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quarta-feira, 28 de agosto de 2019

Mulheres de Destaque: Janiffer Zarpelon, professora do UNICURITIBA e estudiosa do feminismo nas Relações Internacionais


Por Ligia Maffessoni



Professora da UNICURITIBA desde 2012, ficando fora um ano devido ao Doutorado e retornando em 2015, Janiffer Zarpelon é bacharel em Relações Internacionais, Mestre e Doutora em Sociologia Política. Desde cedo, trilhou uma carreira longa com diferentes experiências: primeiro trabalhou com projetos ambientais; depois na área de comércio exterior realizando atividades relacionadas à exportação; e na área de marketing e negociação internacional. Em todas essas experiências aproveitou para divulgar o campo das Relações Internacionais entre seus empregadores, muitos que não conheciam as vantagens e competências do curso, mas se impressionaram com sua capacidade de negociação internacional, devido à complexidade interdisciplinar e ampla compreensão acerca do sistema internacional.



Seus esforços começaram cedo: quando se nasce num contexto de opressão, percebê-lo e querer fazer diferente pode se tornar um objetivo. No seu caso, esse objetivo foi a independência, começou a trabalhar com quinze anos em uma loja de roupas. Quando cursou o curso de Relações Internacionais, seus professores foram na sua maioria homens. Foi no mestrado que teve maior contato com pesquisadoras, momento em que pode questionar a realidade sobre a desigualdade de gênero no Brasil e no mundo e enxergar ainda mais as assimetrias sociais envolvendo as mulheres, motivando a pesquisa, ainda de forma tímida, sobre as teorias de gênero no campo da Sociologia e das Relações Internacionais. Sua orientadora, que também era jovem, foi um exemplo para se identificar profissionalmente.



Seus temas de pesquisa foram: na graduação, sobre a escassez de água e os problemas transfronteiriços no uso do Aquífero Guarani ( um dos maiores reservatórios subterrâneos de água doce do planeta) pelos países do Mercosul, na Especialização pela UFPR, sobre Meio Ambiente, Educação e Desenvolvimento, quando realizou um estudo sobre a importância da Educação Ambiental no Aquífero Guarani. No mestrado em Sociologia Política pela UFSC, realizou um estudo sobre os conflitos e os impactos socioambientais do uso e gestão da água no Aquífero Karst em Colombo.



Passou a lecionar em 2006, ano em que tinha apenas 26 anos. Por ser nova, passou pela dificuldade de ser reconhecida no trabalho, visto que muitos dos seus alunxs eram mais velhos do que ela. Com objetivo de ganhar experiência e amadurecer em alguns temas, levou 5 anos para decidir fazer o doutorado. Sua pesquisa no doutorado no programa de Pós Graduação em Sociologia Política pela UFSC foi sobre a política externa brasileira e como o Brasil se transformou de um receptor para um doador em cooperação técnica internacional na área da saúde.



Tem buscado participar em diversos congressos e seminários a fim de atualizar suas pesquisas e trocar ideias com outros pesquisadores da área. Recentemente participou do 7º Encontro da ABRI  e do Congresso Latino-americano de Ciência Política no México. A professora também tem livros publicados, sendo o mais novo da coleção Os Grandes Julgamentos da História, com o título “Ruanda, o julgamento de Pauline Nyiramasuhuko”, que que analisa o papel do Tribunal de Ruanda para julgar os acusados do genocídio de Ruanda e sobre a primeira mulher julgada pelo crime de genocídio perante uma corte penal internacional em que relaciona as teorias de gênero a fim de analisar esse caso.

Quando lá atrás se sentiu inspirada pela presença feminina na academia, talvez não imaginava que se tornaria tamanha inspiração. Janiffer já orientou diversas publicações, mas também orientou diversas pessoas com seu exemplo, inteligência e força. Essa publicação é também uma comemoração de seu aniversário, e principalmente um agradecimento, à essa mulher de destaque.

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