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terça-feira, 10 de outubro de 2017

Por Onde Anda: Filipe Canali, Especialista em Compras em Indústria Automobilística



A seção "Por onde anda" entrevista egressos do Curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA sobre experiências acadêmicas, profissionais e de vida concretizadas após o término do curso e é coordenada pela Prof. Michele Hastreiter e pela Prof. Angela Moreira

Nome Completo: Filipe Canali de Freitas Alegre 

Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2012 

Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2015 

Ocupação atual: Especialista de Compras em Indústria Automotiva (Polônia).



Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco de sua trajetória profissional após a formatura no curso de Relações Internacionais. 


Durante 3 anos trabalhei em uma companhia norueguesa de Óleo & Gás instalada em Curitiba enquanto cursava RI. Durante este período recordo que trabalhei 2 anos como estagiário de compras e mais um ano como Analista de Logística no meu último ano de faculdade. 

Nos últimos meses da minha graduação foi uma época em que estava refletindo sobre meus próximos desafios e além disso, contava com uma vontade que sempre tive (e até então não tinha realizado): morar fora do Brasil, especialmente na Europa. 

Foi quando passei em uma vaga para trabalhar como Especialista de Vendas Internacionais em uma companhia de Investimentos Financeiros para estrangeiros na Polônia, através de um programa de talentos globais da AIESEC Curitiba. Me formei em 2015 e em setembro de 2016 já estava morando na Polônia. 



Blog Internacionalize-se: Qual a lembrança mais marcante do período de faculdade? 

As lembranças que mais marcaram minha trajetória durante o Curso de Relações Internacionais do Unicuritiba foram os vários seminários e debates que tivemos em sala de aula.  Posso afirmar que estes foram fundamentais para minha desenvoltura profissional.

Além disso, as aulas sempre foram muito boas na questão de atualização do cenário político e econômico mundial, o que lhe proporciona condições de bater papo sobre política internacional em qualquer lugar. 



Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua profissão atual. 

Acredito que a questão de enxergar um mesmo conflito com várias perspectivas diferentes é um grande diferencial que as Relações Internacionais lhe proporciona. Lembro de usar esta habilidade várias vezes com diversos clientes. 

Habilidades com negociação também são utilizadas no dia-a-dia e como trabalho com mercado internacional (América do Norte, Europa e África) o conhecimento sobre história, política e economia muitas vezes me ajudam para quebrar o gelo. 

Outra aptidão que acho fundamental em um internacionalista é a capacidade de articulação e transição dentro de um debate ou em uma negociação. 


Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente? 

Com certeza os 3 primeiros meses trabalhando na minha última empresa aqui na Polônia foi a experiência mais desafiadora.

O trabalho consistia em fazer cold callings (ato de entrar em contato com uma outra pessoa por telefone sem antes nunca ter conversado com ela). Estas pessoas podiam variar de acordo com seu turno, mas em geral eu ligava para pessoas dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, África do Sul, Noruega, Suécia e Portugal. 

O ambiente de pressão do floor era bem grande, todos os meses funcionários eram desligados por questão de desempenho.

Recordo que durante os 2 primeiros meses não obtive muitas vendas e cheguei a ter algumas conversas sobre desempenho, entretanto, após 3 meses de trabalho consegui me destacar e acabei ganhando uma promoção. 



Blog Internacionalize-se: Qual conselho deixaria para os nossos alunos? 


Acho interessante aos alunos a questão de conhecer diferentes áreas de atuação e nada melhor que o estágio (seja remunerado ou não) para fazer isso. Durante a época de estudo é possível ao aluno transitar em diferentes setores empresariais como Compras, Logística, Finanças, Marketing, trabalho voluntário em organizações internacionais ou até mesmo na área acadêmica como por exemplo iniciação científica. 

Outro hábito que possuo e que possa ter utilidade aos alunos seria traçar planos “backups”. A diversão da vida (ou as vezes a infelicidade) é que nós não a controlamos, dessa forma, é preciso ter preparado um plano A,B,C e as vezes um plano D. Acredito que perdemos muitas oportunidades por falta de preparo e trabalhando dessa forma (com várias frentes diferentes) é possível reduzir o risco em perder oportunidades. 



Blog Internacionalize-se: Como foi trabalhar na área de petróleo e gás? Como esse setor se relaciona no cotidiano com os debates realizados em sala? 


Sobre trabalhar na área de Óleo & Gás foi uma experiência muito interessante. Era possível entender na prática aquilo que era apresentado em sala de aula, como por exemplo manobras políticas de países exportadores (tais como Rússia ou países que fazem parte da OPEP). Eu trabalhava no final desta cadeia pois nós produzíamos equipamentos para exploração do petróleo submarino (incluindo pré-sal) de forma exclusiva para a Petrobras.

Todo o movimento político internacional relacionado ao petróleo (e ao preço do barril) era absorvido pela companhia, principalmente quando as investigações sobre a Petrobras (Lava-jato) começaram. 


Blog Internacionalize-se: Você já está completando algum tempo trabalhando em outro país. Como percebe as diferenças entre a prática de vendas no Brasil e em outros países? 

É difícil eu responder sobre as diferenças de prática de vendas no Brasil e na Europa pois eu nunca havia trabalhado com vendas anteriormente no Brasil. Apesar desse fato, utilizei muitas técnicas e vídeos (YouTube) de vendedores Brasileiros e estes estavam totalmente alinhados com as técnicas utilizadas na Europa. 



Blog Internacionalize-se: Como observa a empregabilidade dos profissionais de RI em outros países?


Está pergunta é bem interessante pois encontrei várias pessoas aqui na Polônia com a formação de Relações Internacionais, principalmente na companhia em que estava trabalhando. 

A impressão que eu tenho aqui é que o curso de RI é mais conhecido tanto entre nós (“mortais”) quanto grandes companhias. Participei de vários processos seletivos aqui (em torno de dez processos, acredito) e nunca me fizeram a clássica pergunta: Como um profissional de relações internacionais atua em uma companhia? 

Além disso, nunca houve qualquer tipo de “discriminação” por estar concorrendo a uma vaga de administração ou engenharia. Desta forma, percebo que o mercado polonês está mais preparado para trabalhar com internacionalistas. 



Blog Internacionalize-se: Que dicas ou conselhos dariam para os alunos de RI que ainda estão em dúvida quanto ao futuro profissional 

Eu aconselharia a pesquisar bastante sobre diferentes áreas de atuação (já falado aqui). Além disso, tenho o mindset de que toda experiência é válida. Sempre é possível absorver algo bom em tudo que acontece em sua vida ou sobre aquilo que você faz. Se for preciso largar o estágio em uma grande multinacional após 6 meses de contrato para entrar em uma área de maior afinidade ou fazer um intercâmbio, faça-o! Durante a graduação não existe momento melhor para arriscar e conhecer possibilidades novas.

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