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segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Em pauta: Os Poderosos Chefões da vida real






Por Maria Letícia Cornassini.




Há anos que a clássica imagem de mafioso permeando o imaginário das pessoas é aquela retratada pelo filme “O Poderoso Chefão”. Don Corleone sentado em uma poltrona imponente, sendo chamado de padrinho e prestando serviços não tão em conformidade com as leis. Mas se por um lado o clássico da cinedramaturgia retrata Don Corleone de modo ligeiramente dramatizado, retrata também com extrema clareza e detalhes- que até fazem o telespectador cogitar sua veracidade- o poder exercido pela Máfia.

Poucos sabem, mas os renomados grupos de crime organizado, as máfias, não possuem origens certas e definidas. A teoria mais aceita é a de que os rituais e regras seguidos pelas organizações remontam dos tempos dos Cavaleiros Templários, que ocuparam a Sicília e outros lugares na costa italiana do Mediterrâneo. Já, a formação dos primeiros grupos, data dos primórdios do século XIX, quando a dinastia Bourbon promovia e financiava bandidos para realizarem serviços “oficiais”. Com o tempo, os contratados pelos Bourbons se reuniram em grupos e escalaram seus serviços, passando a desenvolver esquemas de proteção, monopólios e a explorarem o poder dentro de um governo corrupto.

Mas não só na Itália moram os poderosos chefões. As famosas organizações criminosas existem ao redor do mundo inteiro, e em cada lugar, suas origens são as mais diversas.

Nos Estados Unidos, a máfia Cosa Nostra- aquela que inspirou a trilogia do Poderoso Chefão - surge com a grande imigração italiana do final do século XIX e início do XX e com o decreto da Lei Seca. No Japão, a Yakuza, que atualmente é a maior organização criminosa mundial, surge quando, no século XVII, samurais que ficaram sem mestres passaram a ser contratados por aldeões para defender as pequenas cidades que eram atacadas por outros samurais sem mestres. Na Rússia, o termo Organizatsiya passou a ser usado nos tempos de União Soviética para categorizar todas as redes de crime organizado que existiam dentro do território, desde a Bratva ucraniana até a Mafiya chechena.

Por serem instituições enraizadas nas sociedades mundiais a tanto tempo, estas organizações criminosas exercem, atualmente, um enorme controle em seus países, até mesmo dentro das decisões políticas. Com uma estimativa baixa, as máfias mundiais movimentam hoje cerca de 1 trilhão de dólares. Todas elas também convergem pelo fato de fazerem uso de decisões governamentais para aumentar seus rendimentos. Quando os impostos sob cigarros e álcool são mais altos, elas fazem o contrabando destas mercadorias.

Obviamente, suas atividades vão além. Em julho deste ano, a Polícia Federal brasileira prendeu dois italianos parte da máfia italiana da região da Calábria, a Ndrangheta, que controla cerca de 40% do tráfico global de cocaína. Além disso, as máfias comandam os maiores esquemas de prostituição, contrabando de armas, tráfico humano e narcotráfico do mundo. De modo geral, em nenhuma delas será entoada a famosa frase difundida no filme “O Poderoso Chefão”, “deixe a arma, traga os cannoli”. Mas, assim como no filme, em todas elas o poder que elas possuem ultrapassa as barreiras nacionais e os limites que poderiam ter sido impostos pelo Governo. Os “padrinhos” exercem poder de Estado e propagam suas próprias leis para que a “família”- modo carinhoso usado pelos membros para designar o grupo- sobreviva a qualquer custo, até mesmo ao custo de outras famílias reais.



Fontes:
Livro “A História do Crime Organizado” – David Southwell

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