É notório para todos ao redor do mundo as condições de vida
precária enfrentada por boa
parte da população africana. Falta de saneamento básico, acesso a água potável, doenças contagiosas e a
pobreza são apenas alguns dos vários problemas enfrentados no país, contudo, a fome é a principal dificuldade
que assombra a África e que mostra estar longe de ser completamente
resolvida.
Os dados são alarmantes.
Cerca de 25% da população africana passa fome, ou seja, uma a cada quatro
pessoas na África
participam dessa triste estimativa que cresce desde muito
tempo. Estudos feitos pelo Instituto
Internacional de Pesquisa em Política de Alimentação mostram que para 2020 o número de crianças subnutridas aumentará para 18% e afirma que a produção interna de alimentos
cairá cerca de 20% devido aos
conflitos internos.
Apesar dos pequenos (e
significativos) avanços, esses números voltaram a aumentar em 2007. Dentre os países mais afetados com o problema destaca-se a região do
Chifre da África onde a Somália, considerada um dos países mais pobres, vem enfrentando uma crise humanitária que se agravou nos últimos anos. Desde maio de 2012 até agosto de 2015 foram
constatadas 258.000 de mortes causadas pela fome na Somália e 640 mil crianças estão subnutridas.
Os solos inférteis, secas,
terremotos, inundações, a falta de sementes e de investimentos no país são fatores decisivos para colaborar o aumento da fome,
contudo, independente dos motivos, a verdade enfrentada no país dói e mostra-se inaceitável no cenário atual. Em uma realidade que varia desde fast foods às comidas orgânicas, alta tecnologia que auxilia a produção agrícola e investimentos estrangeiros, a fome que parece
inacabável passa a ser
questionada.
Os motivos vão muito além de questões climáticas e envolve principalmente um teor político e econômico. Na Somália, por exemplo, é impedido a chegada de
alimentos até a população devido ao controle que o grupo terrorista Al Shabab
possuí na região e também devido a destruição
gerada pelos conflitos. Além disso, os países financiadores temem que a verbas doadas sejam
desviadas para o grupo terrorista filiado ao Al Qeada.
Além do controle “político”, a renda é controlada por poucos e
o que é importado e produzido não chega as mãos de todos. A
dimensão do continente e seu crescimento demográfico também acompanham essa estatística, assim como o fato de que os investimentos são
direcionados a países desenvolvidos deixando os mais pobres sem
infraestrutura e formas de garantir renda própria. Percebe-se que a
alimentação virou nos dias atuais uma forma única de maximizar lucro e cada vez menos do que sua real
função. Enquanto em alguns aspectos o continente carece de investimentos, do
outro os investidores prejudicam a população por meio de compras dos solos férteis que acarreta na
expulsão de agricultores, dificultando a forma de subsistência dos mesmos.
"A fome é um problema político. E uma questão de justiça social e políticas de redistribuição” afirma o relator da ONU para o direito da alimentação, Olivier de Schutter. Porém, em ação conjunta ao
PMA (Programa Mundial de Alimentos), o governo brasileiro criou em 2011 o
Centro de Excelência Contra a Fome, que consiste em uma cooperação
sul-sul com o intuito de auxiliar o desenvolvimento de países ao combate a fome baseados em programas sociais
desenvolvidos no Brasil como por exemplo, o Programa de Merenda Escolar e o
Programa de Aquisição de Alimentos.
O
principal financiador desse programa é o Estados Unidos junto com o Brasil que ocupa os dez
primeiros lugares nesse ranking. A efetividade do programa é percebida uma vez que Moçambique, após todas as etapas de
consultas e reuniões, já aprovou o programa e tem colocado em desenvolvimento as
ações, assim como a Ruanda que encontra-se em fase final de adaptação.
Portanto, apesar de todas as estatísticas negativas e previsões pessimistas a fome é algo que precisa e pode
ser erradicada. Em um cenário tão globalizado e
avançado é quase que inconcebível que pessoas ainda morram de fome uma vez que a
produção agrícola chega ser o suficiente para 12 bilhões de pessoas
quando possuímos 7 bilhões de pessoas no mundo. O que se faz necessário é desde uma ação conjunta dos países até a ajuda de ONGs não só para investimentos e arrecadação mas principalmente na
distribuição desses alimentos, de forma que garanta a chegada dos mesmos nas
mãos da população mais necessitada.
Por Thaís Soares - Aluna do Curso de Relações Internacionais do Unicuritiba e Monitora da disciplina de Instituições Internacionais.
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