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terça-feira, 6 de junho de 2017

Análise em Relações Internacionais e Política Externa: Análise de discurso do Primeiro Ministro de Israel - Benjamin Netanyahu- na 71° da ASG da ONU em 2016.

Artigo apresentado na disciplina de Análise em Relações Internacionais e Política Externa do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba, sob orientação da Profa Dra Janiffer Zarpelon.

* Por: Guilherme Schneider Gonçalves


O conflito entre Israel e Palestina sobre territórios reivindicados é discutido há anos e até hoje não foi encontrado uma solução pacífica para o caso. A ONU como uma organização intergovernamental desenvolve discussões entre os países a respeito de assuntos globais e também a intermediação de conflitos em que não consenso entre as partes (países), assim como aplicar resoluções sobre os Estados que não cumprem a ordem, tentando garantir a estabilidade mundial. Nesse caso Israel sofre bastantes sanções pela ONU devido aos seus assentamentos ilegais construídos em território palestino que também é condenado por grande parte da comunidade internacional.
No começo de seu discurso, Benjamin Netanyahu primeiro-ministro israelense condena essa “obsessão” da ONU com Israel citando que no último ano a ONU aprovou 20 resoluções contra Israel, em que o primeiro-ministro chama de república democrática (que busca legitimar as ações de Israel por ser uma democracia), enquanto sancionou apenas 3 contra o resto do mundo.
Benjamin teria vários interesses com esse discurso. Nos seus 40 minutos de fala buscou legitimar as atuações de Israel e criticar as ações da ONU deixando claro que está aberto ao diálogo e em busca da paz com os palestinos, porem não irá permitir que a organização determine a segurança e os interesses nacionais de Israel.
Desde 1991 quando por pressão de potencias mundiais foi realizada a conferência de Madrid, acordo de Oslo e o protocolo de Paris nos anos seguintes, após negociações aparentemente havia um consenso para a criação de um Estado Palestino, porem mesmo através de diversas medidas que foram tomadas em âmbito internacional nas décadas que se passaram, como o estabelecimento de uma autoridade palestina, Israel manteve sua colonização sobre territórios palestinos, para o cientista político israelense Neve Gordon (2008, p. 169-196), Israel desde o começo não quis deixar da Palestina, por isso terceirizou a administração da vida da população naquele território para a autoridade palestina, assim como o seu sustento, mas ainda tinha total controle sobre o território e os recursos, e é exatamente sobre isso que Benjamin fala em seu discurso, que está disposto a paz, porem não irá abrir permitira a interferência de outros atores no que diz a respeito da segurança e dos interesses nacionais de Israel (incluindo o território da Palestina).
Para legitimar o interesse de Israel com a paz, Benjamin falou sobre a aliança que tem com países importantes no cenário mundial como EUA e Estados árabes como o Egito, mostrando que o problema de Israel não é com os árabes, mas com os demais países que de alguma maneira estão tentando impedir as políticas israelenses, e também atacar a ONU mostrando que os países de maior relevância no cenário internacional estão do lado de Israel. Vemos que diversos países contribuem para o agravamento desse conflito, na maioria deles o discurso é a favor de uma solução para o problema, porém, na prática acabam contribuindo para o agravamento do problema, como, por exemplo, com a exploração de recursos em território palestino e compras de produtos que são produzidos em indústrias de territórios de ocupação.
Falando em segurança nacional, desde o 11 de setembro em que os países investem massivamente em sua segurança, a Palestina serve como campo de demonstração em que os israelenses testam e mostram (servindo como um marketing) para o mundo a sua tecnologia militar para que a mesma possa ser adquirida pelos países que buscam tecnologia de ponta para garantir a segurança de seu território. Quando Netanyahu afirma do palanque da ONU que uma nova era para Israel está chegando, é porque sabe que há uma rede que internacional que sustenta e tem interesse na manutenção da ocupação dos territórios palestinos (HARTMANN E HUBERMAN, 2016). A aliança com os EUA abriram portas em diversos mercados para Israel, como a Europa, Brasil, Índia e até um antigo inimigo como a Rússia, sendo assim esses países acabam contribuindo para a manutenção do conflito.
            O primeiro-ministro também buscou legitimar a democracia de Israel, mostrando que a maioria dos países árabes que são contra Israel não respeitam os direitos dos civis. Segundo o ministro, Israel é um país em que as mulheres têm seus direitos garantidos, algumas delas estão atrás de grandes corporações e até envolvidas na política nacional, um país em que é desenvolvida uma alta tecnologia, é respeitado os direitos dos homossexuais, os mesmos que são pendurados em guindastes no Irã, Israel também construiu hospitais para atender os refugiados sírios, o conhecimento agrícola israelense é aplicado para alimentar países que estão em desenvolvimento, tudo isso não é mentira, porem o objetivo desse discurso do premier é mostrar que há muitos países na ONU que nem sequer respeitam os direitos dos seus cidadãos, mas os mesmo não são punidos pela ONU e ao mesmo tempo criticam Israel, vejam como esse discurso é uma forma de legitimar as atitudes de Israel pelo fato de ser uma democracia e tirar a legitimidade dos demais países que a ele se opõe.
            Ao mesmo tempo, o premier israelense buscou tirar a legitimidade do governo palestino, citando que o conflito entre israelenses e palestinos não se da por conta dos assentamentos ilegais e sim por não aceitarem a criação de um Estado judeu, como exemplo citou que mesmo quando Gaza e Cisjordânia estavam sobre controle dos árabes, eles continuavam atacando Israel. Quando crianças os palestinos são doutrinados com ódio e instigados a matar os judeus, os palestinos exaltam os árabes que fazem terrorismo enquanto os mesmos são julgados e condenados em Israel. Podemos ver que no discurso ao mesmo tempo em se tira a legitimidade de um país por não ser democracia e alimentar o terrorismo, as ações do outro se legítima por ser totalmente o oposto, considerando que agora os países buscam a segurança nacional e lutam contra o terrorismo, qualquer país que exalte o terrorismo não deve ser bem-visto na comunidade internacional, e assim Benjamin buscou justificar suas ações contra a Palestina.   
            O objetivo desse trabalho foi analisar o discurso de Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel e buscar compreender os interesses por trás de seu discurso na 71° ONU 2016 assim como entender o seu contexto histórico, e não busca um posicionamento sobre o conflito.

Referências Bibliográfica
GORDON, Neve. Israel’s Occupation. Berkeley: University of California Press, 2008.

HARTMANN, Arturo. HUBERMAN, Bruno. Israel ensina o mundo a reprimir, 2016. Disponível em: http://www.outraspalavras.net/reginaldonasser/tag/onu/

 


TELESURENGLISH, Benjamin Netanyahu - 71° ONU 2016. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=KFOSMNpYVPA


* Guilherme Schneider Gonçalves: estudante do curso de Relações Internacionais do Unicuritiba.

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