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segunda-feira, 1 de julho de 2019

Mulheres de Destaque: Alexandria Ocasio-Cortez, a mais nova congressista estadunidense da história.


Por Maria Letícia Cornassini



“Mulheres como eu não devem concorrer para o cargo”. É com esta frase que Alexandria Ocasio-Cortez, ou AOC como ficou conhecida popularmente, começa seu vídeo de campanha eleitoral. De fato, quando olhamos o cenário representativo norte-americano -composto 81% por homens brancos e em sua maioria empresários-, mulheres como Alexandria realmente não parecem se encaixar no Congresso. E foi justamente por esta razão que Alexandria concorreu à vaga de deputada do Partido Democrata pelo 14º Distrito contra o, até aquele momento, atual deputado, que permanecia no poder há 14 anos.

No começo de sua candidatura, parecia impossível que uma mulher, jovem, latina, residente de uma comunidade periférica e pertencente a classe trabalhadora pudesse destronar um candidato consolidado e com o apoio financeiro de diversas corporações. Em uma campanha eleitoral movida 100% por voluntários e sem receber doações de corporações, Alexandria priorizou ouvir a comunidade, e pensar nos problemas que ela mesma já havia sentido na pele, para escolher os objetivos que comporiam sua plataforma eleitoral.

Dentre os objetivos que compõem sua plataforma, estão: saúde e moradia como direitos básicos e coletivos; suporte à comunidade LGBTQ+,  à população idosa e aos direitos femininos; controle de armas; meio ambiente limpo e aumento do salário mínimo. Não só isso, durante toda sua campanha fez questão de distribuir materiais eleitorais nos idiomas de seus eleitores: inglês, espanhol e iemenita.

E agora você deve estar se perguntando: Falar é fácil, mas o que ela tem feito até agora?

Após ter sido eleita, e agora ter o título de representante mais jovem da história do Congresso Estadunidense, Alexandria tem feito campanha para a aprovação do “Green New Deal” –que propõe um modelo mais sustentável com objetivo de eliminar a poluição e diminuir as mudanças climáticas-; critica abertamente a liberdade e falta de controle concedida pela lei aos atos Presidente; luta pelo fim e critica os campos de detenção em que atualmente ficam os imigrantes e iniciou uma coalisão com o deputado que é seu maior crítico para propor uma lei que barre antigos políticos de participarem de atividades de lobby.

Sua trajetória em busca do cargo de deputada foi registrada pelo Netflix, e, junto à trajetória de mais três mulheres em busca de voz política, compõe o documentário “Virando a Mesa do Poder”. Como espectadores, ficamos cientes das dificuldades enfrentadas pela atual deputada ao desafiar um candidato cercado por lobistas e cujo poder lhe foi dado a tempos: estabelecimentos não permitem que ela exponha suas propostas; o representante não participa de debates dentro da comunidade junto à ela; tentam a intimidar. Em um momento, se preparando para o maior debate contra seu oponente, ela diz “Eu debaterei representando o movimento hoje. Não se trata de me eleger ao Congresso. Trata-se de nós chegarmos ao Congresso”. Vem daí o papel de destaque de Alexandria.

Isto porque ela não representa somente um novo rosto na política. Representa mais. Representa a ascensão de mulheres num lugar em que nunca foram muito ouvidas, nem mesmo no maior país democrático do mundo: o meio político. Representa a luta e o reconhecimento dos interesses de minorias, sejam elas étnicas ou sociais. Representa a nova política desmantelando o castelo de cartas sob o qual a velha política se baseava. Representa cada cidadão que se deparou com interesses de multinacionais, grandes corporações ou indústrias sendo colocados em primeiro plano na política de um país e pensou “mas não deveria ser assim...”.
Mais que tudo, Alexandria representa a democracia como ela, de fato, deveria ser: do povo e para o povo.

 
Referências:

Documentário “Virando a mesa do poder”- Netflix

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