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quinta-feira, 21 de abril de 2011

O outro lado da moeda: os efeitos da crise africana sobre a integração européia

Gabriela Prado

Em 2010, a UE enfrentou uma crise econômica que colocou a unidade do bloco à prova. Em 2011, um novo desafio – agora político – começa a se desenhar para o continente.


Fonte: Filippo Monteforte/Agence France-Presse — Getty Images.


   Enquanto o mundo acompanha as operações militares no norte da África e o desenrolar das crises políticas nesses países, na Europa a cobertura das notícias ganha um pano de fundo bastante pesado: o problema da imigração. Com mais de 23.000 imigrantes vindos do outro lado do Mediterrâneo batendo na porta italiana da Europa desde janeiro, a discussão sobre a integração do continente tem ganhado novas cores.
   A situação é a seguinte: a atual política de imigração da UE estabelece que a responsabilidade sobre os imigrantes é do país onde eles chegam – algo que a Itália e Malta já pediram para que fosse revisto, sem sucesso. O problema é que, com a atual crise na Tunísia e nos países próximos, o afluxo de imigrantes tem sido maior do que o governo italiano consegue administrar. Diante desta situação, a Itália sugeriu no início de abril que fossem dados papéis que para a permanência temporária desses imigrantes, o que lhes permitiria circular na UE por 3 meses. A medida foi rechaçada em reunião em Luxemburgo na segunda-feira, 11 de abril.
   Diante da negativa, o governo italiano está acusando os demais Membros da falta de cooperação e solidariedade com os problemas do continente e questionando a utilidade da União, afinal de contas. A França, por sua vez, avisou que vai tomar todas as medidas legais possíveis para impedir que os imigrantes que não estejam qualificados entrem em seus territórios, alegando que pode reforçar os controles na fronteira com a Itália com base em questões de segurança. O argumento francês é que a maior parte dos imigrantes, principalmente os tunisianos, deve provavelmente deixar a Itália e tentar se estabelecer na França. Outros países da UE criticaram a Itália por pedir ajuda sem levar a sério suas responsabilidades e por colocar em risco o “espírito do acordo Schengen1”.
   Com a discussão se tornando mais acalorada a cada dia e as críticas à UE se multiplicando, fica a discussão: qual será a saída para o impasse europeu da imigração? Os teóricos das crises afirmam que uma crise é uma oportunidade para o fortalecimento de uma organização. Depois da crise econômica de 2010 e com a estagnação rondando 2011, é melhor mesmo que a Europa use esta oportunidade para se fortalecer. Aos internacionalistas imaginar como.

1 O Tratado de Schengen é um acordo assinado entre países da Comunidade Europeia com o intuito de assegurar a livre circulação de viajantes dentro dos 15 países signatários.

Gabriela Prado é Internacionalista formada pelo UniCuritiba. Atualmente faz mestrado em International Business Negotiation na instituição de ensino ESC Rennes School of Business, França.

Um comentário:

  1. Interressante que os europeus veêm isto como um perigo as nações deles e ao bloco da UE,mas os imigrantes destas nacionalidades tiveram seus territórios invadidos e "colonizados" por eles prórios no passado e que agora dão o troco em forma de deportação,culminando a ideia de que seja uma situação caótica a imigração desordenada,tudo bem que tem que ter um controle maior e não serem tratados com seres desumanos como foi postado no portal terra a seguinte manchete: Pelo sonho europeu, africanos viajam em contêineres de lixo
    21 de abril de 2011 • 11h29,segue em anexo o endereço da notícia do portal terra. http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI5086594-EI8142,00-Pelo+sonho+europeu+africanos+viajam+em+conteineres+de+lixo.html.
    muitos destes imigrantes,porque não dizer a maior parte deles,fogem de suas nações devido a fome,pestes,guerra civil e perseguição política,tudo bem que tem que existir uma solução mas que seja diplomática/econômica e não esta,que está acontecendo,mandar de volta os imigrantes para os países de origem como se fossem animais ou escravos,tanto desagravo a estes povos,por parte dos europeus que pelo que sabemos foram eles que dominaram estas terras férteis por mais de 500 anos(império romano do ocidente). a própria França sentiu a algum tempo atrás a reação dos imigranges argelinos em Paris,a enorme quantidade de carros incendiados e a anarquia nas ruas de Paris durante semanas,que de certa maneira deu muitas dores de cabeça ao chefe do estado francês. acredito que não seja a melhor forma para resolver conflitos imigratórios desta natureza e sim tem que existir um pacto entre as nações envolvidas,mas um pacto não somente de acordos e metas,mas uma ajuda digamos que financeira e também a possibilidade de implantação de empresas estatais e ou privadas nestes países subdesenvolvidos por parte da UE,com intuíto de desenvolver tecnologias,exploração de minerais e lapidação dos mesmos,desenvolvimento de pesquisas,exportações de mecanismos para que ocorra mudanças nas economias destes países pobres e que possam dar para seus povos uma vida mais digna e humana e que por fim acabe ou diminua o excedente imigratório,eliminando de vez a perda do sono dos europeus.

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