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sexta-feira, 28 de abril de 2017

Redes e Poder no Sistema Internacional: Batalhas literárias - quando os livros foram à guerra



A seção "Redes e Poder no Sistema Internacional" é produzida pelos integrantes do Grupo de Pesquisa Redes e Poder no Sistema Internacional (RPSI), que desenvolve no ano de 2017 o projeto "Redes da guerra e a guerra em rede" no UNICURITIBA, sob a orientação do professor Gustavo Glodes Blum. A seção busca compreender o debate a respeito do tema, trazendo análises e descrições de casos que permitam compreender melhor a relação na atualidade entre guerra, discurso, controle, violência institucionalizada ou não e poder. As opiniões relatadas no texto pertencem aos seus autores, e não refletem o posicionamento da instituição.



Batalhas literárias - quando os livros foram à guerra


Luana Feres *


Quando os Estados Unidos entraram na Segunda Guerra Mundial, em 1941, eles sabiam que enfrentariam um inimigo que havia declarado guerra contra ideias. 

Quase uma década antes, na Berlim de 1933, uma "ação contra o Espírito Não-Alemão" nacional foi proclamada, cujo clímax resultou em uma ideia sobre uma espécie de limpeza literária ou "purificação" pelo fogo. Nesse mesmo ano, Adolf Hitler baniu e queimou cerca de 100 milhões de livros vistos como subversivos ou que representavam ideologias opostas ao nazismo. Isso incluía livros escritos por autores judeus, pacifistas, religiosos, liberais, anarquistas, socialistas, comunistas e etc. 

O mesmo se repetiu com as diversas outras nações que caíram nas mãos da Alemanha Nazista; os conceitos de cultura, história, literatura, arte, e entretenimento foram ressignificados para reforçar o poderio de Hitler. 

Em resposta, com a ajuda de bibliotecários, editores e oficiais militares, uma mobilização norte americana foi iniciada em 1943 para enviar livros grátis às tropas americanas. Em 1943, o Departamento de Guerra e a indústria editorial uniram-se e criaram um programa chamado “Armed Services Editions”, para o qual foram doados cerca de 123 milhões de livros para os soldados americanos que estavam no exterior. 

Mais de 1.300 títulos foram publicados em edições de pequenos livros de bolso, de peso leve, para que as tropas carregassem nos bolsos e nas mochilas, em todos os percalços da guerra. As edições incluiam livros incluíam mistérios, biografias, histórias de crimes, romances de aventura e obras clássicas de autores como Ernest Hemingway. 

Os livros foram lançados em pára-quedas para homens que lutavam em ilhas remotas do Pacífico, enviados a prisioneiros de guerra na Alemanha e no Japão, e distribuídos a todos os homens que embarcaram numa embarcação de desembarque na véspera do Dia D. 

Além de levantar os espíritos dos soldados e ajudar a salvar a humanidade de alguns militares traumatizados pelos aspectos destrutivos da guerra, é irrefutável afirmar que o “Armed Services Editions” foi usado como principal arma na luta contra a citada "guerra de idéias" de Adolf Hitler. 

A Alemanha nazista buscou o controle sobre as crenças das pessoas, não apenas de seus corpos e território e a estratégia norte americana de não permitir que suas prateleiras fossem esvaziadas e seus livros fossem queimados significou uma oposição clara à ideologia alemã.

No fim, a Alemanha perdeu a guerra e a luta contra as ideias: mais livros foram doados para as tropas norte americanas do que foram destruídos pelos nazistas. 



* Luana Feres é internacionalista, egressa do curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba (UNICURITIBA) e pesquisadora do Grupo de Pesquisa "Redes e Poder no Sistema Internacional".

quarta-feira, 26 de abril de 2017

Por Onde Anda: Bianca Zbuinovicz, representante do Campus International de Cannes no Brasil


A seção "Por onde anda" entrevista egressos do Curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA sobre experiências acadêmicas, profissionais e de vida concretizadas após o término do curso e é coordenada pela Prof. Michele Hastreiter e pela Prof. Angela Moreira.



Nome Completo: Bianca de Melo Zbuinovicz
Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 2008
Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 2013
Ocupação atual: Representante do Campus International de Cannes no Brasil e professora de francês

      Blog Internacionalize-se: O que é o Campus International de Cannes? Qual a sua atuação na empresa?


Bianca Zbuinovicz: O Campus International de Cannes é uma escola de francês para estrangeiros, localizada na cidade de Cannes, a famosa cidade do Festival de Cinema. A escola tem um grande campus de 11 mil m², com todos os serviços necessários para os alunos: quartos, salas de aula, refeitório, café-bar, lavanderia, etc. Além das aulas de francês para estrangeiros, nós temos diversos cursos unindo  a língua francesa e alguma outra área de estudo, como o curso de francês jurídico, francês para negócios, francês e gastronomia, entre outros. Existe uma sede do Campus de Cannes aqui em Curitiba e ela tinha uma dupla missão: ser uma escola de idiomas e representar o CiC no Brasil. Depois de 3 anos da direção da escola, eu decidi encerrar as atividades de escola de idiomas em dezembro de 2016 para me concentrar totalmente na representação do CiC no Brasil e na organização das viagens.  


Blog Internacionalize-se: Qual o trabalho que você desenvolve como representante da escola e organizadora de viagens?

Bianca Zbuinovicz: Representar o Campus International de Cannes no Brasil significa fazer um trabalho de promoção e prospecção a nível nacional, criando projetos com universidades, fechando parcerias com escolas de idiomas, escolas bilíngües, associações de professores de francês, entre outras instituições.  Eu viajo bastante pelo Brasil para buscar contatos além do Paraná, participo de diversos eventos ligados à língua francesa e/ou intercâmbios.  Como organizadora de viagens, depois que os projetos são criados e a instituição parceira decide fazer um grupo de alunos para estudar francês em Cannes, eu cuido de todos os preparativos pré-viagem. Inscrições, passagens de avião, seguro saúde, organização das excursões, tudo que é relacionado à estada dos alunos no Campus de Cannes.    



1   Blog Internacionalize-se: Como é o dia a dia no seu trabalho?

Bianca Zbuinovicz: Meus dias de trabalho são sempre longos e com atividades bem diversas. Eu tento usar uma parte do dia para trabalhar nos novos projetos e na promoção da escola em si e outra parte, com a organização efetiva das viagens. Durante os meses de férias no Brasil temos grupos que viajam para Cannes, mas como a escola é aberta o ano todo, praticamente todo mês, eu tenho algum aluno, saindo de alguma cidade do Brasil, indo estudar francês. E, além disso, como estudo francês desde 2007 e já fui diretora de uma escola de línguas, eu acabei me tornando professora de francês também. Hoje em dia a minha carga horária como professora é bem menor que quando eu era diretora, mas continuo com cerca de 10 horas de aula por semana, todas particulares. A minha rotina muda um pouco em janeiro e julho, pois eu vou para Cannes acompanhar os grupos de alunos, o que demanda muito trabalho, mas é sempre muito prazeroso.

Blog Internacionalize-se: Qual a principal dificuldade enfrentada no empreendimento?


Bianca Zbuinovicz: Por ter começado cedo e ter apenas o meu marido como sócio, a minha maior dificuldade é em relação ao conhecimento básico/geral que um empreendedor precisa ter em diversas áreas. Eu tive que aprender muita coisa e em pouco tempo, se não o meu empreendimento ia por água abaixo. Eu me formei em relações internacionais, mas depois que entrei para esse ramo, tive que aprender tudo sobre escola de idiomas, agência de viagens, contabilidade, publicidade, marketing, professora de línguas, serviço ao cliente  e muitas outras coisas que ainda aprendo diariamente.




1    Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve profissionalmente?


Bianca Zbuinovicz: Acredito que a minha própria jornada como empreendedora já foi bastante desafiadora, mas hoje, o meu maior desafio é quando eu vou para o Campus International de Cannes acompanhar os grupos de alunos. Algumas pessoas planejam esse tipo de viagem durante meses, às vezes anos, investem, criam muito expectativa, idealizam a viagem dos sonhos. E quando eu estou lá com eles, eu sou a responsável para que tudo ocorra bem, que eles voltem para casa com uma ótima lembrança e tendo certeza que todo o investimento valeu à pena. No final é extremamente gratificante e eu tiro um enorme peso das costas quando vejo todos felizes com a viagem e já planejando uma próxima.


Blog Internacionalize-se: Como foi a decisão de empreender após sua formatura no curso de Relações Internacionais?


Bianca Zbuinovicz: Antes mesmo de sair da faculdade eu já era diretora do Campus International de Cannes em Curitiba e representante da instituição aqui no Brasil, e continuo nessa aventura desde então. Aliás, minha lembrança mais marcante do período da faculdade é a do último semestre, quando eu cursava as matérias no período noturno, fazia duas dependências pela manhã, estava terminando a monografia e ao mesmo tempo, dava os meus primeiros passos como empreendedora, diretora de uma escola de idiomas, professora de francês, organizadora de viagens, entre outras centenas de tarefas. Com certeza foi o período mais difícil, cansativo e marcante não só da faculdade, mas de toda a minha vida. Nunca me esquecerei das noites de insônia e da alegria quando descobri que tinha passado em todas as matérias e estava formada.       

1    Blog Internacionalize-se: Quais as aptidões e conhecimentos desenvolvidos no curso de Relações Internacionais que mais o ajudam na sua profissão atual?


Bianca Zbuinoviz: Muito mais que aptidões ou conhecimentos, a troca que eu tive com os outros colegas e professores me marcou muito como pessoa e como profissional. Com certeza o diferencial do curso de Relações Internacionais está nesse quesito, nessa mistura de pessoas, que sempre causava discursos calorosos no final da aula sexta-feira às 22h15 (!), mas que sempre me ensinou muito.  
 
 

1   Blog Internacionalize-se:  Qual conselho deixaria para os nossos alunos?


Bianca Zbuinovicz: Por ser professora atualmente, tenho muito remorso de já ter dormido numa aula do professor Renato Carneiro, de ter chego atrasada nas aulas do Carlos Magno e de ter assistido aulas do Andrew Traumann sem ter feito nenhum anotação. E todos os gráficos da professora Patrícia Tendolini que eu nunca tentei/consegui fazer?
 Não deixem a rotina e o cansaço tomarem conta, se organizem e aproveitem todas as oportunidades. Tudo passa muito rápido. 
 É difícil, é cansativo, às vezes é chato, ir ao bar com certeza é mais divertido, mas é nesse período que tomamos muitas decisões cruciais para o nosso futuro.