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sexta-feira, 8 de junho de 2018

Redes e Poder no Sistema Internacional: O impacto das redes sociais na vida política de Donald J. Trump


A seção "Redes e Poder no Sistema Internacional" é produzida pelos integrantes do Grupo de Pesquisa Redes e Poder no Sistema Internacional (RPSI), que desenvolve no ano de 2018 o projeto "Redes da guerra e a guerra em rede" no UNICURITIBA, sob a orientação do professor Gustavo Glodes Blum. A seção busca compreender o debate a respeito do tema, trazendo análises e descrições de casos que permitam compreender melhor a relação na atualidade entre guerra, discurso, controle, violência institucionalizada ou não e poder. As opiniões relatadas no texto pertencem aos seus autores, e não refletem o posicionamento da instituição.

O impacto das redes sociais na vida política de Donald J. Trump

Camila Duda *

Desde o momento do anúncio de sua candidatura até seu segundo ano de governo, Donald J Trump se torna responsável por inúmeras controvérsias e polêmicas tanto pessoais quanto na vida pública. Descendente de imigrantes europeus e adolescente rebelde, toda a sua trajetória moldou sua personalidade a ser como a vemos hoje. Sincero e bastante aberto em relação às suas convicções, costuma soar colérico em seus discursos e famosos pronunciamentos nas redes sociais. 

Se para muitos pode ser classificada como uma estratégia arriscada, para o líder americano o uso dessas ferramentas de forma incessante e agressiva induziu um grande aumento em popularidade durante as eleições. Indicadores constatam que suas pesquisas no Google, menções em redes sociais virtuais como Twitter e Facebook e interesse online em geral seriam três vezes os de sua adversária política, Hillary Clinton. Essa política também proporciona a seu eleitorado um contato mais próximo e menos engessado, como é de praxe em comunicações presidenciais. A facilidade, rapidez e autenticidade com que as opiniões são disseminadas questiona a maneira com que muitos políticos se dirigem à população em geral. 

Outro ponto a ser levado em consideração é a enorme economia de dinheiro que o engajamento em redes sociais traz. Segundo Washington Post, a campanha presidencial bem sucedida de Trump custou aproximadamente U$398 milhões, enquanto a empreitada de Hillary Clinton chegou aos assombrosos U$768 milhões. Esta diferença descomunal é em parte explicada pela chamada "earned media", termo que faz referência à publicidade gratuita que Trump recebeu por ser uma figura não convencional e falastrona, com estimativas afirmando que Trump angariou impressionantes U$5 bilhões em mídias gratuitas somente durante sua campanha. 

O comportamento do novo líder da maior potência do mundo ocasionou uma mudança sem precedentes na mídia tradicional. A maior parte das notícias relacionadas à seu governo incluem citações de seu Twitter e independente de serem críticas ou elogios, esses pronunciamentos contribuem em muito para fortalecer seu discurso e representatividade internacional, funcionando como uma ferramenta de disseminação de influência. Essa estratégia aliada aos diferentes aparelhos estatais, como a CIA e FBI, trabalham de forma sincronizada para alcançar determinados objetivos. 

Um exemplo da eficácia do uso dessa mídia é a pressão colocada sobre a Coreia do Norte pelos pronunciamentos informais de Trump, a qual foi inclusive ameaçada de extermínio. Quando há troca de farpas entre o presidente norte americano e o líder coreano Kim Jong Un, a tensão na área aumenta exponencialmente, causando até mesmo possíveis flutuações na moeda e o envolvimento de outros países como China e Rússia.


* Camila Duda é acadêmica do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA), e pesquisadora do Grupo de Pesquisa "RPSI - Redes e Poder no Sistema Internacional".

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