral de Donald Trump 4 anos atrás, foi acusado de estelionato por desviar recursos doados para a construção do muro que separaria os Estados Unidos do México. A campanha We Build the Wall (Nós construímos o muro) foi um dos elementos mais importantes e simbólicos prometido na campanha do atual presidente, como uma tentativa de impedir a imigração ilegal. A campanha conseguiu arrecadar cerca de 25 milhões dólares, dos quais uma parte teria sido desviada por Bannon e outros investigados. Bannon é um líder da extrema direita e do nacionalismo branco, foi escolhido em 2016 como chefe da campanha eleitoral de Donald Trump e tornou-se estrategista-chefe do governo durante seu mandato, sendo demitido em 2017. Bannon foi preso e depois liberado após pagar uma fiança de 5 milhões de dólares. Trump nega ter qualquer envolvimento com o caso e alega não ter conhecimento sobre o projeto, nem ter contato com Bannon há anos.



     Além disso, ainda essa semana, Donald Trump acusou o orgão FDA (Food and Drug Administration), a agência federal do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, de retardar o processo de vacinação contra o Coronavírus, com o intuito de prejudicar seus planos de reeleição. Trump, no entanto, não apresentou evidências para corroborar a acusação. O órgão nega e garante que o processo de liberação da vacina está ocorrendo o mais rápido possível, mas dentro do que a ciência permite. 


       Ainda no contexto Norte Americano, a lei “Delivering for America” foi aprovada, garantindo a liberação de 25 bilhões de dólares, destinados a socorrer os Correios, que vinham passando por uma crise. Esta se tornou uma questão urgente, uma vez que a votação por correspondência deverá crescer nas eleições de novembro, devido a pandemia. Donald Trump é hostil à ideia, pois acredita que seja um meio suscetível a fraudes. Não obstante, o próprio presidente está habituado a utilizar esse sistema de votação. 



·      POSSÍVEL ENVENENAMENTO DO PRINCIPAL OPOSITOR POLÍTICO DE VLADIMIR PUTIN 

        O ativista político Alexéi Navalni, principal opositor e crítico ferrenho de Vladimir Putin foi internado em estado grave após passar mal em um voo com destino a Moscow. Os médicos russos que o atenderam na Sibéria diagnosticaram uma doença metabólica causada por baixas taxas de glicose. A assessoria e partidários de Navalni, no entanto, estão convencidos de que ele tenha sido vítima de envenenamento e as provas, ocultadas. Também acusam o Kremlin de tentar impedir que Navalni fosse tratado no exterior e transportado da Sibéria para a Alemanha, o que colocava sua vida em risco. 

       O incidente ocorreu na quinta-feira (20), mas a transferência só ocorreu no sábado (22) após pressões internacionais. Já na Alemanha, o político permanece em coma, novos exames foram feitos e espera-se um novo relatório médico. Não obstante, a equipe alemã solicitou ao governo Russo a ficha médica do seu primeiro atendimento. Existem várias versões a respeito do caso: relatos de que uma substância perigosa havia sido encontrada no corpo do ativista; acusações de negligência; golpe e perseguição política. Tudo isso deixando a entender que muito precisa ser esclarecido. 

      Alexéi Nalvani é o opositor mais carismático de Putin, tendo forte atuação contra o regime do atual governo Russo. Em 2012 e 2014, sofreu detenções que foram consideradas pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humanos como violações a seus direitos humanos, por terem motivação política. Atualmente, o político se preparava para as eleições que vão ocorrer em setembro e eram motivo de sua viagem. As informações continuam sendo contraditórias, mas o estado de saúde de Nalvani é estável e os médicos afirmam que sua vida não está mais em perigo.  




·      ONDA DE MASSACRES NA COLÔMBIA

       Em apenas uma semana a Colômbia registrou quatro massacres em diversas regiões do sudoeste do país e que foram supostamente cometidos por grupos financiados pelo narcotráfico. O último massacre, registrado no dia 22, deixou pelo menos seis mortos no município de Tumaco, La Guayacana e soma-se aos ocorridos na mesma semana, nos dias 21 e 18 de agosto. Trata-se da pior onda de ataques que já ocorreu no país desde a assinatura do acordo de paz com as FARC, em 2016. Acredita-se que os envolvidos sejam membros de grupos dissidentes do acordo de paz com as FARC e de quadrilhas de narcotráfico.

       De acordo com a Organização das Nações Unidas, no ano de 2020 já foram registrados 33 massacres, dos quais quatro ocorreram nesta semana e  deixaram 17 mortos, e cinco nas últimas duas semanas. Homens armados assassinaram cinco indígenas da comunidade Awá; jovens entre 19 e 25 anos em Santa Catalina; menores com idades entre 14 e 15 anos em Cali, capital do Valle Del Cauca, e uma mulher de 26 anos horas antes na mesma região. O presidente Iván Duque deverá se reunir com autoridades do sudoeste do país, onde se agravou a violência, para avaliar esta nova onda de terror.




·      GOLPE DE ESTADO NO MALI

       O presidente da República do Mali, Ibrahim Boubacar Keita, teve que renunciar o seu cargo e dissolver seu governo após um grupo de militares invadir a base militar próxima a sua residência. Na base, foram mantidos em cativeiro Keita e seu primeiro ministro. A junta militar que tomou o poder do país teve grande apoio da população, que protestava pela renúncia do presidente devido a insatisfação com a administração do governo de Keita em meio à crise econômica que o país passa há anos.

      Os militares afirmam não terem intenção de se manter no poder e sim, de liderar o país durante três anos, num processo de transição para um governo civil estável e com instituições fortalecidas. Também afirmam terem completado o trabalho dos protestos da população.  A transição será liderada por uma cúpula militar comandada por um soldado que também será o chefe de Estado, a promessa é que haja eleições em um período de tempo razoável. O grupo também concordou em libertar Keita e os outros líderes políticos detidos desde o golpe. O atual líder, Coronel Assimi Goita e os mediadores da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental(CEDEAO) -bloco regional comandado pelo atual presidente da Nigéria- reuniram-se para discutir os rumos do país, mas não deram detalhes do que foi acordado. 

     A notícia do golpe de Estado foi mal recebida no Sistema Internacional. A União Africana retirou Mali do bloco, a CEDEAO  fechou as fronteiras do Mali e pediu sanções por parte da União Europeia. A chanceler Angela Merkel espera que haja estabilidade e condições pacíficas no Mali e os Estados Unidos e a ONU condenaram o golpe, pedindo a libertação imediata dos presos políticos.





Referências:

CUÉ, Carlos E. El País. Chanceler da UE: “Lukashenko é como Maduro. Não o reconhecemos, mas é preciso lidar com ele”. Brasil, 23 de agosto de 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2020-08-23/borrell-lukashenko-e-como-maduro-nao-o-reconhecemos-mas-e-preciso-lidar-com-ele.html

WALTER, Jean D.  Maria Kolesnikova: The Belarus opposition leader eyeing fair elections. DW BRASIL. Europe, 20 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.dw.com/en/maria-kolesnikova-the-belarus-opposition-leader-eyeing-fair-elections/a-54639775

GUIMÓN, Pablo. Acusado de fraude, Steve Bannon deixa prisão após pagar fiança milionária. El País. Washington. 20 de agosto de 2020. Disponível em: https://brasil.elpais.com/internacional/2020-08-20/acusado-de-fraude-steve-bannon-deixa-prisao-apos-pagar-fianca-milionaria.html

D’ANTONIO, Michael. What Steve Bannon arrest reveals about 'building the wall'. CNN USA. Honk Kong. 22 de agosto de 2020. Disponível em: https://edition.cnn.com/2020/08/21/opinions/steve-bannon-build-the-wall-fraud-dantonio/index.html

STRACQUALURSI, Veronica. Trump, without evidence, accuses FDA of delaying coronavirus vaccine trials and pressures agency chief. CNN USA. 23 de agosto de 2020. Disponível em: https://edition.cnn.com/2020/08/22/politics/trump-fda-coronavirus-vaccine/index.html

G1. Câmara dos EUA aprova verba bilionária para Correios em meio à debate sobre voto por correspondência. Brasil. 22 de agosto de 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/08/22/camara-dos-eua-aprova-verba-bilionaria-para-correios-em-meio-a-debate-sobre-voto-por-correspondencia.ghtml

DW MUNDO. Médicos russos vetam transferência de Navalny para Alemanha. Brasil. 21 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/m%C3%A9dicos-russos-vetam-transfer%C3%AAncia-de-navalny-para-alemanha/a-54647140

ALJAZEERA NEWS. German hospital: Clinical findings point to Navalny's poisoning. Rússia. 24 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2020/08/german-government-navalny-poisoned-200824105845407.html

G1 MUNDO. Massacres na Colômbia deixam mais de 10 mortos. Brasil. 22 de agosto de 2020. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2020/08/22/massacres-na-colombia-deixam-mais-de-10-mortos.ghtml

RAMPIETTE, Alessandro. Colombia: 17 youth dead in attacks by armed groups in 24 hoursAljazeera. Colômbia. 23 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2020/08/colombia-17-youth-dead-attacks-armed-groups-24-hours-200823093123607.html

NARANJO, José. Golpe de Estado no Mali força presidente a renunciar após meses de instabilidade. El País. Dacar. 19 de agosto de 2020. Disponível em:  https://brasil.elpais.com/internacional/2020-08-19/golpe-de-estado-no-mali-forca-presidente-a-renunciar-apos-meses-de-instabilidade.html

AFP, Reuters. Comunidade internacional condena golpe de Estado no Mali. DW Internacional. 20 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.dw.com/pt-002/comunidade-internacional-condena-golpe-de-estado-no-mali/a-54629822

Aljazeera. Mali's president resigns amid military mutiny. Mali. 24 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.aljazeera.com/programmes/newsfeed/2020/08/mali-president-resigns-military-mutiny-200824075801523.html

Aljazeera. Mali: Military want three year transition, Keita to be freedMali. 24 de agosto de 2020. Disponível em: https://www.aljazeera.com/news/2020/08/mali-military-year-transition-keita-freed-200823235345682.html


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