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quinta-feira, 8 de março de 2012

A REALIDADE DA POBREZA BRASILEIRA

Juliana Pimentel Lago
Sthefani Michels Palha Fantinato



O Brasil possui um dos mais elevados graus de iniqüidade no mundo: comparado a cerca de 120 países (que contêm informações sobre grau de desigualdade), menos de 10% tem a desigualdade maior que a nossa.
Entretanto, quando se nota a distribuição acumulada da renda per capita, mais de 80% dos países tem desempenho inferior ao do Brasil. Assim o Brasil não é exatamente um país pobre, mas com muitos pobres; conseqüência da má distribuição de renda.



Entre 1960 e 1970, havia dois debates sobre a desigualdade no Brasil: de um lado aqueles que apontavam a educação (ou a falta dela) como a causa da desigualdade; a outra visão recorria a uma perspectiva estruturalista (teoria de mercados internos de trabalho) e defendiam a causalidade no sentido inverso. Por falta de dados, o debate se tornou ideológico, mas foi o início de uma preocupação com a distribuição de renda e a valorização das informações.
Nos anos 80, a preocupação era com as origens da desigualdade, que foi analisada pela interação do funcionamento do mercado de trabalho com desigualdades sociais preexistentes, sendo o trabalho um gerador ou como revelador de desigualdade. A educação aparece como a maior explicação para o grau de desigualdade na distribuição de renda e no rendimento no trabalho.
Barros e Mendonça (2005) mostram que o nível médio de renda aumentou 25% de 1960 para 1970, equivalendo a um crescimento anual de 2,2%. Mesmo com o crescimento, houve um aumento no grau de desigualdade: a razão entre a média do décimo superior e a dos 40% mais pobres, subiu de 13,7 para 18,6, sendo assim, o crescimento foi mal distribuído. Os 10% mais ricos da população foram os que mais se beneficiaram: a parcela apropriada por eles foi de 39,7% para 46,5%.
A década de 70 (englobando o Milagre Econômico) se caracterizou por um enorme crescimento econômico: o nível médio de renda aumentou 97% da década de 70 para a de 80, sendo uma taxa anual de crescimento de 7%. Nesse grande crescimento, houve um pequeno aumento na desigualdade, a fração da renda apropriada pelos 10% mais ricos aumentou 1,4 pontos percentuais, chegando a 47,9%, enquanto o que ficou para os mais pobres foi de 40% para 9,7%.
 A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio PNAD, conduzida com o censo do IBGE, mostra que entre 1981-2002 houve um aumento na renda média de 25% e que o crescimento foi instável, com poucos momentos de progresso, mas com destaque para os anos de 1986, ano do Plano Cruzado, e em 1994, ano do Plano Real.
Nos anos 80, a fração da renda apropriada pelos 10% mais ricos aumentou quase três pontos percentuais, isso é, de 46,5 para 49,0%, e para os 40% mais pobres teve um declínio de 1,4 pontos percentuais, de 8,7 para 7,3%. O pequeno crescimento foi desigualmente distribuído, constando que os ricos aumentaram 1,8% sua renda média e os 10% mais pobres tiveram sua renda reduzida a 1,7%.
A década de 1990 caracteriza-se por um maior crescimento econômico, com renda média de 31% de 92 para 2002, equivalendo a uma taxa anual de 2,7%, e nesse período houve um pequeno aumento na desigualdade social. Os 10% mais ricos tiveram na renda de 45,8 para 47,1%, tendo uma estabilidade de 8% na porção da renda total dos 40% mais pobres.
Na década de 1990, começou a se ver uma redução da pobreza e aumento de renda média, após a implantação do Plano Real, mas essa percentual não diminui o número de pessoas pobres, uma vez que com o aumento populacional a população pobre aumentou em oito milhões.
A desigualdade no Brasil vem de muitos anos e foi causada principalmente pela desigualdade dos níveis de escolaridade: a educação corresponde a cerca de dois terços de toda a fonte de desigualdade. A educação foi deixada de lado, piorando a qualidade de ensino; mas muitos políticos não se importam com este quadro, pois uma população bem instruída cobra mais e não é facilmente enganada.
Além da educação, para a melhoria da qualidade de vida, seriam  necessários investimentos em outras áreas, como habitação, saúde pública, entre outras. O Brasil vem cada vez mais se destacado economicamente no cenário internacional, é um país com muita riqueza, mas a maior parte da população ganha pouquíssimo dinheiro enquanto outros ganham salários absurdamente altos.
Reduzir a pobreza e conseqüentemente a desigualdade é o grande desafio da política social brasileira. Existem diversas maneiras para implementar esta política, passando pela transferência de renda para as famílias mais pobres no curto prazo e também pelo investimento nas várias formas de desenvolvimento da capacitação das novas gerações (nutrição, saúde, educação, entre outros), principalmente entre parte da população que é mais atingida pela pobreza e pela exclusão social. A tarefa é difícil, mas como o problema do Brasil não está na escassez de recursos, mas sim na sua injusta repartição, teremos que esperar a boa vontade dos governantes municipais, estaduais e federais repassarem a verba total às suas cidades e de forma igualitária. Somente assim é possível pensar em um Brasil sem rótulos e estereótipos de pobreza e realmente rumo ao progresso e ao ‘’primeiro mundo’’.

Juliana Pimentel Lago e Sthefani Michels Palha Fantinato são estudantes do sexto período do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.

BIBLIOGRAFIA

GIAMBIAGI, Fábio; VILLELA André. Economia brasileira contemporânea (1945 - 2004). São Paulo: Campus, 2005. Cap. 14.

Site do IBGE. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home>. Acesso em: 08 nov. 2011.

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