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sexta-feira, 17 de maio de 2019

Acontece no UNICURITIBA: I Congresso Relações Internacionais no Mundo Atual será em outubro, inscreva-se!





No ano de 2017, o jornal Folha de São Paulo produziu uma reportagem complexa, com o título “Um mundo de muros”. Num esforço interessantíssimo de fotojornalismo e investigação, os jornalistas envolvidos buscaram compreender e mostrar a realidade de sete muros diferentes, que demonstrariam algumas realidades atuais envolvendo muros e fronteiras. A reportagem aborda muros internacionais (como aqueles entre Israel e a Palestina – também conhecido internacionalmente como o Muro da Vergonha – e entre Sérvia e Hungria) e muros internos, feitos para corresponder às demandas de grupos dominantes dentre de países, como no Peru e no Brasil.

Premiada, a série demonstra uma realidade do nosso mundo, tanto na escala das relações entre os países quanto no nosso cotidiano. Segundo a pesquisadora Elisabeth Vallet, diretora dos estudos geopolíticos da Cadeira Raoul-Dandurand da Universidade do Québec e especialista em muros, existem hoje 77 muros em 45 países diferentes. Estes muros, em construção ou que estão sendo planejados, somam-se a diversas estratégias de contenção do movimento, e ordenamento da circulação.

Trinta anos atrás, um dos principais símbolos deste esforço de tentar conter a circulação foi derrubado. Inicialmente, pelo relato do jornalista estadunidense Tom Brokaw, o anúncio foi muito parecido com aquele que, discretamente, anunciou o fim do papado oficial de Bento XVI: através da leitura de um documento oficial produzido pelo alto escalão do governo da Alemanha Oriental, todo cheio de informações e ilações que criaram uma quebra profunda. De acordo com Brokaw,

“[O porta-voz do governo da Alemanha Oriental] Falou, falou e falou e, no fim, ao fim de sua participação, puxou um papel que o politburo [o alto escalão do governo comunista do país] preparou logo antes da coletiva de imprensa. Casualmente, ele começou a ler uma nova diretiva: cidadãos da [RDA, a República Democrática da Alemanha] poderiam solicitar um visto na manhã seguinte para deixar a Alemanha Oriental por quaisquer saídas existentes no Muro de Berlim
.
Os jornalistas reunidos ficaram boquiabertos. Minha equipe de câmera, que eram os alemães Joe Oexle e Heinrich Walling, que viveu sua vida adulta inteira em uma Alemanha dividida, me olharam como se uma força alienígena tivesse entrado na sala.”

O efeito imediato desta situação já é bem conhecida: milhares e milhares de alemães reuniram-se ao longo daquela estrutura de divisão e ruptura que marcou as décadas anteriores, e simbolizou uma divisão muito maior – aquela da Guerra Fria. As imagens da derrubada do Muro de Berlim anunciaram a chegada de uma nova era, e a promessa de que “a liberdade leva à prosperidade. A liberdade toma o lugar de antigos ódios entre as nações por meio da cortesia e da paz. A liberdade é a vitoriosa”, nas palavras do então presidente estadunidense Ronald Reagan que, dois anos antes, instou o líder soviético Mikhail Gorbachev a “derrubar este muro!”.

Trinta anos – e 77 muros – depois, o que se verificar é uma multiplicação das formas de tentar conter os movimentos no espaço. A Nova Ordem Mundial não trouxe as proclamadas liberdades de livre circulação das pessoas, ainda que tenha promovido aquela do capital. Ideais de cosmopolitanismo e de harmonia na convivência das populações por meio da tão-afamada “Aldeia Global” se chocam, na atualidade, com os refugiados da guerra e das Mudanças Climáticas, que recebem acolhidas pouco amistosas nos países em que chegam. Processos de securitização acabam por controlar a forma de circular de alguns grupos sociais, mesmo das elites – como os tapumes na Linha Amarela e na Linha Vermelha demonstram, na cidade do Rio de Janeiro. Percebe-se que, se o Muro proposto por Donald Trump nos Estados Unidos se refere à presença e participação política de um país no Sistema Internacional, nossas vidas diárias também são afetadas pelas divisões e contenções da circulação no Mundo Atual.

Por isso, entre os dias 22, 23 e 24 de Outubro de 2019, o Curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA) promove o I Congresso Relações Internacionais no Mundo Atual (RIMA 2019). Dedicando-se ao debate das (geo)políticas da contenção e da circulação, o Congresso RIMA deste ano buscará debater as principais formas e práticas de contenção e circulação nos territórios na atualidade, e seus impactos na política mundial. Não deixe de conferir as informações sobre este evento no nosso site oficial, e participe você também deste debate!

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