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quinta-feira, 2 de agosto de 2018

Teoria das Relações Internacionais em destaque: O Soft Power e a Indústria Sul Coreana

Artigo apresentado na disciplina de Teoria das Relações Internacionais I, do Curso de Relações Internacionais do Unicuritiba, ministrado pela Profa Dra Janiffer Zarpelon. As opiniões expressas no artigo não representam a visão da instituiição, mas dos seus autores

LOUISE MAGRON 
 

É notável a presença da guerra quando analisamos a história mundial, onde em muitos momentos o uso de armas e coerção foram meios para conseguir realizar determinado objetivo. O poder que usa de estratégias bélicas, diplomacia coercitiva e guerras, é definido por Joseph Nye como hard power, uma dominação já conhecida pelo mundo. Os Estados Unidos tem sido um exemplo clássico de hard power, no ano de 2014 seu orçamento militar foi de 600 bilhões de dólares, além da invasão no Iraque feita pelo país norte americano  no ano de 2003.
Nye, em sua obra, “Soft Power: The Means To Success In World Politics” apresenta o conceito de uma habilidade utilizada por um Estado de influenciar o comportamento ou interesses de outros atores internacionais através de sua cultura, educação, língua, diplomacia, estabilidade econômica e governo. Esse significado de poder é definido pelo termo soft power.
O soft power já se fazia presente nas políticas dos governos de diversos países antes mesmo da existência do termo propriamente dito. Foi usado pelo ex-presidente do Brasil, Getúlio Vargas, que propagou o futebol brasileiro internacionalmente mostrando uma imagem de um país onde o preconceito não era uma realidade vivida por seu povo, o mesmo exemplo pode ser usado pela divulgação do carnaval brasileiro.
Além disso, políticas do mesmo estilo foram feitas pela Alemanha pós Segunda Guerra Mundial onde, aos olhos do mundo, era um país nazista, território no qual grandes atrocidades e crimes contra a humanidade ocorreram. O Estado investiu em políticas de expandir para o mundo suas tecnologias e também sua qualidade na educação, tentando assim, mudar sua “imagem”.
Atualmente, vemos a Coréia do Sul sendo uma grande produtora de conteúdo, propagando cada vez mais a sua cultura para o Ocidente. O governo tem adotado uma estratégia de políticas de soft power desde o final da década de 1990. K-pop (Korean pop), estilo musical da Coréia do Sul, é composto por videoclipes superproduzidos e coreografias impecáveis, essa produção musical foi disseminada através dos meios de comunicação na internet e é definida como “hallyu” pela imprensa asiática.
Este fenômeno é explicado pela pesquisadora da Universidade da California, Suk-Young Kim, onde dados apontam que a Industria Coreana enfrentava uma queda nas vendas de discos e precisava de inovações para atingir não somente o mercado nacional, mas também o internacional. O grande objetivo das empresas é passar para o mundo um “estilo de vida” sul coreano no qual as pessoas são bem vestidas e usam de vários cosméticos, fazendo com que a venda desses produtos aumentem.  Além desses benefícios, o K-pop tem feito com que a Coreia do Sul se torne cada vez mais um foco para viagens turísticas.
Não somente em música o governo sul coreano procurou investir, mas também nos cosméticos K-Beauty. As marcas coreanas tem se destacado internacionalmente por seu custo-benefício e principalmente em inovação. Procuram testar diferentes ingredientes, investem em embalagens mais atrativas e focam na necessidade do consumidor. Os cosméticos tem se tornado febre em diversos países asiáticos e desemprenham um papel de destaque na disputa geopolítica na Ásia oriental.
 A arte marcial milenar sul-coreana, difundida mundialmente, o Taekwondo, também pode ser citada como uma ação baseada no soft power. O esporte tem sido utilizado como ferramenta do governo nas relações internacionais, promovendo não somente relações amigáveis com outras Nações, mas a cultura e língua sul-coreana. A “Taekwondo Peace Corps” visa atividades relacionadas ao taekwondo que colaborem com a problemática do desemprego entre os jovens coreanos, para uma boa construção da comunidade global, além da paz mundial. 
São notáveis não somente as políticas de soft power estabelecidas pela Coréia do Sul, mas também de muitos outros Estados, que procuram tornar seu país o mais “atrativo” possível do que os demais para adquirir mais poder e influencia internacionalmente pois, se a imagem do Estado é mais positiva, ela gera um reflexo benéfico na qualidade de vida de sua população, em sua renda e até mesmo em seu IDH. O resultado atingido é de  atrair direta e indiretamente ações favoráveis, com consequências na economia do país.
Concluímos que grandes são os benefícios que o soft power pode trazer para os países que procuram investir nessas politicas públicas. O poder através da atração. Não se pode negar que a mídia Hollywoodiana tem um poder de persuadir seus telespectadores sobre diversos temas, até mesmo os próprios cientistas políticos que estudam o soft power. A partir do século 21 vemos que ser amado é mais eficaz do que temido no cenário internacional e os Estados estão cientes disso.


REFERÊNCIAS

NYE, Joseph. The Changing Nature of Power – The Means to Success in World Politics.
New York : Public Affairs, 2004.

Referências eletrônicas:



* * LOUISE MAGRON é estudante do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba. 

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