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quinta-feira, 22 de março de 2018

Redes e Poder no Sistema Internacional: Compreender o Sistema Internacional a partir do uso da violência nos conflitos internacionais


A seção "Redes e Poder no Sistema Internacional" é produzida pelos integrantes do Grupo de Pesquisa Redes e Poder no Sistema Internacional (RPSI), que desenvolve no ano de 2018 o projeto "Redes da guerra e a guerra em rede" no UNICURITIBA, sob a orientação do professor Gustavo Glodes Blum. A seção busca compreender o debate a respeito do tema, trazendo análises e descrições de casos que permitam compreender melhor a relação na atualidade entre guerra, discurso, controle, violência institucionalizada ou não e poder. As opiniões relatadas no texto pertencem aos seus autores, e não refletem o posicionamento da instituição.

Compreender o Sistema Internacional a partir do uso da violência nos conflitos internacionais

Gustavo Glodes Blum *

Desde a Crise Financeira de 2008, é possível afirmar que tem ocorrido um certo recrudescimento das relações políticas, econômicas e culturais no Sistema Internacional. Após esse fatídico ano, a partir do qual a grande crise econômica na qual ainda nos encontramos começou a balizar a atuação de Estados, empresas, ONGs e OIs ao redor do mundo, vários movimentos políticos que, se não se utilizaram da violência, ao menos incitaram massas a fazê-lo.

Este mesmo ano, 2008, foi cenário para alguns eventos importantes no Sistema Internacional. Hoje, completam dez anos eventos como a declaração de independência do Kosovo, que buscava se separar da Sérvia, e a sua resposta automática: a guerra feita pelo governo russo contra a Geórgia entorno da disputa pelas regiões da Abecásia e da Ossétia do Sul. 

Desde então, outras regiões se viram envolvidas em diferentes tipos de violência coletiva: as revoltas populares da Primavera Árabe, a partir de 2011; os movimentos anti-sistêmicos de ocupação do espaço público nos Estados Unidos e na Europa; o aprofundamento de crises em países do continente africano; o conflito civil na Ucrânia após a crise de 2014; o surgimento e a queda do chamado Estado Islâmico na região do Iraque e da Síria; a própria guerra nesse país, que já dura mais de sete anos; e, recentemente, o genocídio contra os Rohingya por parte do governo de Myanmar que os está expulsando em direção a Bangladesh.

O “sonho da globalização”, de uma sociedade da livre circulação de pessoas, tornou-se o contrário daquilo que, inocentemente, acreditávamos até 2008. De um mundo sem fronteiras, partimos para um mundo de muros, de contenção da circulação e do movimento: um mundo em que os diversos deslocamentos viraram “crises”. Os símbolos principais dessas crises são aqueles que apontam o estado tenso da atualidade – são os refugiados, os imigrantes, os deslocados, aqueles que tentam, de uma forma ou de outra, ter dignidade na vida.

É por isso que, em 2018, o Grupo de Pesquisa RPSI – Redes e Poder no Sistema Internacional se dedicará a compreender a forma como essas crises internacionais se traduzem nas diversas formas de uso da violência em conflitos internacionais. Após ter mapeado os principais tipos de formas de conflitos no ano de 2017, em 2018 buscaremos compreender como as Relações Internacionais atualmente se traduzem em diversos tipos de violências visíveis e invisíveis; todas, porém, sensíveis e que acabam impactando a forma como esse mundo e seus diversos agentes se comportam e interagem entre si.

Acompanhe, portanto, ao longo deste ano de 2018, às sextas-feiras, essa coluna aqui no Blog Internacionalize-se, que apresentará discussões preparadas pelas pesquisadoras e pelos pesquisadores do RPSI. Trazendo tanto discussões atuais como seus objetos de pesquisa, a partir dessa semana seus membros debaterão usos diversos da violência e a maneira como afetam as Relações Internacionais. Não deixe de acompanhar para compreender a realidade dos conflitos internacionais. 


* Gustavo Glodes Blum é internacionalista formado pelo Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA) e Mestre em Geografia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Atualmente, é professor das disciplinas de Geografia Política e Política Internacional Contemporânea do curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA e líder do Grupo de Pesquisa "Redes e Poder no Sistema Internacional".

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