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sexta-feira, 29 de abril de 2011
"De economia e futebol todo mundo entende um pouco!"
"De economia e futebol todo mundo entende um pouco!" Certamente alguns dos que estão lendo esse texto já ouviram essa frase: somos milhões de técnicos da seleção brasileira e milhões de Ministros da Fazenda. É só reparar em reuniões de amigos e happy hours sendo palco de acaloradas discussões sobre o melhor ou pior time, o erro ou o acerto do juiz; entretanto, hoje em dia, raramente o centro do debate é a recente alta da Selic, o sistema de metas de inflação, ou a variação do câmbio na última semana.
Apesar do meu gosto pelo futebol, proponho-me aqui a discutir um pouco sobre o gosto pela economia.
Muitas vezes em sala de aula (em minhas turmas de Relações Internacionais e Administração) surge a questão: quem aqui gosta de Economia? Pouquíssimos timidamente levantam a mão como se o interesse pela economia fosse motivo de chacota pelos outros. Foi-se o tempo que a economia incitava paixões, debates, e até mesmo as camadas mais baixas se interessavam e, ao menos tentavam se manter informadas.
O que terá havido com a Economia? Teria ela se tornado tão incompreensível a ponto de gerar desinteresse por parte das novas gerações? Ou o contrário: vivemos hoje em um marasmo de notícias que se repetem, diferente da agitação dos anos 80 e 90, em que o governo era obrigado a adotar medidas quase que diariamente para conter a inflação, o câmbio, enfim, para manter a estabilidade? Ou a culpa não é da economia em si, mas do bombardeio diário de informações a que somos sujeitos, levando-nos quase a uma preguiça mental, a um desejo por "coisas fáceis de serem digeridas" (e certamente esse não é o caso da economia)?
Honestamente não sei o que leva a esse desinteresse, mas certamente ele traz o desconhecimento de uma das áreas mais importantes para qualquer cidadão comum e o resultado é óbvio. Tornamo-nos (nós, brasileiros) acomodados e anestesiados; uma massa de fácil manobra. Seria uma nova versão da antiga “política de pão e circo”?
Não precisamos de milhões Ministros da Fazenda, mas de maior interesse, conhecimento, participação, vigilância, senso crítico. Isso já bastaria.
Se “meia página depois” ainda ficam dúvidas, segue uma lista de alguns bons motivos para se tentar saborear um pouco mais da economia, sem qualquer tipo de indigestão:
- a carga tributária brasileira, que pode não ser uma das mais altas do mundo, mas certamente é a que menos traz contrapartida em benefícios públicos;
- a falta de investimentos em educação que traz inúmeras conseqüências conforme já discutimos em outro artigo;
- a falta de incentivo a pesquisa e desenvolvimento;
- reformas ESTRUTURAIS da previdência, tributária, política (maiúsculo proposital para que não se pense que a criação de um novo imposto possa de fato ser considerada uma reforma estrutural);
- a falta de investimentos em infra-estrutura (que são mais visíveis em peças de marketing do que na vida real das pessoas e na competitividade do país).
É óbvio que o assunto não se esgota. Mas esses cinco pontos já nos levam a refletir sobre suas razões e principalmente suas conseqüências sobre a vida de cidadãos comuns, que não são poucas. Faz parte do viés do economista pensar na economia se sobrepondo a outras áreas. Mas certamente outras considerações semelhantes poderiam ser feitas sobre nosso desinteresse em política, história...
Parodiei nosso ex-presidente usando uma metáfora futebolística... Lembrando dele: que tal uma reflexão sobre esse cinco pontos nos últimos oito anos?
Patricia Tendolini é professora de economia do UNICURITIBA
Realmente isto não deixa de ser um fato real de que todos nós entendemos um pouco dos dois temas citados no artigo,mas muitas vezes ficamos sem entender o porque do pênalti que o juiz não deu,ou que apitou erroneamente em um lance duvidoso,enquanto que na economia também ficamos na dúvida quando o governo estabelece uma meta e não cumpre,quando a inflação sobe e o mesmo tem que intervir nos juros com a alta dos mesmos,ou seja,que tanta dependência tem os juros da inflação,não poderia sem menos dependente sem ter que freiar o consumo da economia doméstica? são questões que muitas vezes não entendemos ou que sabemos o intuíto da medida aplicada,mas não nos conformamos com com esta aplicação. bem interessante a parte do artigo que fala da década de 80 com a inflação nas alturas,remarcações de preços quase que diariamente e a participação maior da sociedade civil nos debates sobre a situação enconômica,que naquela época não era a das melhores,quem viveu aquele tempo conviveu com uma economia sem perspectiva de crescimento,juros altíssimos,estagnação,inflação a beira dos 89%/mês etc. hoje em dia falta este interesse por parte das massas com relação a um assunto de tanta importância que é a economia do nosso país,mas não somente a economia e demais outros assuntos de interesse nacional,que a sociedade não se mobiliza,existe um comodismo muito grande por parte da sociedade brasileira,mas será que este efeito atual,do comodismo brasileiro no que diz respeito as discurssões sobre a economia,foi devido a ascensão da "esquerda no poder"?,sabe-se que a sociedade civil deu uma esfriada legal com a chegada do PT ao poder,resta saber até onde vamos suportar as políticas de improvisos sobre os efeitos atuais econômicos,que ao meu ver dar sinais de patinação e isto preoculpa-nos a curto prazo.
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