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segunda-feira, 25 de junho de 2018

Redes e Poder no Sistema Internacional: A gestão do território na Amazônia


A seção "Redes e Poder no Sistema Internacional" é produzida pelos integrantes do Grupo de Pesquisa Redes e Poder no Sistema Internacional (RPSI), que desenvolve no ano de 2018 o projeto "Redes da guerra e a guerra em rede" no UNICURITIBA, sob a orientação do professor Gustavo Glodes Blum. A seção busca compreender o debate a respeito do tema, trazendo análises e descrições de casos que permitam compreender melhor a relação na atualidade entre guerra, discurso, controle, violência institucionalizada ou não e poder. As opiniões relatadas no texto pertencem aos seus autores, e não refletem o posicionamento da instituição.

A gestão do território na Amazônia


Helena Yuri Ueda de Carvalho *

Ao debater as gestões de territorialidades, é necessário compreender as relações dos sujeitos em torno do ambiente e o ambiente em si. No caso dos ambientes florestais, antigamente, o ambiente de várzea marcava fortemente a vida dos camponeses, que possuíam estreita relação com a água. As várzeas recentes abrigam uma diversidade de riquezas de fauna e flora, que historicamente eram e ainda são utilizadas por seus habitantes como forma de alimentação, ou parte da renda obtida através da comercialização da produção excedente de pesca extrativa ou de pequenas criações – agricultura de curto ciclo.

Toda a produção é acompanhada pela sazonalidade do ambiente, relacionada com os períodos de subida e descida das águas do rio Amazonas. A vinculação de sobrevivência antes prevista, contudo, desde o desenvolvimento das técnicas globais foi bastante impactada. Durante o século XX, devido à indução do crescimento das economias, os Estados Nacionais focaram em criar planejamentos, muito com relação aos mercados domésticos. As elites regionais se concentraram em buscar cada vez mais produtos e uma maior produção sobre os mesmos.

Locais fartos em recursos, tais como a Amazônia, sofreram grande intervenção dos Estados, já que eram e são zonas estratégicas para os países e seus planejamentos. A integração da região para o Brasil foi prioritária nos anos de 1965-1985, e por isso, iniciar programas de desenvolvimento para exploração na Amazônia era importante. O órgão responsável pela elaboração de objetivo, no caso, foi a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM), logo depois das tentativas falhas do anterior, SPVEA, no governo militar.

A lógica se desenrolou basicamente no que vemos hoje em dia. Construções de subjetividades se formaram sobre o tema devido às negligências envolvidas pelos atores do Governo desde esse momento. Com a seca de 1970 então, um acordo de estratégia geopolítica veio à tona. Combinando programas de exploração de infraestrutura com um projeto de tentativa de colonização dos nordestinos sem-terra, o local se tornou uma "alternativa para a reforma agrária" (Kohlhepp, 1979). Tais atos acabaram refletindo, e ao contrário das tentativas incipientes, houve um impulso à migração de uns para o norte, espontaneamente.

As ações estatais para o desenvolvimento eram sobre o transporte rodoviário. Com o passar do tempo, tornou-se vantajoso para bancos, companhias de seguro, mineradoras e empresas estatais, de transportes ou de construção, se deslocar e investir na devastação da floresta tropical. Com a redução de impostos e a diminuição de taxas tributárias, os grandes projetos estavam no incentivo às criações de gado e nos projetos de mineração.

As consequências foram bastante excessivas. O rápido desmatamento acabou causando danos como erosão, perda de nutrientes da mata por escoamento e desregulamento no balanço de águas. O local apesar de não tão populoso, ainda possui seus cidadãos, problemas e conflitos com estrangeiros que, por tal situação, se tornaram ainda mais violentos refletem uma administração inconveniente. Marcada por abusos de poder, tráfico de recursos naturais, insegurança sobre os direitos legais das populações locais, limite das reservas dos indígenas e competição sobre as terras, uma desordem geográfica, política e social é presente nas extensões da Amazônia.


* Helena Yuri Ueda de Carvalho é acadêmica do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA), e membro pesquisador do Grupo de Pesquisa RPSI - Redes e Poder no Sistema Internacional.

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