(Nota originalmente publicada na coluna Sociomídia da Revista Sociologia, Ano IV, Edição 40, Junho-Julho de 2012, p. 59.)
Quatro anos após as Olímpiadas de Beijing, o Tibete volta às manchetes. A razão é a mesma: a população tibetana protesta contra a ocupação chinesa, iniciada em 1951, e o governo central a reprime severamente. Todavia, desta vez há um elemento novo. Antes, os manifestantes saiam às ruas, exibindo faixas e gritando palavras de ordem. Agora, eles lançam mão de uma nova tática, a autoimolação, que consiste em atear fogo ao próprio corpo em público. Mais de trinta pessoas sacrificaram-se desde fevereiro de 2009, em sua maioria monges budistas. À parte considerações sobre a sua legitimidade, a autoimolação é um indicador da deterioração das condições de vida dos tibetanos, particularmente no que diz respeito ao gozo de direitos básicos, assim como do seu desespero e da sua vontade inquebrantável por mudanças. Desde 1994, a repressão aos tibetanos tem aumentado tanto em alcance quanto em intensidade. Além de ser forçada a renunciar à liderança espiritual do Dalai Lama, a comunidade monástica foi submetida à fiscalização da polícia chinesa e a programas de “reeducação”. O ensino da língua tibetana nas escolas, assim como o seu uso no serviço público, foi proibido. Paralelamente a isso, o governo chinês tem implementado políticas de desenvolvimento regional que afetam negativamente o modo de vida tradicional dos tibetanos, em especial os pastores nômades. Observe-se que ações dessa natureza não são realizadas em outras regiões da China desde a morte de Mao Zedong e o fim da Revolução Cultural em 1976.
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