Resenha de Filme: Doze Homens e uma Sentença (12 angry men)
Natália Vitória Pinheiro*
O filme “12 homens e uma sentença” (12 angry men) é um longa-metragem de 95 minutos, produzido em 1957 e
dirigido por Sidney Lumet. Todo em preto e branco, ele acontece praticamente em
uma única sala. Seu foco principal é o julgamento de um jovem acusado de
assassinar seu próprio pai.
Inicialmente
algumas condições são enumeras pelo juiz: será necessário a unanimidade na
decisão, em caso de mínima dúvida deve-se julga-lo inocente e se for
considerado culpado, a pena é à morte. Assim, os 12 homens que foram escolhidos
de formas aleatória, se reúnem, e em breves cenas, traços de suas
personalidades são revelados. Os jurados decidem por uma votação inicial que
resulta em 11x1 a favor da condenação. Então, todos os onze que votaram
“culpado” tentam convencer o único jurado que votou “inocente”, com a
justificativa de que não tinha completa convicção de que o jovem de 18 anos
seria de fato, culpado. Na sequência, os
jurados revisitam as provas apresentadas no julgamento e traços de suas
personalidades são revelados, tornando cada vez mais difícil um veredito
unanime.
Antes de tudo, é
intrigante e notável a interpretação que o filme faz sobre o fato dos jurados possuírem
seus próprios valores, preconceitos e ideais, o que pode decorrer em erros e
atrapalhar o julgamento. Ou seja, o
longa faz uma crítica de que existe a possibilidade de acontecer de o sistema falhar,
neste caso especifico, resultando na morte de um jovem que poderia não ter
cometido o crime. Além disso, a obra aborda a questão de provas não
específicas, conclusões precipitadas e análise superficial do depoimento de
testemunhas.
Em suma, o filme é brilhante por explorar pequenos
detalhes que se demonstram fundamentais para a trama. E crucial para uma
análise particular do modo como muitos episódios são solucionados sem uma
segunda averiguação, que podem ocorrer em casos como Steven Avery (evidenciado
pela série de documentários do Netflix “Making
a Murderer”) ou o famoso caso de Carlos De Luna, provado inocente após sua
execução pelo Estado do Texas. Estes maus julgamentos também podem acontecer em
casos simples que ocorrem no dia -a -dia e com nossa própria família. Quantas
vezes não julgamos algo que parece não ter outra solução, à primeira vista, e
tem ou pode ter outra solução totalmente diferente.
No
contexto do estudo do Direito, o filme traz uma importante reflexão sobre a
importância de julgamentos isentos e bem refletidos – que devem ser cautelosos balizadores
do afã punitivo da sociedade. Como afirma Rudolf Von Ihering, “o Direito não é uma pura teoria, mas uma
força viva. Por isso a justiça sustenta numa das mãos a balança em que pesa o
Direito e na outra a espada de que se serve para defendê-lo. A espada sem a
balança é a força bruta, a balança sem a espada é impotência do Direito; uma
não pode avançar sem a outra, nem haverá ordem jurídica perfeita sem que a
energia com que a Justiça aplica a espada seja igual à habilidade com que
maneja a balança”.
* Natália Vitória Pinheiro é aluna do primeiro período do curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA. O filme Doze Homens e Uma Sentença foi exibido e debatido em sala de aula, na disciplina de Introdução ao Estudo do Direito, ministrada pela Prof. Michele Hastreiter - que também orientou a elaboração desta resenha.
Uma ótima interpretação. Parabéns!
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