A seção Mobilidade Humana Internacional e Direitos Humanos é produzida pelos integrantes do Grupo de Pesquisa “Mobilidade Humana Internacional e Direitos Humanos” do Centro Universitário Curitiba - UNICURITIBA, sob a orientação do Professor Thiago Assunção.
A situação dramática pela qual milhares de refugiados estão passando atualmente, arriscando suas vidas ao atravessar o Mar Mediterrâneo na busca pela sobrevivência, está finalmente recebendo a devida atenção de líderes mundiais. A chocante imagem de Aylan, o menino sírio encontrado morto por afogamento em uma praia turca, se tornou símbolo da luta dos refugiados pela vida e escancarou a magnitude dessa tragédia humanitária. A foto rodou o mundo em setembro de 2015 e foi compartilhada milhares de vezes seguida da frase “O naufrágio da humanidade”, o que expressa a tão necessária solidariedade e até, talvez, empatia de parte da população mundial perante o sofrimento dos refugiados. Sofrimento esse que chega todos os dias até nós em forma de manchetes e reportagens frias, repletas de números e estatísticas, menosprezando o fato de que também são seres humanos os que estão morrendo ou, pior, que poderíamos ser nós mesmos na difícil situação em que se opta por morrer tentando ao invés de ficar e se conformar com um destino miserável.
Não é de hoje que situações de desrespeito aos direitos
humanos forçam milhões de pessoas a deixarem suas casas, mas a atual crise é a
pior desde a Segunda Guerra Mundial, que totalizou 40,5 milhões de refugiados.
De acordo com relatório divulgado pelo ACNUR, até 2015, já havia sido
ultrapassada a marca de 50 milhões de pessoas consideradas refugiadas ao redor
do globo. No entanto, apesar de conflitos incessantes e violações dos direitos
humanos estarem produzindo uma quantidade cada vez maior de refugiados há
muitos anos, a partir do momento em que parte dessas pessoas começam a entrar
na União Europeia numa quantidade considerada insustentável por governantes e
pela população, o mundo volta seus olhos para esse antigo problema, como se a
atual crise se tornasse digna de atenção ao ameaçar a estabilidade dos países
desenvolvidos.
A grande exposição pelas mídias mundiais, sobre a
situação dos refugiados, porém, não mostra as dificuldades enfrentadas por
outros países receptores, como a Turquia, tampouco revela a realidade dos
refugiados de outras nacionalidades que não dispõem de recursos financeiros
para chegarem à Europa. O que estamos acompanhando hoje não é somente uma crise
de refugiados sírios ou afegãos, povos que estão chegando em maior número à
Europa, é também uma crise de refugiados provenientes da Eritreia, do
Paquistão, da República Centro-Africana, da República Democrática do Congo, da
Somália, do Sudão do Sul, do Vietnã e de tantas outras nações “esquecidas”.
Juntos, esses países somaram, em 2015, mais de 3,6 milhões de refugiados que
estão abrigados em países vizinhos nos quais seus direitos básicos continuam
sendo violados devido à falta de estrutura para recebê-los.
A situação na República Centro-Africana, por exemplo,
está beirando a uma tragédia humanitária. A violência fora de controle é
motivada pela rivalidade entre milícias cristãs e muçulmanas no país. Tanto a
maioria cristã, quanto a minoria muçulmana, cometem ataques impetuosos contra a
população, não sendo poupados nem mesmo idosos ou crianças. De acordo com a
FAO, metade da população está passando fome, pois o conflito interno interfere
na produção agrícola e de gado no país.
No Sudão do Sul a situação também é caótica, como aponta
um relatório divulgado pelo ACNUR no último dia 4 de abril. São mais de 840 mil
refugiados vivendo em situação deplorável em campos de refugiados,
principalmente na Etiópia e em Uganda. Apesar do acordo de paz celebrado em
agosto passado, o massacre étnico continua no mais novo país do mundo e, para o
Alto Comissário da ONU, “estas
violações podem ser consideradas crimes de guerra e/ou crimes contra a
humanidade".
A ONU enfatiza ainda que o número de refugiados está aumentando pois o
mundo está mais violento e a cada momento surgem novos conflitos, sem contar os
que estão se desenrolando há anos, sem previsão para terminar.
*Carolina
Bianca Pedroso é acadêmica do 7º período do curso de Relações Internacionais e
faz parte do Grupo de Iniciação Científica “Mobilidade Humana Internacional e
Direitos Humanos” do UNICURITIBA, coordenado pelo Professor Thiago Assunção.
Fontes:
http://www.unhcr.org/56701b969.html
https://nacoesunidas.org/crise-reduz-producao-agricola-pela-metade-e-aumenta-fome-na-republica-centro-africana-alerta-onu/
http://www.refworld.org/docid/572077bd4.html
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