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quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Mulheres de Destaque: Patrícia Tendolini: a economista que já formou centenas de internacionalistas




Por Maria Letícia Cornassini


Há quase quatro anos, o curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA é coordenado pela economista de formação Patrícia Tendolini. Na verdade, ela quase não foi economista. Acontece que na época em que foi realizar a escolha por qual curso seguir, e já sabendo que gostava tanto do universo de humanas quanto do de exatas, Patrícia iria optar por administração. A escolha por economia foi motivada pela vontade de fazer algo diferente do irmão, mas que ainda mantivesse seus dois gostos unidos.



Já na faculdade ingressou em um estágio na ExxonMobil e permaneceu na empresa até a época em que passou a realizar um trabalho mais efetivo na economia, já em um banco. Conta que uma de suas memórias mais marcantes na faculdade são justamente aquelas que conta em sala de aula: as experiências com os professores, em especial seu professor de macroeconomia, John Sayad.



No banco, ingressou como analista de investimentos júnior, no que pensava ser seu emprego dos sonhos. Pensava. A realidade foi que apesar de ter a oportunidade de viajar por muitos lugares, o ambiente de trabalho era muito tóxico e machista, com um nível de pressão muito alto. A mudança para Curitiba veio junto com sua aceitação no programa de mestrado da UFPR.



Anos depois, a lei da oferta e da demanda realmente se fez presente na vida da professora. Quando estava cursando seu mestrado na UFPR, viu nos horários flexíveis da docência uma chance de aliar um emprego e aumentar a renda ao mesmo tempo em que dava continuidade ao mestrado. Mal sabia ela que o emprego que encontrou assim, meio que por acaso, seria aquele pelo qual ela se apaixonaria e de fato pensasse “encontrei meu trabalho dos sonhos”. Aqui no UniCuritiba começou em 2001, no curso de Administração. A entrada no meio das Relações Internacionais aconteceu um pouco depois, em uma disciplina. Agora, quase 20 anos após iniciar na docência, é a coordenadora do curso.



Ela conta que, além dos anos dando aula, o que foi levado em conta para que assumisse a coordenação foi o seu perfil pessoal. Tinha-se a necessidade de alguém que se desse bem tanto com alunos como com os professores. Para ela, os maiores desafios da coordenação são a cobrança que recebe de ambos os lados e as situações que fogem de seu alcance. Diz que sua equipe de professores é ótima e que teve a chance de contar com alunos compreensivos. Mas apesar de tantos anos de experiência lecionando, ela afirma que provavelmente nunca teria aceitado o cargo, não fosse pela experiência de mudança profunda - que, segundo ela, alterou até mesmo a forma com que ela se relaciona com as pessoas: o falecimento de seu filho.



Quem vê a professora Patrícia andando pelos corredores esbanjando calma e confiança e dando aula com tanta certeza e gosto nunca iria imaginar que, na verdade, uma de suas maiores dificuldades é falar em público. A professora conta que cada vez que precisa falar em público precisa se planejar.



Ela conta que sua mãe sempre a criou de modo igual a seus irmãos, e que por isso, sempre foi independente e nunca ligou nem reparou em comentários, mas que hoje, após olhar toda sua trajetória, percebe que muitas vezes os comentários e brincadeiras que presenciou eram sim, machistas. Conta também que, apesar de ter tantas áreas em sua vida- mãe, professora, coordenadora-, consegue equilibrar todas elas mantendo o equilíbrio mental. Diz que não costuma pensar muito no futuro, a não ser com seus filhos. Ela crê que não existe progressão maior que a carreira de professora.



Com uma vida permeada de acasos, Patrícia não imaginava que um dia assumiria o posto de inspiradora de outros alunos, assim como seus professores um dia foram para ela.



A realidade é que poucas vezes paramos para pensar que, para gerir tantas grandes mulheres, e tantas outras que buscam se tornar grandes, é preciso de uma grande mulher de destaque. Uma mulher que seja resiliente, que esboce plenitude para os alunos e professores e que realmente vista uma capa e se transforme em uma heroína.



É exatamente isto o que faz a economista que nos gerencia.

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