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segunda-feira, 15 de julho de 2019

Me indica um filme: Suprema - uma luta pela igualdade de gênero





Ruth Bader Ginsburg, ou RBG como ficou conhecida, é uma das maiores juristas e um dos ícones feministas de maior destaque atualmente. O início de carreira da atual juíza da Suprema Corte estadunidense foi retratado no filme “Suprema (On the basis of sex)”.

Nele, conhecemos –claro que de um modo ligeiramente dramatizado- a vida de Ruth em seu início acadêmico. Começamos com seu período de início na Harvard Law School, já casada e com uma filha de poucos meses. Seu marido também era estudante de Direito em Harvard, apesar de estar um ano a frente em seus estudos. Já de início, sendo uma das 9 mulheres permitidas a estudar Direito em Harvard, numa turma de 500 alunos, foi convidada junto de suas colegas a comparecer a um jantar na casa do Reitor e justificar o porquê de estar “tomando” um lugar que poderia perfeitamente ter sido direcionado a um homem.

Conforme vamos conhecendo os passos trilhados por RBG, outras dificuldades enfrentadas por ela vão sendo expostas: ela dificilmente tinha voz dentro das salas de aula e, além de precisar estudar, cuidava da filha. No ano em que iria se formar, mudou-se para Nova York devido ao trabalho que o marido havia conseguido e estudou seu último ano na Columbia Law School. Foi a primeira mulher a integrar tanto o Harvard Law Review quanto o Columbia Law Review. A partir deste ponto surge outro empecilho: ela possui diploma das mais renomadas faculdades do mundo, mas não conseguia trabalho –e não, não foi devido a saturação do mercado por advogados. Ruth chegou a dizer que estava claro que um escritório de advocacia não a contrataria, afinal, ela era judia, mulher e mãe.

O filme segue avançando alguns anos e mostra a trajetória de Ruth como professora na Universidade de Rutgers - neste meio tempo, ela foi para a Suécia como integrante de uma pesquisa de procedimento internacional da Universidade de Columbia e estudou o processo civil sueco -, onde começou seu estudo sobre casos que discriminavam baseados no gênero. Estes casos eram usados de jurisprudência nos EUA, em seu sistema de common law, para desmantelar qualquer demanda que tentasse fazer jus à prerrogativa constitucional de igualdade e equiparasse os direitos das mulheres.

Foi só a partir de um caso em que a discriminação baseada no gênero ocorria com um homem que Ruth teve realmente uma chance para mudar o sistema, e finalmente, de fato, advogar. Ela então usou casos previamente usados para consolidar uma jurisprudência misógina em seu próprio favor, e argumentou que a discriminação de gênero atingia homens e mulheres, em um caso em que o discriminado era um homem. Tendo ganho seu caso, Ruth havia conseguido criar uma distinção na interpretação jurisprudencial, que agora passava a reconhecer a existência da discriminação de gênero, e a usou para sedimentar a luta pela concessão de direitos às mulheres. RBG foi eliminando, caso por caso, as barreiras jurídicas que impediam a equidade de gênero.

Em suma, o filme “Suprema” é não só uma opção de entretenimento, e sim, uma experiência. Lágrimas irão escorrer e a revolta irá aflorar, mas no final do filme, o sentimento restante é de gratidão. Gratidão por uma mulher tão grande ter tido coragem de lutar e de fato, mudado o futuro de gerações e toda uma cultura. Não só isso, a trajetória de Ruth Bader Ginsburg fica de exemplo, e de máxima inspiração, de que mulheres podem sim, de fato, fazer qualquer coisa.

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