Por onde anda: Entrevista com Anna Claudia Zaleski Mori - egressa do UNICURITIBA, atualmente staff da Organização das Nações Unidas

A seção "Por onde anda" entrevista egressos do Curso de Relações Internacionais do UNICURITIBA sobre experiências acadêmicas, profissionais e de vida concretizadas após o término do curso e é coordenada pela Prof. Michele Hastreiter e pela Prof. Angela Moreira.

Nome Completo: Anna Claudia Zaleski Mori Ano de ingresso no curso de Relações Internacionais: 01/2007 Ano de conclusão do curso de Relações Internacionais: 12/2010 - diploma entregue em 2012 quando apresentou a monografia. Ocupação atual: Parcerias e desenvolvimento de projetos na ONU Blog Internacionalize-se: Conte-nos um pouco de sua trajetória profissional até chegar à Organização das Nações Unidas. Anna Mori: Em 2010 eu fazia uma estagio na Renault do Brasil S/A quando a oportunidade de aplicar para um trainee numa multinacional chinesa surgiu. A empresa, chamada MINTH, é uma fornecedora de peças da Renault, Porsche, BMW e outras marcas. Em fevereiro de 2011, minhas malas estavam prontas para descobrir a cultura milenar chinesa e sua industria pulsante na cidade de Ningbo, a duas horas de trem de Shanghai. Foram oito meses de trainee e ao final do programa recebi uma oferta de emprego. Apesar da experiência inesquecível resolvi embarcar em outra aventura e fazer um mestrado na França (Université de Lyon III e Université de Grenoble). Durante o segundo ano do mestrado (2014) comecei um estagio no International Trade Centre, agência conjunta da ONU e OMC. Após alguns meses virei consultora internacional (2015) na ONU e ano passado fui contratada como staff (2016). Trabalho para um programa que visa o empoderamento econômico feminino. Blog Internacionalize-se: Quais são as atividades que você realiza ou já realizou na ONU? Anna Mori: Eu sou responsável pelo desenvolvimento de parcerias, especialmente com o setor privado, para o programa Women and Trade. Minhas tarefas incluem a promoção de nossas atividades, mapeamento de instituições relevantes para a implementação dos projetos do programa e posteriormente a execução de planos de trabalho de cooperação entre o programa e a instituição parceira em questão. Também faço parte do time estratégico da iniciativa SheTrades (www.shetrades.com) que visa conectar um milhão de mulheres empreendedoras ao comercio internacional até 2020. Blog Internacionalize-se: Como é o seu dia a dia na ONU? Anna Mori: Desafiador. Eu trabalho para uma agencia técnica da ONU, o que significa lidar com implementação de projetos em diferentes países em desenvolvimento. Diferentes países, diferentes culturas, diferentes prioridades. A maior parte do tempo é passado entre reuniões e e-mails, mas viagens também são frequentes. Um fato curioso: somos em 8 pessoas na nossa equipe Women and Trade e representamos 8 países: Brasil, Paquistão, Inglaterra, Uganda, Colômbia, França, Ilhas Mauricio e Rússia.  Blog Internacionalize-se: Qual foi a experiência mais desafiadora que já teve em sua profissão? Anna Mori: Representar pela primeira vez a agência onde trabalho em uma conferencia global em Bangkok. Blog Internacionalize-se: Trabalhar na ONU sempre foi o seu objetivo ao ingressar no Curso de Relações Internacionais? Conte-nos sobre como foi o processo de seleção e o que considera ter sido decisivo para ter sido selecionada? Anna Mori: Meu objetivo sempre foi trabalhar na ONU. Passei por entrevistas para conseguir a vaga de estagio e quando fui efetivada (em francês e em inglês). A ONU possui um processo bem transparente de recrutamento e toda vaga de emprego é anunciada no site UNJobs. Acredito que experiência de trabalho internacional, idiomas e um currículo enxuto porém atraente auxiliam na hora da decisão. Adaptar a linguagem do Currículo para a vaga de interesse também pode ajudar. Blog Internacionalize-se: O que mais lhe marcou no período da faculdade?   Anna Mori: A lembrança é ligada à sensação de sempre conciliar estágios com o curso, trabalho de malabarista! Além disso, os perfis tão diferentes de cada professor sempre me intrigavam. Sair de uma aula lecionada pelo Carlos Magno e entrar em uma com o professor Isaac era como viajar de Budapeste a Nova Iorque em poucos minutos! Também sinto falta dos salgados da cantina! Blog Internacionalize-se: Quais as habilidades e aptidões desenvolvidas no curso de Relações Internacionais que mais a ajudam em seu trabalho atual? Anna Mori: O senso critico. Como diz Malcolm X: “If you're not careful, the newspapers will have you hating the people who are being oppressed, and loving the people who are doing the oppressing.” No sistema internacional as informações chegam de direções diferentes, saber filtrar e manter neutralidade requer muito jogo de cintura. Por exemplo, a mudança no posicionamento político-econômico do Reino Unido (com o Brexit) pode impactar vários projetos da ONU, não só em termos de financiamento mas também de diretrizes. Entender as diferentes peças do jogo em um enredo global é essencial. O curso de Relações Internacionais me deu a base para isto. Blog Internacionalize-se: Qual conselho deixaria para os nossos alunos que pretendem trabalhar na ONU também? Anna Mori: Aproveitem o tempo em sala de aula para exercitar o poder de argumentação. Participem de discussões mesmo quando não dominarem  completamente o assunto em questão. Aprendam inglês e se possível francês e espanhol. Busquem experiências internacionais, façam intercâmbios e se a grana estiver curta procurem opções do tipo "work and travel". Apliquem para estágios em outros países, considerando além de países europeus e da América do Norte, países vizinhos como Argentina, Chile, etc. Vale a pena lembrar que mestrado ou MBA é pré-requisito para vagas de consultor ou staff na ONU.