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quarta-feira, 23 de maio de 2018

Por Onde Anda: Vinicyus de Mattos Carneiro é Senior Finance & Project Specialist na Renault Australia




A seção "Por onde anda" entrevista egressos do Curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA sobre experiências acadêmicas, profissionais e de vida concretizadas após o término do curso e é coordenada pela Prof. Michele Hastreiter e pela Prof. Angela Moreira


Nome Completo: Vinicyus de Mattos Carneiro
Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 01/2005
Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 06/2009
Ocupação atual: Senior Finance & Project Specialist na Renault Australia



Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco de sua trajetória profissional durante o curso de Relações Internacionais e após a formatura.

Vinicyus: Quando eu era criança eu tinha um sonho de conhecer o mundo (culpa da Copa de 1994). Para atingir esse sonho, a carreira diplomática me pareceu ser a melhor opção. Foi por isso que decidi fazer o curso de Relações Internacionais.
No quarto período da faculdade acabei sendo selecionado para uma vaga de estagio na Renault do Brasil e foi como minha carreira profissional se iniciou. Passei dois anos trabalhando na Renault como estagiário na área de Vendas Externas sendo responsável principalmente pela relação comercial entre a Renault do Brasil e os países fora do Mercosul. No meio desses dos dois anos fui fazer um Work Experience na California/EUA. Essas passagens na Renault, me fizeram valorizar os conhecimentos de RI e me preparar para o mercado de trabalho, pois pude reunir conhecimento teórico e prático.
Em 2009, com o fim do meu contrato de estagio e recém formado, decidi me inscrever em programas de Trainee e acabei sendo aprovado no primeiro que foi concluído naquele período. Entrei com mais outros 22 recém formados no programa de Trainee do Sistema FIEP e sendo selecionado para trabalhar na área de Fomento e Desenvolvimento. Dentro dessa área também estava nascendo a nova versão do CIFAL – Centro Internacional de Formação de Atores Locais para América Latina, programa ligado a Agencia das Nações Unidas para Treinamento e Pesquisa, e meu gerente havia sido designado como o Diretor Executivo. Como era uma atividade ligada a Relações Internacionais, diplomacia e as Nações Unidas, decidi me oferecer para ser o primeiro funcionário na construção do centro. Passei quase 4 anos trabalhando no CIFAL e tive oportunidades incríveis de viajar o mundo, conhecer gente importante e realizar projetos de desenvolvimento local. Porém esse mundo diplomático e político não era exatamente como eu imaginava e decidi que era hora de voltar para iniciativa privada.
Em 2013, acabei tendo uma passagem de 9 meses pela Votorantim Cimentos onde trabalhei na área Comercial, responsável pelas estratégias de venda direta. Eis que em 2014 a Renault voltou a minha vida e fui re-contratado, agora na área Financeira como Controller de Investimentos. Foi nessa volta a Renault que percebi qual era meu lugar como profissional. Fiquei por dois anos na Renault trabalhando na área de investimentos quando surgiu uma oportunidade pessoal de me mudar para Austrália.

Após quatro meses morando em Sydney, a Renault Austrália me convidou para assumir um cargo em Melbourne. Desde Janeiro de 2018 estou trabalhando na Renault Austrália como Especialista em Projetos e a 15 dias assumi uma nova função como Financeiro Senior e Especialista em Projetos. Tem sido bastante desafiador trabalhar com finanças e projetos fora do Brasil, pois existe a preocupação com o idioma e sobre minha real capacidade de ser competitivo como profissional fora do país.



Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua profissão atual.

Vinicyus: Nas multinacionais as pessoas tendem a executar as mesmas atividades por um tempo, e isso muitas vezes limita a capacidade do profissional de entender a correlação entre as atividades. Por conta do curso de relações internacionais, eu sempre fiquei curioso pra saber como as coisas se relacionam e isso acabou despertando meu interesse de explorar assuntos que não eram da minha área de trabalho. Isso me ajudava muito no momento de entrar em discussões. Com o tempo, as pessoas passam a valorizar suas opiniões, pois elas não se limitam a sua área de atuação. Durante o curso eu senti uma carência grande em ter um conhecido mais teórico/prático e por isso decidi fazer Pós Graduação em Administração de Empresas. Na pós pude ver como o conhecimento em RI era um diferencial, pois os demais sofriam para entender como as coisas se conectavam, enquanto para mim era bastante claro. Com o tempo acabei me encantando por Gestão de Projetos e acabei me aprimorando nesse tema, o que veio ao encontro dos conhecimentos adquiridos em Relações Internacionais. Em gestão de projetos existe uma etapa negligenciada e que o aluno de Relações Internacionais tem facilidade de desenvolver, que é a Analise de Ambiente. Muitos projetos falham porque o ambiente e ignorado ou as pessoas não sabem como analisa-lo, o que para alunos de RI e mais fácil de entender. Atualmente sinto que consigo meter a mão na massa sabendo aonde as coisas irão me levar, utilizando analise de ambiente, planejamento, execução e analise de resultados.


Blog Internacionalize-se: Trabalhar em uma grande empresa multinacional sempre foi seu objetivo ao ingressar no curso de Relações Internacionais? Conte-nos um pouco sobre esta decisão.

Vinicyus: Como contei na minha experiência profissional, meu primeiro objetivo na carreira era seguir a carreira diplomática. Acabei vivenciando isso durante minha passagem nas Nações Unidas, porém a teoria não é igual a pratica e a vida diplomática me decepcionou. Apesar de ter desenvolvido muitos trabalhos que me orgulharam, percebi que não era o que eu procurava como profissional. Saindo da vida diplomática, vi que seria profissionalmente realizado quando eu pudesse ser trabalhar fora do Brasil e ser competitivo contra pessoas de outras nacionalidades.
Esses tipos de oportunidades são mais comuns em grandes multinacionais. Além disso, a forma organizada e estruturada como as multinacionais trabalham sempre me atraiu. Existe um processo claro de como as coisas devem ser e isso me animou desde quando eu fiz o meu primeiro estágio. Grandes multinacionais também te dão oportunidade de interagir com pessoas do mundo inteiro e geram um ambiente atrativo para buscar oportunidades em outros países. E claro que para esse tipo de oportunidade e necessário que você mostre serviço e demonstre interesse. A Renault sempre foi uma empresa que me ofereceu esse tipo de oportunidade.
Então, bastava eu mostrar para a empresa que era interessante contar comigo em outro pais e foi o que busquei fazer durante meus últimos anos no Brasil.


Blog Internacionalize-se: Como foi a decisão de se mudar para a Austrália?

Vinicyus: Essa decisão começa no momento em que conheci minha esposa, ela sobretudo é a razão principal pela qual estou na Austrália e devo a ela muito do que aconteceu comigo ate agora.
Quando a conheci em 2010, ela estava vindo para Austrália fazer um Mestrado em Arquitetura. Por conta disso ficamos muito próximos do país e eu tive a oportunidade de visita-lo duas vezes. Nessas minhas vindas, eu adorei como as coisas aqui são organizadas e como tudo tem uma lógica. O australiano não se difere muito do brasileiro em termos de convívio em sociedade e estilo de vida, e isso me deixava com um pulga atrás da orelha. Como um pais como um povo tão semelhante ao Brasil pode ser tão organizado? Essa dúvida fazia meu desejo de viver aqui aumentar cada vez mais. Porem imigrar nem sempre e uma decisão fácil e os passos são sempre complicados.
Entre os passos mais complicados, vistos e autorizações de trabalho são os mais comuns, esse é o problema mais comum com qualquer estrangeiro. Sem visto a sua vida no exterior fica muito dificil. O plano meu e de minha esposa sempre foi morar fora e a gente estudou opções e viu quais eram os passos e requisitos necessários. Somente em planejamento e execução passamos mais de 3 anos para chegar aqui numa situação um pouco mais confortável, porém ainda longe do ideal.
Minha esposa mesmo estando no Brasil sempre manteve bons contatos na Austrália e acabou em 2017 surgindo uma oportunidade para ela vir. Após avaliarmos a situação, decidimos que era momento de nos mudarmos para Austrália e buscar oportunidades para desenvolver nossa vida pessoal e profissional. Porém para vir para a Austrália, eu precisei me desligar da Renault do Brasil.


Blog Internacionalize-se: Como foi o processo de recrutamento da Renault na Austrália? O que considera ter sido decisivo para ter sido selecionado?

Vinicyus: Como comentei, eu não vim para a Austrália transferido pela Renault. Foi uma decisão pessoal que não tinha relação com a empresa. Porém, antes de me mudar eu entrei em contato com a Renault daqui e me ofereci para quando houvesse alguma oportunidade. E foi exatamente esse meu contato que fez diferença nesse processo. Numa multinacional invariavelmente as pessoas se conhecem, mesmo morando em diversos países. A minha sorte foi que haviam pessoas que se conheciam nesse processo e meu currículo chegou nas mãos corretas. Então, basicamente quando a oportunidade na Renault Austrália surgiu, as pessoas aqui já me conheciam como profissional. Preliminarmente, eu mantive contato com a Renault Austrália, passei por algumas entrevistas para que me conhecessem melhor, mas na época não havia uma oportunidade ainda. Quando a oportunidade surgiu, o processo foi bastante rápido. Entre o primeiro contato comigo e a aprovação passaram-se 3 dias.



Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia na Renault?

Vinicyus: Aqui a rotina e similar a qualquer subsidiaria de uma grande multinacional. Para mim a grande diferença é o tamanho, pois a Renault Austrália é relativamente pequena, sobretudo comparada com a estrutura do Brasil. Todos os dias, tenho minha agenda de atividades e reuniões, mantenho a minha rotina de relatórios e e-mails e sempre que sobra um tempo tento interagir com as pessoas aqui. Facilita o fato de que apesar de ser o único brasileiro, eu não sou o único estrangeiro. Então acabo compartilhando dos mesmos problemas que outros estrangeiros têm aqui.
A proximidade com os países do Pacifico faz com que eu converse bastante com a China e Coreia do Sul, mas essencialmente e o mesmo tipo de relação que eu tinha com os países da região da América quando estava no Brasil.



Blog Internacionalize-se: Quais são as atividades que você realiza ou já realizou na empresa?

Vinicyus: Na Renault, de forma geral, eu vivi quase tudo da vida privada.
· Cuidei da analise econômica e financeira de projetos para definir se eram relevantes ou não. Trabalhei também na execução deles e busquei que saíssem da maneira mais próxima da planejada.
· Fui parte e liderei projetos em diversas áreas.
· Interagi com pessoas de diversas áreas e diferentes nacionalidades.
· Desenvolvi relatórios e atividades que ajudaram a empresa a atingir objetivos.
· Capacitei pessoas e adquiri conhecimento das pessoas que admiro.

Blog Internacionalize-se: Você daria alguma dica ou conselho para nossos estudantes?

Vinicyus:
Tenho algumas dicas que gostaria de compartilhar com os estudantes.

1. Nunca pare de estudar e aprender coisas novas.
2. Expanda sua forma de pensar, não crie barreiras para seu desenvolvimento.
3. A faculdade e muito importante, mas ela não é a única forma de adqurir conhecimento. Existe uma grande diferença entre teoria e prática, e a segunda você não adquire na faculdade.
4. Você não é só o que você aprendeu em sala de aula, mas também as experiências que você viveu. Tente viver muitas experiências e quanto mais diferentes elas forem, melhor.
5. Seja leal com as pessoas, mas não tente agradar a todos.
6. Não tente adivinhar as coisas, tudo acontece por determinadas razões. Quem acha demais não tem o mesmo credito de quem tem certeza.
7. Seja organizado, planeje seus passos. É muito empolgante ver o sucesso de algo planejado e reduz sua ansiedade.
8. Morar fora do Brasil é um sonho para muitas pessoas, mas não é fácil. Existem diversas formas, mas você precisa escolher direito quais problemas estará disposto a enfrentar e que estilo de vida você quer ter.
9. Oportunidades não surgem do nada, você precisa cria-las. Quem espera não sai do lugar.
10. Cada um e responsável pelas próprias escolhas.
11. Escute conselhos (como essa minha lista), mas tome suas próprias decisões. Todos que te aconselham tem alguma ideia de como as coisas devem ser ou tem algum interesse na sua decisão, mas isso não necessariamente é o melhor para você.

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