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sábado, 10 de setembro de 2016

Resenha de Filme: Doze Homens e uma sentença



Resenha de Filme: Doze Homens e uma Sentença (12 angry men)

Natália Vitória Pinheiro* 

O filme “12 homens e uma sentença” (12 angry men) é um longa-metragem de 95 minutos, produzido em 1957 e dirigido por Sidney Lumet. Todo em preto e branco, ele acontece praticamente em uma única sala. Seu foco principal é o julgamento de um jovem acusado de assassinar seu próprio pai.

 Inicialmente algumas condições são enumeras pelo juiz: será necessário a unanimidade na decisão, em caso de mínima dúvida deve-se julga-lo inocente e se for considerado culpado, a pena é à morte. Assim, os 12 homens que foram escolhidos de formas aleatória, se reúnem, e em breves cenas, traços de suas personalidades são revelados. Os jurados decidem por uma votação inicial que resulta em 11x1 a favor da condenação. Então, todos os onze que votaram “culpado” tentam convencer o único jurado que votou “inocente”, com a justificativa de que não tinha completa convicção de que o jovem de 18 anos seria de fato, culpado.  Na sequência, os jurados revisitam as provas apresentadas no julgamento e traços de suas personalidades são revelados, tornando cada vez mais difícil um veredito unanime.

 Antes de tudo, é intrigante e notável a interpretação que o filme faz sobre o fato dos jurados possuírem seus próprios valores, preconceitos e ideais, o que pode decorrer em erros e atrapalhar o julgamento.  Ou seja, o longa faz uma crítica de que existe a possibilidade de acontecer de o sistema falhar, neste caso especifico, resultando na morte de um jovem que poderia não ter cometido o crime. Além disso, a obra aborda a questão de provas não específicas, conclusões precipitadas e análise superficial do depoimento de testemunhas.

Em suma, o filme é brilhante por explorar pequenos detalhes que se demonstram fundamentais para a trama. E crucial para uma análise particular do modo como muitos episódios são solucionados sem uma segunda averiguação, que podem ocorrer em casos como Steven Avery (evidenciado pela série de documentários do Netflix “Making a Murderer”) ou o famoso caso de Carlos De Luna, provado inocente após sua execução pelo Estado do Texas. Estes maus julgamentos também podem acontecer em casos simples que ocorrem no dia -a -dia e com nossa própria família. Quantas vezes não julgamos algo que parece não ter outra solução, à primeira vista, e tem ou pode ter outra solução totalmente diferente.

         No contexto do estudo do Direito, o filme traz uma importante reflexão sobre a importância de julgamentos isentos e bem refletidos – que devem ser cautelosos balizadores do afã punitivo da sociedade. Como afirma Rudolf Von Ihering, “o Direito não é uma pura teoria, mas uma força viva. Por isso a justiça sustenta numa das mãos a balança em que pesa o Direito e na outra a espada de que se serve para defendê-lo. A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a espada é impotência do Direito; uma não pode avançar sem a outra, nem haverá ordem jurídica perfeita sem que a energia com que a Justiça aplica a espada seja igual à habilidade com que maneja a balança”.


* Natália Vitória Pinheiro é aluna do primeiro período do curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA. O filme Doze Homens e Uma Sentença foi exibido e debatido em sala de aula, na disciplina de Introdução ao Estudo do Direito, ministrada pela Prof. Michele Hastreiter - que também orientou a elaboração desta resenha. 

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