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terça-feira, 8 de outubro de 2019

Opinião: Queimadas na Bolívia e as eleições presidenciais



Por Manuela Paola


            O fogo não queima apenas no Brasil. A Bolívia, além de outros 8 países, tem sua fauna e flora afetadas pelas queimadas. Assim como aqui, muitas das queimadas foram intencionais. O presidente Evo Morales defendeu os “chaqueos” - prática usada pelos agricultores para queimar áreas de bosque para aumentar o espaço de cultivo. "O controle do 'chaqueo' é importante, mas também quero que saibam: de que vão viver as pequenas famílias, os pequenos produtores sem 'chaqueo'? É para o milho, meio hectare, é a situação do pequeno produtor, no máximo um hectare de arroz para sobreviver", afirma o presidente boliviano. No entanto, em julho deste ano, Morales aumentou a área de queimadas controladas de 5 hectares para 20.

            Diferente do presidente Jair Bolsonaro, em agosto, o líder da Bolívia aceitou ajuda internacional do G7, o grupo das sete maiores economias do mundo - o que a oposição achou muito controverso, levando em conta as ações anteriores de Evo Morales. Acontece que as eleições para presidente na Bolívia acontecem ainda este ano, no dia 20 de outubro. Por causa das pressões internas - autoridades das províncias e líderes dos vilarejos pediram que se aceitasse a ajuda - , o governo recuou e aceitou auxílio internacional, como aeronaves para despejar água sobre as queimadas. Mas, pela negligência do presidente ao lidar com as queimadas, na última sexta-feira (4), milhares de manifestantes tomaram as ruas de Santa Cruz, a maior cidade da Bolívia e palco de intrigas políticas, para protestar contra Morales. O rival do atual presidente, Carlos Mesa, o criticou por sua demora em agir. "O governo reagiu tarde e mal, levou quase duas semanas e eles não tinham um plano estratégico. Evo Morales colocou sua campanha em primeiro lugar, em vez de governar a Bolívia”, afirmou o candidato à presidência. Os manifestantes de sexta-feira afirmaram que vão usar o “voto de protesto” - medida utilizada durante uma disputa eleitoral, onde os eleitores decidem anular o voto ou votar em figuras excêntricas para representar sua desaprovação em relação ao candidato. 

Evo conseguiu controlar o fogo, mas ao mesmo tempo, diminuiu sua popularidade. Se conseguir driblar esta dificuldade e vencer as eleições, o presidente boliviano cumprirá o seu quarto mandato comandando um dos países mais pobres da América do Sul. Mesmo tendo conseguido mais simpatizantes na província que abrigou as manifestações na sexta-feira com os planos de triplicar as áreas agrícolas até 2025, Santa Cruz de la Sierra tem uma tradição opositora a Morales - já chegou até mesmo a se declarar uma província independente de seu governo - e todas estas conjecturas somadas tornam difícil acreditar que ele irá ganhar as eleições.

Referências


*As opiniões contidas neste texto pertencem ao autor e não refletem, necessariamente, o posicionamento do UNICURITIBA.

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