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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

A nova doutrina militar da Rússia: mais do mesmo?



Bruno Quadros e Quadros


A recente Cúpula da OTAN, realizada em Lisboa, discutiu temas importantes para o futuro da Aliança Atlântica, como a criação de um sistema de defesa antimísseis e o cronograma das operações no Afeganistão. O sucesso da OTAN no gerenciamento desses pontos depende de sua relação com a Rússia, o que ficou evidente pela participação do presidente russo Dmitry Medvedev nos debates. Aqui cabe a pergunta: como Moscou se percebe no atual cenário estratégico-militar internacional?

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Luciano Severo: Integração de infraestrutura na América do Sul

Mesmo que a atual diminuição do poder dos Estados Unidos no cenário internacional não signifique necessariamente uma perda da hegemonia no curto prazo, é visível o cenário de transformação dentro do sistema interestatal capitalista.

Por Luciano Wexell Severo*

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Sudão do Sul: um referendo incapaz de encerrar o conflito interno


        Foto: arte/iG



por Gisele Passaura

A raiz do conflito sudanês está em sua localização entre a África árabe e África africana; África muçulmana e África cristã; África anglo-fônica e África franco-fônica.  A situação foi acentuada pela colonização e aprofundada por um governo corrupto que priorizava os interesses da parcela norte islâmica. Ainda no império turco-egípcio a população do sul servia de mão de obra escrava para a parcela do norte. Essa segregação continuou no período anglo-egípcio quando, então, era promovida pelos britânicos para barrar o crescimento do nacionalismo árabe.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Política e futebol no Egito: um capítulo sangrento


"As bandeiras de Al-Ahly e Zamalek respectivamente, os maiores times egípcios e rivais no futebol, juntas mostrando a união nesse período de contestação ao poder do governo de transição".

por Ian Rafael Flores

O último 25 de janeiro marcou o “aniversário” da revolução no Egito que derrubou o ditador Hosni Mubarak, que permaneceu 30 anos no poder. No entanto a data não significou celebração e movimentações pacíficas no Egito e muito menos na Praça Tahrir, de significado geográfico ímpar para os manifestantes. Isso por que o Conselho Supremo das Forças Armadas, que tomou posse após a queda de Mubarak e é liderado por Mohamed Hussein Tantawi, pouco realizou em relação às medidas democráticas e liberalizantes que a população egípcia clamava (e clama) desde janeiro do ano passado. Dos 27 governadores regionais, 15 foram trocados não por voto popular, mas por indicação; milhares de egípcios foram a julgamento militar fechado; cristãos coptas estão sofrendo perseguição por conta de sua religião; as condições de vida da população pouco mudaram e o Estado de Emergência da Era Mubarak só teve fim no dia 24 de janeiro, muito por conta dos diversos protestos na capital Cairo e pelo interior do país.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Haitianos sonham com o Brasil

                               Imagem: O Globo

A presença brasileira no Haiti e o bom momento econômico do país estimulam o fluxo migratório de haitianos para o país



O Brasil deu início, lá em 2004, a uma relação estreita com o Haiti por meio do exercício de liderança da MINUSTAH – Missão das Nações Unidas para Estabilização do Haiti. A resolução 1542 do Conselho de Segurança da ONU criou a MINUSTAH para restabelecer a ordem após um período de insurgência e deposição do presidente Jean-Bertrand Aristide. Sete anos depois, o país enfrenta uma onda migratória de cidadãos haitianos que chegam ao país pelos estados do Acre e do Amazonas.

Segundo dados do Governo Federal, 4000 haitianos vivem hoje nos estados do Acre e do Amazonas. Desse total, 1600 já tiveram sua situação regularizada. Dado esse crescente fluxo migratório, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, declarou que os haitianos terão de pedir vistos de entrada no Brasil na embaixada brasileira em Porto Príncipe. A emissão desses vistos estarão limitados a 1200 por ano. Para receber os mesmos, os haitianos terão de provar que não têm nenhuma pendência com a justiça haitiana e internacional. 

Leonardo Miguel Alles, mestre em Relações Internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, explica que “em momentos de crise os haitianos sempre migraram para os Estados Unidos e o Canadá”. No entanto, levando em consideração a lenta reconstrução do país após o terremoto de 2010 e o bom desempenho da economia brasileira no contexto da crise econômica mundial. “O Brasil surge como um bom destino para imigração”, diz o especialista.

Adicionalmente, George Wilson dos Santos Sturaro, professor de Relações Internacionais do UNICURITIBA, ressalta que a recente decisão brasileira de conceder 1200 “vistos humanitários” também pesa na decisão de imigrar de um haitiano. Vale lembrar que o visto concedido a um haitiano o autoriza a trazer consigo seus familiares facilitando a entrada de haitianos e, ao mesmo tempo, combatendo a ação de quadrilhas de traficantes de seres humanos – os coiotes.

Desafio

A atual situação dos haitianos tornou-se um desafio. Apesar da ação conjunta dos ministérios da Justiça, do Trabalho e das Relações Exteriores em encontrar soluções para receber os haitianos e inserí-los no mercado de trabalho, os atuais estados receptores, Acre e Amazonas, já sofrem com a debilidade estatal em lidar com as políticas públicas direcionadas à população nativa. Sturaro diz que “em alguns Estados, como o Amazonas, a imigração exerce pressão adicional sobre os já exauridos cofres públicos”.

Dentro de uma perspectiva securitária, Leonardo Alles lembra que “essa imigração está claramente identificada com o tráfico humano internacional, tendo em vista a não existência de linhas áreas e marítimas ligando o Haiti ao Brasil”. Ainda segundo Alles, a imigração se dá por meio de quadrilhas internacionais especializadas, "coiotes", que atuam nas fronteiras brasileiras em regiões parcamente monitoradas (Bolívia e Peru)

No entanto, Leandro Freitas Couto, professor de Relações Internacionais do Instituto de Ensino Superior de Brasília, destaca que “a cordialidade do brasileiro, sua diversidade cultural e o modo como convive com ela, e a idéia que tem do problema haitiano pode indicar que não transformaremos esse fluxo migratório em um problema”. Além do mais, salienta Leandro Couto, “o governo está atento a essa questão, e o fato de a migração haitiana para o Brasil ter constado da agenda do encontro presidencial da semana passada revela que o tema está sendo tratado com cuidado”.

Soft Power Brasileiro?

A questão haitiana pode ainda ser interpretada a partir de uma estratégia de soft power brasileiro. Soft Poweré um termo usado na política internacional para descrever a habilidade de um Estado de influenciar indiretamente o comportamento de outros Estados ou Instituições políticas por meios culturais ou ideológicos. Nesse sentido, a postura do Brasil frente a essa questão humanitária poderia gerar, por exemplo, apoio internacional à demanda brasileira por um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU em uma eventual reforma da instituição.

Leandro Couto pondera que em um cenário de crise internacional em que a xenofobia se consolida nos países desenvolvidos, “o Brasil projeta uma imagem diferente na comunidade internacional”. Segundo Couto, a postura do Brasil frente à questão haitiana demonstra que o país, “além de seu discurso de democratização do sistema internacional e respeito à diversidade, de "inserção solidária", respalda-se por ações concretas que dão solidez ao discurso.

Para George Sturaro, “o Brasil já gerou "capital político" com a questão dos imigrantes haitianos”. Sturaro ressalta o reconhecimento da ONU e de renomadas ONGs internacionais pela iniciativa brasileira de acolher os haitianos em território nacional. No entanto, o professor argumenta que “se o país não melhorar as condições de vida dos haitianos que aqui chegam, sobretudo se não lhes assegurar os direitos básicos, pode vir a perder o prestígio adquirido”.

Dessa forma, o governo federal se vê na difícil tarefa de conciliar objetivos de política externa e desafios domésticos de implementação de políticas públicas em estados que já sofrem com a ausência e/ou ineficiência do poder estatal. Leonardo Alles argumenta que a situação só poderá ser administrada dentro de uma estratégia de soft Power “se o governo e a sociedade integrarem os novos imigrantes de maneira digna ofertando-lhes emprego, moradia e benefícios sociais”.


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Oriente Médio divide potências



Artigo publicado na Gazeta do Povo em 05 de fevereiro de 2012 com participação especial de George Sturaro, professor do Curso de Relações Internacionais do Centro Universitário Curitiba.

Países do Oriente Médio envolvem interesses que vão de Pequim a Washington. Nas últimas semanas houve diversas notícias sobre sanções e resoluções contra a Síria e o Irã. Ao mesmo tempo, países que estiveram em foco no passado recente prosseguem com conflitos internos, mas sem tanta intervenção internacional. Alexsandro Pereira, coordenador do Núcleo de Pesquisa em Relações Internacionais da Universidade Federal do Paraná diz que a agenda da política externa dos EUA e dos países da União Europeia se baseia em “temas de interesses específicos nas relações entre eles e o resto do mundo e direitos humanos não ocupam lugar privilegiado”. Veja algumas das posturas de grandes potências e do Brasil.